Belo Horizonte enfrenta um período grave de estiagem. Há alguns dias, moradores e visitantes da capital mineira se deparam com um céu cinza, encoberto por uma névoa seca que tem prejudicado a saúde respiratória de algumas pessoas. A condição do céu, no entanto, é composta por vários fatores e é agravada pela falta de chuva.

 

 

De acordo com a meteorologista Anete Fernandes, o nevoeiro observado em diferentes localidades da cidade é composto por três componentes: poluição, fumaça das várias queimadas na Região Metropolitana de BH e a própria névoa seca, típica do inverno. A condição é agravada pela inversão térmica, também comum nessa estação.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

“A inversão térmica é uma característica do nosso inverno e o efeito ótico é esta camada concentrada, quando você olha na linha do horizonte e parece que toda a sujeira está entre a superfície e o primeiro quilômetro da atmosfera. A inversão térmica é restrita a um horário, normalmente entre o fim da tarde e o início da manhã e não é uma condição que persiste o dia todo”, explica a especialista.

 



  

A inversão térmica se trata da queda de temperatura na atmosfera. A cada 100 metros acima, a temperatura cai 0,6ºC, mas também forma uma onda de calor, que fica estacionada entre 500 e 600 metros do chão. De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, a condição funciona como um “tampão” e retém a poluição na superfície gerando a fumaça observada pelos belo-horizontinos.

 

“Isso que nós estamos vendo é fumaça gerada por queimadas aqui na Região Metropolitana, além de poeira e material particular. Não está ventando e essa inversão térmica está forte, portanto enquanto houver essa ausência de nebulosidade, ela tende a permanecer. Vai ser observada ainda nos próximos dias, mas em um ou outro dia ela vai desaparecer e voltar outra vez. Então, praticamente para os próximos 15 a 20 dias, ainda vamos ter muita poluição no céu de Belo Horizonte”, diz Ruibran.

 

 

Sem registro de chuva há 139 dias, a capital sofre com baixos índices de umidade relativa do ar, que estão em torno de 10% à tarde, nível de emergência, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que a previsão indica que não haverá chuvas até meados do mês de setembro.

 

“Não há perspectiva de mudança. A umidade relativa do ar continua abaixo dos 30% em todo o estado, exceto na sexta-feira (6/9), que a umidade aumenta no centro-leste mineiro. Perspectiva de chuva apenas para a segunda quinzena [do mês]. Por enquanto, nenhuma chance de chuva em nenhuma região do estado”, afirma Anete.

 

Previsão do tempo

 

De acordo com a Defesa Civil de BH, o dia será de céu claro com altas temperaturas à tarde nesta quarta. A temperatura mínima registrada foi de 18ºC e a máxima pode chegar a 35ºC, mais alta do que a dessa terça (3), a maior de 2024 (34,4ºC). Já a umidade relativa do ar fica em torno de 10%, em estado de alerta.

 

 

A capital amanheceu repleta de fumaça em diferentes localidades. O drone do Estado de Minas registrou o céu encoberto de fumaça e névoa seca nos bairros Centro, Funcionários, Santo Antônio, Belvedere, Mangabeiras na Região Centro-Sul, no bairro São Gabriel, na Região Nordeste, no bairro Caiçara, na Região Noroeste, e nos bairros São Francisco e Liberdade, na Região da Pampulha. Confira as imagens:

 

Jair Amaral/EM/DA Press - Vista do bairro São Gabriel, na Região Nordeste, nesta quarta-feira (4/9)
Jair Amaral/EM/DA Press - Vista do bairro São Gabriel, na Região Nordeste, nesta quarta-feira (4/9)
Edésio Ferreira / E.M / D.A Press - Belo Horizonte amanheceu coberta de fumaça nesta quarta-feira (4/9)
Edésio Ferreira/EM/DA Press - Vista do bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, nesta quarta-feira (4/9)
Edésio Ferreira/EM/DA Press - Vista do bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, nesta quarta-feira (4/9)
Edésio Ferreira/EM/DA Press - Vista do bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, nesta quarta-feira (4/9)
Edésio Ferreira/EM/DA Press - Vista do bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, nesta quarta-feira (4/9)
@estev4m - Vista do Belvedere, próximo a Fundação Torino, na Região Centro-Sul
@estev4m - Vista da Praça do Papa, no Mangabeiras, Região Centro-Sul de BH
@estev4m - Vista da Praça do Papa, no Mangabeiras, Região Centro-Sul de BH
@estev4m - Vista da Praça do Papa, no Mangabeiras, Região Centro-Sul de BH
@estev4m - Vista da Praça do Papa, no Mangabeiras, Região Centro-Sul de BH
@estev4m - Vista do bairro Caiçaras, na Região Noroeste de BH
@estev4m - Vista do bairro Caiçaras, na Região Noroeste de BH
@estev4m - Vista do bairro Caiçaras, na Região Noroeste de BH

 

Baixa qualidade do ar

 

De acordo com a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) especialista em poluição atmosférica, Taciana Albuquerque, a qualidade do ar em BH está muito ruim e coloca em risco a saúde da população. Um monitoramento feito pela empresa de tecnologia qualidade do ar, IQAir, mostra que os baixos índices de umidade relativa do ar tornaram o ar da capital mineira insalubre para a respiração.

 

A IQAir é uma empresa suíça especializada em proteção contra poluentes no ar, desenvolvendo produtos de monitoramento da qualidade do ar e limpeza do ar. Segundo o monitoramento suíço, a concentração de PM2,5 em Belo Horizonte é de 139µg/m3, nove vezes maior que o valor anual recomendado pela OMS, de 5µg/m3 a 15µg/m3 para PM2,5.

 

 

O termo PM2,5 é conhecido no mundo pelo controle da poluição do ar. PM significa material particulado e PM2,5 refere-se a partículas de poeira muito finas no ar que têm 2,5 mícrons ou menos de diâmetro e inclui partículas inaláveis suficientemente pequenas para penetrar na região torácica do sistema respiratório.

 

O PM2,5 pode ser encontrado sob a forma de carbono negro e compostos químicos. Esses materiais são resultado da queima de combustíveis fósseis e matéria orgânica. O carbono negro contribui para o aquecimento global e é resultado de queimadas em áreas de vegetação.

compartilhe