Moradores do Ville de Montagne, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não dormiram nessa madrugada. Isso porque a mata do condomínio foi atingida por um incêndio de grandes proporções na noite de domingo (1/9). Com medo do fogo atingir as residências, alguns moradores não conseguiram dormir até que as chamas fossem debeladas.

 


De acordo com o empresário Fred Motta, que mora com a esposa e o filho adolescente no condomínio desde 2008, esta é a primeira vez que ocorre um incêndio de tamanha proporção no local. Com a seca e fortes ventos, o fogo se propagou rapidamente na mata e, por pouco, não causou um estrago maior. 

 




"Uma chama ia por um caminho bem rápido e pegou a copa de algumas árvores. Veio um fogo lateral e tomou uma grande proporção muito rápido. Era 1h e eu não consegui dormir. Acionei o pessoal do condomínio, que fez trilha a noite e subiu. Com a força do jato da mangueira, apagou o fogo que, com certeza, chegaria a minha residência", conta o morador, que tem asma crônica e precisou utilizar uma bombinha para lidar com a fumaça.


Fogo continua


Na manhã desta segunda-feira (2/9), a reportagem do Estado de Minas flagrou focos de incêndio em algumas localidades da mata, embora o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) tenha dito que o incêndio foi controlado nesta madrugada. De acordo com a corporação, foram utilizados cerca de 8 mil litros de água no combate aos focos e a ação foi finalizada por volta de 3h20. Ao todo, aproximadamente 16,5 hectares foram queimados.

 


Segundo os militares, as chamas atingiram a parte externa de um dos prédios, mas foram contidas rapidamente pelos moradores, que utilizaram a água da piscina no local, lançada com baldes. Não houve registro de feridos ou de pessoas quem tenham passado mal por inalação de fumaça. No entanto, moradores relataram dificuldade em dormir com a baixa umidade em conjunto da fumaça. É o caso de Neísa Diniz dos Reis, que vedou todas as portas de casa com panos para evitar que a fumaça se alastrasse para dentro da residência.


"É a primeira vez que ocorre um incêndio assim. Eu e meu marido percebemos as chamas por volta de 22h, quando a energia caiu. A partir de determinado horário, os brigadistas pediram para usar a água da piscina. Meu filho, que mora no bairro Luxemburgo, [em BH], passou a noite com a gente. A síndica e o tenente passaram em casa e disseram para colocar tudo em uma bolsa de emergência caso precisasse sair. Eu achei que não ia conseguir dormir, mas dormi bastante com ajuda de um umidificador", conta a aposentada, que mora no condomínio há 16 anos.


Orientações


Na noite passada, a síndica do Ville de Montagne e presidente da associação de moradores do local, Camila Diniz, passou orientações aos moradores. A recomendação era para que os moradores reunissem os itens básicos e necessários, como documentos e remédios, caso precisassem evacuar as casas. No entanto, a ação não foi necessária.


De acordo com a síndica, o fogo começou por volta de 22h próximo à portaria 2. Inicialmente, os moradores tentaram apagar o fogo, mas não conseguiram devido ao vento. A brigada Rota MG30 deu apoio, mas uma casa teve a caixa d'água, muro e pomar atingidos.

 

 

Animais são flagrados em meio a destruição da mata

Edésio Ferreira / E.M / D.A Press

 


Funcionários da fazenda, localizada ao lado do condomínio, e brigadistas atuam nesta manhã para o combate dessas chamas que permaneceram. A reportagem do Estado de Minas flagrou, ainda, animais que morreram queimados e outros que seguem lutando para se alimentar em meio a devastação do habitat natural.

 

Atuação dos bombeiros

 

A recomendação passada pelos bombeiros, nesse domingo, era para que as pessoas retirassem materiais inflamáveis que tivessem em casa, uma providência para reduzir a chance de explosões.

 

Em áudio encaminhado aos cidadãos, o tenente Aguiar afirmou que uma 'linha de fogo' poderia chegar próximo às casas. Além disso, se as pessoas percebessem que as chamas poderiam atingir seus imóveis, colocando em risco suas vidas, a orientação é para que todos saíssem imediatamente do local.

 

 

“A linha de fogo tem a possibilidade de chegar próximo às residências. Ela não oferece condições para os bombeiros atuarem no combate às chamas. O pessoal precisa ficar vigilante o tempo todo. Uma equipe dos bombeiros vai ficar no local. Se tiver risco de atingir as casas, as pessoas devem sair do local. Assim que observar o risco, o pessoal deve sair imediatamente”, disse em um áudio compartilhado para os moradores.

 

Outra orientação é para quem tem produtos inflamáveis no imóvel. “Se alguém tiver produtos inflamáveis estocados, fazer a retirada para um local seguro, não deixar. Caso as chamas atinjam a residência, é um agravante”, alertou.

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