Minas Gerais enfrenta um cenário crítico de seca e escassez hídrica, mas alternativa pode ser aguardar chuvas naturais e prevenção de incêndios
 -  (crédito: Leandro Couri/E.M./D.A. Press)

Minas Gerais enfrenta um cenário crítico de seca e escassez hídrica, mas alternativa pode ser aguardar chuvas naturais e prevenção de incêndios

crédito: Leandro Couri/E.M./D.A. Press

Minas, assim como outros estados brasileiros, está enfrentando a pior seca dos últimos anos. Diante desse cenário, a discussão sobre alternativas para lidar com a estiagem aumenta. Entre elas, está a produção de chuva artificial ou “semeadura de chuva”. 

 

A técnica consiste na dispersão de produtos, como o iodeto de prata, acima das nuvens. O composto químico provoca o aumento da densidade e, consequentemente, do peso, dos núcleos de condensação, levando à precipitação. 

 

A semeadura de chuvas foi sugerida durante a audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na última quarta-feira (11/9) para debater os impactos dos incêndios rurais no agronegócio no estado.

 

A alternativa foi apresentada pelo búlgaro Hristo Krusharski, gerente da empresa Stroyproject Weather Modification, que lida com produtos para “mudança do tempo e combate de mudanças climáticas negativas”.


MG: incêndios aumentam 50% desde janeiro e batem recorde dos últimos 5 anos

 

Apesar de não apresentar nenhuma comprovação ou explicar como se dá a produção, Krusharski afirmou que as chuvas artificiais podem aumentar em até 15% as precipitações do ano. Ele também alega que a semeadura de chuvas já foi utilizada em outros países e, atualmente, está sendo estudada pela França.

 

Embora tenha sido apresentada, ainda que de forma superficial, a semeadura de chuvas não é bem avaliada como alternativa para combate às queimadas por Flávio Pimenta, professor do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 


O especialista em recursos hídricos diz que a chuva artificial é um investimento caro e incerto, pois é difícil saber se uma nuvem, que é suscetível aos ventos, vai de fato chover em cima do incêndio alvo. 

 

“Elas podem ser úteis para apagar os incêndios, mas podem causar uma consequência ainda maior. Isso porque o brometo [outro produto utilizado] pode prejudicar o solo”, adiciona o professor. Pimenta reforça que seria meio contraditório apagar o fogo comprometendo a terra com o uso dos sais dispersos.

 

Além disso, o docente aponta que, em lugares que utilizam a semeadura de chuvas, não é possível comprovar se uma precipitação é decorrente da dispersão dos produtos ou se é um fenômeno natural.

 

 

 

Como não é possível adiantar a chuva, Flávio Pimenta afirma que o melhor a se fazer é esperar as chuvas naturais, que devem voltar ao estado em outubro, e investir na consciência ambiental da população.

 

Seca 

O Brasil enfrenta uma das piores secas da história. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), mais da metade do país enfrenta o pior período de estiagem dos últimos 44 anos, incluindo Minas Gerais. 

 

A capital mineira completou 150 dias sem chuva nessa segunda-feira (16/9). “Desde 1963 não temos nenhum outono, inverno e início de primavera tão seco como este ano”, diz o meteorologista do Climatempo Ruibran dos Reis. Naquele ano, a capital mineira atingiu o recorde de 198 dias consecutivos sem chuvas. 

 

Em Minas, principalmente nas regiões centrais e ao norte do estado, uma forte massa de ar seco e quente continental vem inibindo a chegada de frentes frias, impedindo a formação de chuvas e favorecendo a permanência de baixos índices de umidade relativa do ar.

 

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Com a ausência de chuvas, as ocorrências de incêndios atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) aumentaram. Segundo a corporação, de janeiro a agosto, as ocorrências tiveram um aumento de 50% em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando aproximadamente 14 mil registros, um recorde dos últimos cinco anos.


*Estagiárias sob supervisão dos subeditores Jociane Morais e Gabriel Felice