O o engenheiro, o encarregado de obra e o topógrafo foram indiciados no inquérito policial que investiga o  desabamento do talude da obra de construção do Supermercado Verdemar, no Bairro Belvedere, que matou quatro operários: Roberto Mauro Silva, de 57 anos, Zacarias Evangelista Fonseca, de 58 anos, Rafael Pereira Barbosa, de 34 anos e Juliana Angélica Menezes Veloso, de 30 anos. Um quinta vítima ficou gravemente ferido no desmoronamento que aconteceu  em 17 de outubro de 2023.

 

 

O inquérito é presidido pela delegada Bianca Prado, da 1ª Delegacia de Polícia Civil Sul de Belo Horizonte, que explica sobre os três os indiciados. “Tanto o laudo da perícia, quanto do Ministério do Trabalho indicam que houve negligência, por inobservância das normas técnicas em legislação, que foram editadas em 1995”.




 

Ela explica que houve erros, desde a escavação até a documentação. A posição das estacas não obedeceram normas técnicas e a verticalização do talude. “Está claro que que se tivessem sido observadas e respeitadas as normas de segurança, as mortes não teriam acontecido”, conclui.


Segundo a delegada, 40 infrações foram cometidas. Dentre os erros citados por ela estão o fato de que o talude era considerado de pouca inclinação e, portanto não representava risco, na opinião dos responsáveis pela obra. Além disso, a escora foi feita de maneira errada, máquinas pesadas circulavam próximas do terreno e do talude, o que gerou a instabilidade, e houve a falta de proteção adequada e cobertura pluvial. “A soma dos fatores gerou os infortúnios”, diz a delegada Bianca.


Os erros de cada um


Ainda de acordo com a  delegada Bianca Prado, o  engenheiro não observou as normas técnicas. O encarregado também não seguiu o procedimento correto e topógrafo não observou corretamente o terreno.


 

“Os depoimentos dos três indiciados foram idênticos. Todos negaram a possibilidade de erro, dizendo que não é previsível o infortúnio”, diz a delegada. Os três foram indiciados por homicídio culposo, sem intensão de matar, por inobservância das normas técnicas da profissão e lesão corporal do sobrevivente. 


Segundo a delegada, os três profissionais indiciados são experientes. “Todos têm mais de 50 anos. O engenheiro, por exemplo, tem trabalhos aqui em Belo Horizonte, em Minas Gerais e fora. Ele foi o engenheiro, por exemplo, da construção do prédio da Cemig, onde funciona a empresa. Ele tem 30 anos de profissão. Formou-se no início da década de 1970.”


O encarregado e o topografo, segundo a delegada Bianca, também têm mais de 30 anos de profissão. “Eles não fizeram isso de propósito, o que está claro pra mim”.


Já o sobrevivente passa por um momento difícil, enfrentando problemas psicológicos. Segundo a delegada, ele foi soterrado até a cintura e retirado por colegas de serviço. O homem assou por cirurgias para a recuperação de fraturas na perna e segue sem trabalhar, afastado pelo INSS. 


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