Dois trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados de uma carvoaria no município de Guimarânia, no Alto Paranaíba, em uma operação conjunta realizada do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 

O resgate ocorreu na última terça-feira (10/9), provocada por uma denúncia sobre as condições desumanas a que os trabalhadores estavam sendo submetidos.

 

 

De acordo com o MPT, os homens, oriundos de Montes Claros, no Norte de MG, enfrentavam jornadas exaustivas de até 14 horas diárias, começando às 5h30 da manhã e terminando às 18h, sem pausas adequadas.

 

Além disso, os trabalhadores afirmaram que passavam fome frequentemente, chegando a ficar dias comendo apenas arroz e feijão. A água disponível para consumo não era potável, e as moradias eram feitas de barracas de lona improvisadas, sem acesso a banheiros ou chuveiros.

 



 

"Eles não tinham acesso a alimentos suficientes e viviam expostos a animais peçonhentos, como escorpiões e cobras", relatou um dos auditores fiscais responsáveis pela operação, Gustavo Pereira.

 

Condições de servidão

 

 

Outro ponto alarmante foi a servidão por dívida, caracterizada pelos descontos irregulares que o empregador fazia sobre os salários, como a cobrança de despesas de transporte e alimentação dos trabalhadores. Segundo o MPT, as vítimas não tinham contratos formais de trabalho e estavam há mais de 30 dias sem receber pagamento.

 

Hermano Martins Domingues, procurador do Trabalho, destacou: "Eles estavam sendo mantidos contra a vontade por medo de não receberem o que lhes era devido."

 

Falta de segurança no trabalho

 

 

Além das condições precárias de alojamento, os trabalhadores também operavam maquinários pesados, como trator e motosserra, sem treinamento ou equipamento de proteção individual. A falta de segurança no ambiente de trabalho era mais um fator de risco ao qual os homens estavam expostos.

 

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Após o resgate, a força-tarefa notificou o dono da carvoaria para que fossem regularizados os pagamentos de salários, verbas rescisórias, e a formalização dos contratos de trabalho. As barracas de lona usadas como alojamentos foram interditadas, e o empregador foi obrigado a custear as passagens dos trabalhadores de volta para Montes Claros.

 

As investigações continuam para apurar todos os detalhes e responsabilizar os envolvidos na exploração dos trabalhadores.

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