Dois jogadores da categoria de base do Athletic, time de São João del-Rei, na Região Campo das Vertentes de Minas Gerais, foram expulsos do clube depois que pais denunciaram episódios de bullying, agressão e ameaça contra outros atletas da instituição. O caso veio à tona na última semana, depois que a mãe de um dos jogadores do Sub-15 descobriu que o filho havia sido agredido pelos colegas. De acordo com a denúncia, os episódios vão desde socos e chutes até cortes com facas, ingestão de produtos como desodorante para os pés e enforcamentos.


 

Ao Estado de Minas, a mãe de uma das vítimas, que preferiu não ser identificada, relatou que as agressões aconteceram dentro do quarto dos atletas do Sub-15. De acordo com ela, os adolescentes mais velhos entravam no local, às vezes encapuzados, e batiam nos colegas. O filho dela, de 15 anos, recebeu um corte no braço, causado por uma faca de serra. As agressões foram gravadas.

 

Nas imagens a que a reportagem teve acesso, é possível ver um adolescente jogando desodorante para os pés na boca de dois jovens e os fazendo engolir o produto à base de ácido bórico, que, segundo o fabricante, caso ingerido em grandes quantidades, pode afetar o sistema nervoso central e causar danos no fígado e nos rins.




 

Em outro vídeo, um adolescente aparece sendo enforcado. Ele está deitado em uma cama enquanto um colega aperta seu pescoço com uma das mãos. Ao ser liberado, ele cai ao lado do móvel e respira profundamente. Outra gravação mostra um dos envolvidos pressionando o rosto de uma das vítimas contra o colchão.

 

"Em uma das conversas, na quarta-feira à noite, meu filho me contou sobre o fato. Eu vi que ele estava com um corte no braço, devido à situação. Aí ele me disse que meninos da categoria Sub-17 entraram no quarto e os ameaçaram. Nessa última briga, deram socos e tapas. Pegaram uma faquinha de serra e cortaram o braço do meu filho", conta a mãe.


 

"Agressões gratuitas"

 

As denúncias foram divulgadas em um grupo de responsáveis pelos garotos. Nas conversas, um pai relatou que o filho lhe contou que os episódios não se tratavam de brincadeira ou bullying, mas sim de agressão gratuita. Em seguida, a mãe afirmou que os agressores teriam feito seu filho ficar de cabeça para baixo, "plantando bananeira", e lhe deram socos na barriga. "Decepção, preocupação e longe do meu filho. Meu coração está tremendo. Não sei nem o que dizer", escreveu a mulher.

 

Outro pai contou ao grupo que o filho não sabia identificar os agressores, uma vez que os garotos eram colocados em um quarto escuro e se abaixavam para se proteger. Por meio de nota, o Athletic Club informou que, assim que foram informados sobre os fatos, realizaram uma investigação interna e, ao identificarem os atletas responsáveis pelos episódios, os desligaram do clube.

 

"Quanto à prevenção de situações como essa, podemos assegurar que contamos com uma estrutura adequada e que todos os nossos setores são supervisionados por profissionais competentes, desde a portaria até monitores e seguranças. Temos procedimentos claros e informativos sobre como proceder em caso de comportamentos inadequados, além de investirmos em ações educativas contínuas", informou a empresa.


 

Providências


Apesar das medidas adotadas pelo clube, a mãe que conversou com a reportagem informou que o filho não quer continuar no time. Ela contou que, entre abril e maio, ocorreu um episódio semelhante nos alojamentos dos atletas menores de idade, envolvendo uma faca. Mesmo assim, segundo ela, nenhuma nova medida de segurança foi tomada.


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“Meu filho está abatido. Hoje, ele queria participar do jogo, mas amanhã vou tirá-lo do clube e oficializar a denúncia no Ministério Público. Desde que ele entrou, sempre houve episódios de bullying por parte dos treinadores. É uma infantilidade e falta de profissionalismo enorme. Ele me disse que não quer mais continuar lá e que deseja procurar outro clube. Vejo que a maioria dos pais tem medo de retaliação e de sair, temendo prejudicar o filho e não conseguir outro clube”, disse.


Confira a nota do Atlhletic Club na íntegra


“Os responsáveis pela situação foram prontamente identificados e desligados do clube após uma investigação interna rápida e eficaz, que seguiu todos os protocolos estabelecidos. O Athletic Club reafirma seu compromisso com a integridade e o bem-estar de seus atletas, garantindo que tais comportamentos não sejam tolerados em nossas dependências. 


Gostaríamos de reforçar que foram casos pontuais e isolados. Assim que fomos informados dos fatos, tomamos todas as medidas necessárias para assegurar que a situação fosse tratada com a seriedade e agilidade que ela demandava. 


O Athletic Club oferece a seus atletas uma estrutura de alojamento de primeiro nível, garantindo que todos estejam em um ambiente seguro, acolhedor e devidamente supervisionado. Todos os nossos atletas recebem acompanhamento psicológico e social de forma contínua, e nossa equipe realiza atendimentos semanais para garantir o bem-estar e o desenvolvimento emocional de cada jogador. Nosso clube possui um suporte completo para nossos jovens atletas, contando com psicologia, assistência social e outros profissionais qualificados. Trabalhamos continuamente para promover um ambiente saudável, não apenas oferecendo suporte imediato, mas também garantindo acolhimento e ressocialização quando necessário. 


 Quanto à prevenção, podemos assegurar que contamos com uma estrutura adequada e que todos os nossos setores são supervisionados por profissionais competentes, desde portaria até monitores e seguranças. 


Temos procedimentos claros e informativos sobre como proceder em caso de comportamentos inadequados, além de investirmos em ações educativas contínuas. 


O Athletic Club segue comprometido em aprimorar suas metodologias de cuidado e supervisão, sempre respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar de todos os envolvidos.


 Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais”

 

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