Moradores da área selecionada para a construção da linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que ligará a Regional Barreiro à linha já existente, alegam insatisfação com as novas obras. Isso porque, segundo eles, o Governo de Minas “não os procura para falar nada”.

 

 

A cerimônia que sinalizou o início das obras, realizada próximo à Polícia Militar Rodoviária, na Avenida Amazonas, nesta segunda-feira (16/9), foi marcada por manifestações e protestos de insatisfação, com representantes de cerca de 290 famílias que serão removidas da região.

 

Segundo o morador da região da Gameleira Luiz Carlos dos Reis, presente no evento, foi realizada uma reunião com os moradores na última quinta-feira (12/9) em que lhes foi informado o cronograma de desapropriação.

 

Segundo o planejamento, as “remoções” serão realizadas à medida que forem necessárias pelas obras, o que não deve acontecer em 2024, uma vez que a construção do trecho será iniciada em espaços que não precisam de desapropriações.

 



 

No entanto, outras informações desejadas pelos moradores não foram disponibilizadas, como o valor a ser recebido de indenização pela retirada e deslocamento da moradia. “Por enquanto, não procuraram a gente para falar em valores, desapropriação, critérios, nada, nada”, afirmou Luiz, que é servidor público, tem 63 anos e afirma que sempre morou no local, que engloba a região da Gameleira e a Vila Guaratã, que ganha o nome da avenida já existente.

 

"Projeto exemplo"

Em coletiva durante o evento que marca o início das obras, na manhã desta segunda-feira (16/9), o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que está programada uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para que seja apresentado o plano de desocupação pela concessionária.

 

Segundo o CEO da Metrô BH, Ronaldo Vancelotte, a desocupação será um “projeto exemplo”. “O tratamento digno também nesse processo de desocupação das famílias vai ser feito com todo o cuidado”, afirmou.

 

"Nós estamos aqui na Estação Amazonas, nós temos, se não me engano, dois imóveis só que precisam ser removidos. Na medida em que a obra for avançando e chegar nos imóveis, nós vamos fazer a remoção", defendeu o CEO. Segundo ele, a equipe das obras conta com "assistentes sociais trabalhando em todas as áreas para auxiliar a população".

 

 

De acordo com ele, as pessoas que tiverem interesse em mais informações, a concessionária possui disponibilizou um canal. "Nós temos, inclusive, dois escritórios, e durante dois dias na semana nós fazemos atendimentos para as famílias que quiserem tomar algum esclarecimento, entender o que vai se passar, quando é que vai se passar".

 

Ronaldo reforçou que as remoções vão acontecer na medida em que as obras chegarem nas moradias. "O próximo lote de estações acontecerá em março do ano que vem, quando a gente pretende começar as três próximas estações. Então, na medida em que a gente estiver se aproximando, nós vamos, com antecedência, comunicar as pessoas que vão ser removidas e dar um tempo para que isso aconteça com calma, sem afobação, sem agonia, sem nada disso", finalizou o CEO da Metrô BH.

 

A reportagem entrou em contato com o Governo do Estado de Minas Gerais para demais informações e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

 

Entenda a obra

A desapropriação é referente às áreas que irão compor o espaço da Linha 2, uma extensão de 10,5 quilômetros que vai ligar a Região do Barreiro ao Bairro Nova Suíça, em conexão com a linha já existente do metrô. O novo trecho irá contar com sete estações, sendo elas Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro.

 

 

A construção será realizada em etapas, com a primeira, das estações de Nova Suíça e Amazonas, tendo previsão de conclusão em 2026. A expectativa é que a nova linha transporte, diariamente, cerca de 56 mil pessoas. A Linha 1 transporta, por dia, 157 mil passageiros.

 

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Zema ressaltou a importância da obra para Belo Horizonte e toda região. "Uma obra que governos anteriores ao meu prometeram e nunca iniciaram. Essa é a maior obra em décadas na Região Metropolitana”.

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