As denúncias de casos de bullying que teriam ocorrido no Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizontedividem os pais de alunos da instituição. Enquanto os que participaram de uma reunião com a direção na última quinta-feira (12/9) saíram insatisfeitos com os esclarecimentos dados pela escola, outro grupo defende que o colégio sempre foi parceiro dos pais e alunos. Na manhã desta sexta-feira (13), o Ministério Público de Minas Gerais confirmou que está apurando o caso.

 

Uma das mães ouvidas pelo Estado de Minas, que é contadora e tem um filho de 14 anos no colégio, relata que o menino teve problemas de adaptação ao entrar na escola, mas que, nesse momento, ela contou com a parceria do Santo Agostinho para resolver a situação. “Ele teve uma dificuldade grande de adaptação na escola. E o colégio foi muito parceiro. A escola soube da situação que meu filho estava passando por meio de trocas de informações. Eu nem havia acionado o colégio no grupo de pais. O pessoal da escola, que são os analistas de série, me procurou e me deu todo o suporte. Foi uma ajuda muito grande, eu me senti muito acolhida pela escola, eu e meu filho”, detalha a mãe.

 




Sobre as denúncias de bullying que teriam ocorrido no colégio, a contadora espera que a investigação apure o que realmente aconteceu. “Sobre o episódio e sobre outros que eu vejo na escola, até onde eu sei, a escola está investigando, ela não se omitiu. A gente que está lá dentro viu, inclusive, as reuniões que a escola convidou os pais para participar. A escola prontamente convidou os pais e enviou comunicados explicando que está averiguando a situação”, salienta.

 

Outra mãe, de 48 anos, responsável por um menino de 17 anos que estuda no Santo Agostinho desde os 4, diz que a escola foi muito rápida em acolher as famílias. “Assim que vi o relato, veio o pronunciamento da escola. O meu filho já foi o que apanhou e já foi o que bateu. A primeira coisa que a escola faz é acolher”, explica.

 

Uma administradora de empresas, de 52 anos, conta que tem três filhas, e todas passaram pelo colégio. “Frequento a escola há 25 anos. Minha filha mais velha tem 29, a do meio tem 23, e a mais nova, de 13 anos, ainda está no Colégio Santo Agostinho. Todos os problemas, sejam pessoais ou escolares, das minhas três filhas foram atendidos prontamente pela escola”, relata.

 

Outra mulher, de 53 anos, contou ao Estado de Minas que tem duas filhas no colégio, uma de 17 anos e outra de 12. “Eu tive um problema de bullying quando minha filha de 17 anos entrou na escola, no 5º ano. Fui prontamente atendida, tanto eu quanto a outra família. Houve um cuidado muito especial. A questão foi prontamente atendida tanto pela coordenadora quanto pela professora. Hoje posso dizer que minha filha e essa outra menina se dão muito bem”, detalha.

 

No entanto, alguns pais que estavam presentes na reunião com a direção do Colégio Santo Agostinho, na última quinta-feira (12/9), saíram insatisfeitos com os esclarecimentos dados pela escola. Comentários de pais ouvidos pela reportagem indicam que a instituição não apresentou medidas eficazes para prevenir eventuais casos de bullying que possam surgir.

 

Segundo os relatos, representantes do colégio disseram que apresentarão propostas concretas na próxima segunda-feira (16/9) e que a instituição se compromete a disponibilizar imagens das câmeras de segurança para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Anteriormente, o Santo Agostinho havia informado ter acionado o órgão “diante da gravidade do fato”.

 

A reunião extraordinária foi convocada depois da repercussão da denúncia de bullying e agressões supostamente cometidas por alunos do ensino fundamental. Os casos vieram à tona na última sexta-feira (6/9), após a mãe de um aluno de 9 anos relatar nas redes sociais que seu filho teria sido vítima de chutes e joelhadas de colegas na escola e precisaria passar por uma cirurgia na região genital em decorrência das supostas agressões.

 

O MPMG confirmou que está apurando o caso e que recebeu na quinta-feira (12) uma representação entregue por representantes do colégio. A recomendação do órgão foi que o procedimento instaurado pelo colégio seja conduzido com a devida cautela, "considerando a condição especial das crianças". Também foi defendido que as medidas preventivas de proteção e de supervisão aos estudantes sejam reforçadas e que o programa de convivência para os alunos das classes envolvidas receba especial atenção.

 

Procurado pelo Estado de Minas, o Colégio Santo Agostinho informou que, desde o momento em que foi notificado sobre o caso, tem atuado junto às famílias e está apurando os fatos. A instituição afirma ter entrado em contato com a família do aluno no mesmo dia em que tomou conhecimento da situação e marcado uma reunião presencial na segunda-feira (9/9). “Ao tomarmos conhecimento sobre a citação do nome de outras crianças, acolhemos e realizamos a escuta qualificada delas e de suas respectivas famílias”, diz o texto.

 

"Não foi constatada nenhuma ação que viole a integridade física e corporal de qualquer criança", informou a instituição, que também afirma não ter encontrado evidências de agressão intencional ou bullying. Todos os relatos convergem em torno de uma narrativa de não-violência. “Também não foi identificada intencionalidade ou objetivo de agredir, perseguir, expor ou magoar qualquer criança”, completa a nota.

 

As denúncias de bullying e agressões físicas vieram à tona após a mãe de um aluno de 9 anos relatar em redes sociais que seu filho, vítima de chutes e joelhadas, precisará passar por uma cirurgia genital, o que ela associa às supostas agressões cometidas por colegas da escola. Os pais da criança foram à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) para registrar o boletim de ocorrência, conforme informações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) repassadas à reportagem.

 

"Os responsáveis foram orientados a contatar o Conselho Tutelar e a Defensoria Pública, já que, por todos os envolvidos serem menores de 12 anos, não há responsabilização criminal, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", diz a corporação.

 

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Em seu relato, a mãe diz ter descoberto as agressões durante uma consulta de rotina com o pediatra, que apontou alterações em um dos testículos da criança e a necessidade de cirurgia. No mesmo dia, o menino teria sido visto chorando depois de apanhar na escola. Após a repercussão do caso nesta quarta-feira (11/9), o colégio informou que tentou diversas vezes entrar em contato com a família, tanto por telefone quanto presencialmente, ao longo do dia, para compartilhar os resultados das apurações, mas não obteve resposta.

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