'Só queria ficar quieto um pouquinho, acalmar. Eles não entendiam que eu queria acalmar meu coração, acalmar meu cérebro', diz a criança -  (crédito: Acervo pessoal)

'Só queria ficar quieto um pouquinho, acalmar. Eles não entendiam que eu queria acalmar meu coração, acalmar meu cérebro', diz a criança

crédito: Acervo pessoal

Uma mulher denunciou que o filho autista, de 6 anos, teria sido agredido no local onde estuda, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Timbiras, na Região Centro-Sul de BH. Ela foi alertada pela mãe de outra criança que teria presenciado a cena, além de ter notado "roxos" pelo corpo do menino, que confirmou o ocorrido.

 


A mulher conta que a agressão aconteceu na quarta-feira passada (10/9). Na ocasião, pediu à prima para pegar a criança na escola, mas, na hora da saída, o menino estava chorando e insistindo para que a mãe o buscasse. 


Além de estranhar a resistência do filho, acostumado a ser buscado por membros da família, ela recebeu uma ligação da mãe de outro aluno da Emei, que teria presenciado a cena de agressão.

 

Ao ser alertada, a mãe da vítima pediu a ele que contasse o que aconteceu, mas enfrentou uma resistência por parte do filho, abalado.

 


“Como muita persistência, ele me contou e foi tirando a blusa de frio e a calça [mostrando os roxos]. A cantina estava barulhenta, ele queria comer com calma, e o tempo [do lanche] havia passado. Pediu para ficar sozinho para se acalmar e contar até dez”, relata a mãe, que afirma que é de ciência da escola que o filho tem autismo.


Em seguida, após uma certa resistência, teriam dado biscoito a ele, porém a crise nervosa persistiu e, por isso, o garoto pediu para ficar sentado na escada para se acalmar. “[Ele] grudou no corrimão, viraram o braço dele e o saíram puxando”, conta a mãe. Três funcionárias da instituição estariam envolvidas na atitude agressiva. 


“Só queria ficar quieto um pouquinho, acalmar. Eles não entendiam que eu queria acalmar meu coração, acalmar meu cérebro”, diz a criança em vídeo registrado pela responsável. 

 


A mãe que teria presenciado a cena contou ainda que outros funcionários também viram o acontecido, mas disseram ser “algo normal porque a criança é autista”. 


A responsável pela criança autista diz que havia notado hematomas no corpo dele em outras ocasiões, mas achou que eram fruto de brincadeiras na escola, onde o menino estuda há três anos, até porque o filho nunca tinha relatado agressões.


A mulher conta que a criança estava resistente em falar o que aconteceu porque funcionários da escola disseram a ele que contar para mãe seria errado, que ele que tinha feito algo feio. 


A responsável registrou denúncias no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), na Prefeitura de Belo Horizonte e na Regional Centro-Sul. Além disso, fez exame corporal no Instituto Médico Legal (IML). 

 


“A escola era para amparar”, diz a mãe, que espera que as medidas adequadas de responsabilização sejam tomadas. 


Secretaria de Educação


Por sua vez, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) informou que “o aluno, diagnosticado com o transtorno do espectro autista (TEA), teve uma crise durante a aula e foi atendido por auxiliares de apoio”. 

 

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A pasta do Executivo municipal também afirmou que abriu um procedimento para averiguar as denúncias apresentadas pelos familiares e marcou uma reunião com a mãe nesta semana. 


De acordo com a SMED, a Emei Timbiras é “uma das escolas da rede municipal de Belo Horizonte que mais recebem crianças com deficiência”. A unidade de ensino tem atualmente 31 alunos com diagnóstico de transtorno do aspecto autista (TEA) e 18 auxiliares de apoio.


Leia nota na íntegra:

 

"A Secretaria Municipal de Educação informa que o aluno, diagnosticado com o transtorno do aspecto autista (TEA), teve uma crise durante a aula e foi atendido por auxiliares de apoio.  


A SMED esclarece ainda que abriu um procedimento  para averiguar as denúncias apresentadas pelos familiares. A direção da unidade tentou agendar uma reunião com os familiares, mas  a mãe do aluno não tinha disponibilidade de horário. Uma reunião foi marcada para esta semana.

 

A EMEI Timbiras possui 14 anos de funcionamento, proporcionando a muitas crianças e famílias um trabalho de excelência, sendo uma das escolas da rede municipal de Belo Horizonte que mais recebem crianças com deficiência.


A unidade de ensino se destaca pelo trabalho com a inclusão, demonstrando um compromisso profundo com a educação de qualidade para todos os alunos.

 

As práticas implementadas são eficazes e bem planejadas dentro de todos os eixos norteados da Educação Infantil.


A Emei Timbiras tem atualmente 31 alunos com diagnóstico de transtorno do aspecto autista (TEA) e 18 auxiliares de apoio."

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata