Músicos tocam samba em frente ao Bolota's Bar, no Santa Tereza, para protestar contra sua interdição pela PBH -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Músicos tocam samba em frente ao Bolota's Bar, no Santa Tereza, para protestar contra sua interdição pela PBH

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Moradores do Santa Tereza e clientes do Bolota's Bar, na Região Leste da capital mineira, realizaram uma manifestação nesta terça-feira (17/9). Intitulado "Samba da Liberdade", o protesto foi em defesa da cultura e da liberdade, uma vez que o bar foi interditado na noite do sábado (7/9).

 

 

Os donos do estabelecimento alegaram que o fechamento é fruto de “perseguição política” por parte de um fiscal da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Nas redes sociais, o grupo afirma que a decisão foi uma “perseguição política", uma vez que foi tomada  depois que, na última terça-feira (3/9), o candidato a vice-prefeito da capital Álvaro Damião (União Brasil) esteve em uma roda de samba e publicou em suas redes sociais. Damião faz parte da chapa à reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD).

 

No entanto, de acordo com a administração pública, durante fiscalização no local foi constatada poluição sonora acima dos limites de ruídos previstos na legislação municipal vigente. Ainda segundo o Executivo, não foi a primeira vez que o local foi multado pelo mesmo problema. As sanções foram aplicadas em 25 de junho, 10 e 15 de agosto deste ano. Mesmo assim, conforme a nota da PBH, os empreendedores não tomaram medidas para diminuir os impactos dos eventos realizados no bar. 

 

 

 

Em Belo Horizonte, a legislação determina que sons não ultrapassem 70 decibéis (dB) no período diurno (7h01 às 19h), 60dB no vespertino (das 19h01 às 22h) e 50dB no noturno (das 22h01 às 23h59). Durante a madrugada (0h e 7h), o máximo é de 45dB. Às sextas, aos sábados e nas vésperas de feriados, são admitidos 60dB até as 23h. 

 

Há dez dias sem a tradicional roda de samba, que acontecia às terças e domingos, clientes e moradores se revoltaram com a interdição do bar, que faz parte da área boêmia da cidade. Por isso, os empresários resolveram promover o Samba da Liberdade. Em frente às portas fechadas da casa, diversos frequentadores e moradores se juntaram em volta de um grupo, que tocava tambores e pandeiros, enquanto entoavam clássicos de pagode e samba.

 

Carolina Mendes já frequenta o bar há dois anos e conta que haviam mesas nas calçadas do lado de fora e de repente a prefeitura retirou as do Bolota's, e manteve as dos outros bares ao redor. "O lugar é muito gostoso, é um ambiente familiar. Nunca houve confusão. A área é boêmia", declara.

 

Da mesma forma, Cibele Gontijo, amante das rodas de samba da capital, afirma que o fechamento foi injusto. "Acho uma maldade. O Bolota's recebe todos, o bar é bem-conceituado, a comida é maravilhosa e a cervejinha é gelada. O samba é sempre de primeira qualidade. É triste ver um projeto desse ser cerceado", lamenta.

 

 

Segundo Carolina, a roda sempre acaba às 21h30, em conformidade com a publicação, feita em 20 de fevereiro deste ano, pela Secretaria Municipal de Política Urbana, que diz respeito a ampliação do horário de permanência de mesas e cadeiras dos bares de BH nas calçadas da capital. Desde então, os equipamentos podem permanecer nos passeios até 1h, e não mais até as 23h. "O Clube da Esquina começou aqui no Santa Tereza. É um point de BH", destaca Carolina.

 

Gustavo Goulart é empresário de outro bar em BH, e foi ao Bolota's prestar apoio. "É a capital dos bares. Fechar um bar como o Bolota's em plena Praça Duque de Caxias, o lugar mais boêmio da cidade? A cidade é para quem? Porque parece que não é para a população", diz indignado.

 

Muitos participantes relataram que foram ao bar pois souberam do "Samba da Liberdade", mas não sabiam do fechamento. Outros estavam passando por perto e se juntaram ao movimento, sem saber do que se tratava, mas, quase por unanimidade, todos que apareceram na famosa Rua Mármore, conheciam o proceder do estabelecimento, e se surpreenderam ao saber da interdição.

 

Em nota, a Prefeitura de BH informou que o Santa Tereza registrou até 31 de julho, 173 reclamações por poluição sonora. "A Subsecretaria de Fiscalização sempre trabalhou com a intenção de contribuir para a redução do desconforto acústico da cidade, portanto, utiliza como indicador a diminuição da reclamação da população. Acreditando que através de atuação planejada, fiscalização constante, atendimento de demandas originárias do Disque Sossego e conscientização da população em geral, frequentadores e proprietários de estabelecimentos que possam causar o incômodo, pode alcançar bons resultados para toda a cidade", informou.

 

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