"Se minha avó não pode ir no casamento, o casamento vai até ela". Essa foi a decisão de Cristiane Angélica Xavier de Souza, de 32 anos, que surpreendeu a avó ao visitá-la no hospital vestida de noiva, na quarta-feira (4/9).
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Porfiria Conceição Diniz, 79, está internada no CTI de um hospital no Bairro Concórdia, Região Nordeste de BH, há mais de quarenta dias com um quadro grave de septicemia - complicação potencialmente fatal de uma infecção - e hipertensão pulmonar. A paciente seria madrinha de Cristiane, a primeira neta a se casar na família. Por causa de seu estado de saúde, ela não pode comparecer ao casamento, que aconteceu posteriormente no sábado (7/9).
"Minha avó já se encontra no CTI há muitos dias, e nesse tempo houve vários altos e baixos. Com o casamento já marcado ela começou a ficar muito ansiosa, criando muita expectativa", relembra a neta. Nesse meio tempo, Porfira também perdeu um filho, no dia 2 de agosto. "Foi um impacto muito grande, ela ficou muito abatida porque não pôde participar da cerimônia do luto e da despedida".
Desde a perda, a família notou que a paciente estava cada vez mais "cabisbaixa". "Na véspera do casamento ela começou a pedir para ir ao casamento, que ela conseguiria, bastava arrumar uma cadeira de rodas e uma bala de oxigênio", destaca Cristiane. Na tentativa de animar a avó, a neta decidiu "levar o casamento" ao hospital.
"O quadro clínico dela está oscilando muito. Tem dias que ela está muito bem e outros que está muito mal. Isso acaba nos assustando", diz a noiva. A ideia inicial de Cristiane era visitá-la acompanhada do noivo, levando o vestido nas mãos, depois do casamento. No entanto, a incerteza do estado de saúde antecipou a visita.
O encontro
A neta fez questão de que sua única avó, que a criou durante um grande período de sua vida, a visse com seu vestido de noiva e que abençoasse a união, embora sem a presença do noivo, já que ele só estava autorizado a ver o vestido no grande dia. "Na quarta, liguei pedindo a autorização do hospital. A equipe foi muito atenciosa e abraçaram minha ideia", afirma. Com o aval dos médicos, a psicologia, equipe de enfermeiros (supervisores/técnicos) e até os fisioterapeutas do CTI, se mobilizaram para que o momento acontecesse ao som da música "Como é grande meu amor por você" de Roberto Carlos, dedilhado no violão da fonoaudióloga Fernanda Melo.
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Mas ao chegar, Cristiane viu que o vestido nas mãos não era o suficiente. A neta decidiu vestir a roupa, e nesse momento todo o bloco 18, onde Porfira estava hospitalizada, parou para vê-la. "Fiquei com vergonha no começo, mas ao vê-la com um sorriso no rosto, feliz, fez meus olhos brilharem", relata a neta emocionada.
Veja o vídeo do encontro:
A visita foi cuidadosamente organizada para garantir a segurança da paciente, que foi monitorada durante todo tempo. Sorrisos sinceros, abraços emocionados e muito carinho marcaram o encontro. "Na hora a psicóloga pediu para trazerem um vestido e uma tiara para o cabelo da minha avó. Até passaram batom nela, para tirarmos fotos. Foi uma experiência única", comenta Cristiane.
Mudança no bem-estar
Dos 18 netos de Porfira, Cristiane foi a primeira a se casar na Igreja. "Era uma coisa que ela queria muito, então foi fantástico. Ela chorou muito quando me viu. Foi um ato muito simples e genuíno", declara a neta.
A psicóloga do hospital, Camila Cândido, comentou que durante a visita, a paciente manteve reações psíquicas de satisfação associada a uma sensação de realização e conexão familiar. Isso proporcionou o bem-estar emocional, típico de reencontros afetivos significativos.
A equipe hospitalar informou que "não houve intercorrências clínicas", pelo contrário, um dia depois de receber a visita de Cristiane, a avó teve um quadro de melhora clínica. "No dia seguinte ela teve alta do CTI e foi encaminhada para a enfermaria do hospital. O quadro dela ainda é duvidoso, mas está dando tudo certo", conta Cristiane.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos