Suspeito foi preso na última quinta-feira (26/9), mas caso foi revelado pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (30/9) -  (crédito: TV Alterosa)

Suspeito foi preso na última quinta-feira (26/9), mas caso foi revelado pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (30/9)

crédito: TV Alterosa

Um homem de 33 anos foi preso na última quinta-feira (26/9) suspeito de ter agredido e assassinado a namorada, de 43, asfixiada com um travesseiro. O crime foi cometido em janeiro na casa onde o casal morava, no Bairro Céu Azul, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

 

De acordo com a investigação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), revelada para a imprensa nesta segunda-feira (30/9), o suspeito agredia a companheira frequentemente e a estimulava a usar drogas. O ambiente tóxico que o casal vivia fez as filhas da vítima se afastarem do convívio com a mãe.

 

A delegada Iara França, do Núcleo de Combate ao Feminicídio do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explica que o casal estava junto há um ano quando o crime foi cometido. A vítima escondia dos familiares as agressões rotineiras praticadas pelo namorado. “Ela aparecia para trabalhar com lesões, com hematomas, mas sempre forjava alguma desculpa. Falava que não era o namorado”, conta a delegada responsável pelo caso.

 

O assassinato da mulher foi cometido em um domingo, após uma discussão do casal, iniciada no começo da tarde em um bar e que se seguiu na casa onde moravam. Segundo a delegada Iara França, vizinhos ouviram o suspeito dizer “eu sou homem”, evidenciando o tom agressivo adotado na discussão. “Sabemos que ele teve um ímpeto de dizer gritar com ela, se impor como homem”, explica a delegada.

 

 

O casal morava em um lote com familiares da vítima. No dia do assassinato, as casas estavam vazias, pois os outros moradores haviam viajado. O corpo da mulher só foi encontrado dois dias depois, em avançado estado de putrefação, por um dos familiares que tinha chegado da viagem.

 

O namorado da vítima a agrediu no rosto, próximo à região dos olhos, o que, segundo a delegada, é típico dos casos de feminicídio, e, em seguida, usou um travesseiro para asfixiá-la. “Esse travesseiro foi encontrado ao lado dela. Havia, inclusive, moscas impregnadas nesse travesseiro, devido ao avançado estado de decomposição”, conta.

 

 

Inicialmente, o namorado da vítima foi ouvido como testemunha pela Polícia Civil e negou ter cometido o crime. Em sua defesa, disse que discutiu com a companheira no bar, mas que a deixou em casa e foi embora. “Posteriormente, confrontamos todas as informações e vimos que o depoimento dele era totalmente falho, contraditório. Em razão disso, foi pedida a prisão preventiva dele e cumprida”, relata a delegada Iara França.

 

Violência doméstica

 

Durante o período em que se relacionou com a vítima, o suspeito esteve desempregado e era sustentado financeiramente pela namorada. A mulher, inclusive, bancava o vício do companheiro em drogas e, segundo a investigação, passou a ser uma “usuária mais contumaz” em razão do convívio com o homem. A delegada responsável pelo caso explica que o relacionamento tóxico do casal refletia na relação com os seis filhos da vítima, com parte deles se afastando do convívio com a mãe.

 

 

“As filhas achavam que ele era uma pessoa muito estranha, que tinha um olhar diferente. Citavam ele como se fosse uma pessoa psicopata. Ele não interagia muito com a família”, disse a delegada, que também defende que era mais fácil para o suspeito manipular a namorada quando a mesma estava sob efeito de drogas.

 

Outro aspecto que favoreceu a submissão da vítima era de que, segundo disse a delegada, ela não se via como digna de um relacionamento, até que apareceu um homem dez anos mais novo e que aceitou seus filhos. “Ela foi caindo nessa armadilha. A gente deve ficar atento a esse tipo de sinal. Ter amor próprio suficiente para não cair em qualquer relacionamento que inicialmente traga um amor, mas que vem mascarado com outras intenções”, alerta Iara França.

 

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Além desse alerta, a delegada reforça a importância de denunciar casos de violência doméstica.
“O crime de feminicídio é cometido entre quatro paredes, geralmente não existem testemunhas, e a gente explora sempre todos esses vieses. Essa mulher, infelizmente, não havia registrado ocorrência sobre essas agressões que ela já havia sofrido”, ressalta.

 

Denúncias de ameaça, de vias de fato e lesão corporal e de descumprimento de medida protetiva, podem ser feitas diretamente nas delegacias da Polícia Civil, pelos telefones 180 ou 181 e também pela internet, no site da Delegacia Virtual.