A nova lei da Prefeitura de Belo Horizonte, que prevê a disponibilização de água em eventos na cidade, assim como a permissão de entrada com garrafas para hidratação pessoal, vem gerando discussões entre representantes do segmento. De um lado, há quem diga que isso vai impactar no custo de produção e, consequentemente, dos ingressos. Do outro, defensores da lei, que afirmam que medidas como essa são comuns há anos em vários países.

 

A lei nº 11.745, sancionada nesta terça-feira (17/9) pela PBH, veda a proibição da entrada de pessoas com garrafas de água para hidratação pessoal na realização de qualquer evento. Conforme publicado no Diário Oficial do Município (DOM), a proibição das garrafas só pode ser feita caso os eventos ofereçam hidratação gratuita ao público por outros meios, como bebedouros ou distribuição de água.

 

 

A lei surge como forma de resguardar a saúde das pessoas que participam de eventos. Uma preocupação que foi acentuada após o episódio ocorrido em novembro de 2023, no show da cantora Taylor Swift, quando Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu durante o show da cantora, e outros fãs também passaram mal expostos às altas temperaturas.

 



A jornalista Priscila Brito, de 39 anos, contou que é uma pena que as mudanças aconteçam apenas depois de uma história trágica e lamenta que, só após a criação de uma lei os produtores de eventos se sensibilizem com a hidratação e saúde do público em eventos e festivais. 


Priscila faz coberturas de shows para o site “Festivalando” há 10 anos e considera o Brasil atrasado nesse quesito. “Estive no Lollapalooza no Chile, em 2015, e já tinha distribuição de água gratuita. No Lollapalooza Argentina, em 2018, mesma coisa”.

 

A jornalista também declarou que espera que os organizadores do evento se empenhem em garantir que a lei seja cumprida e que as autoridades fiscalizem os eventos. Pela primeira vez, esta edição do Roch in Rio permitiu que os participantes entrem na Cidade do Rock com uma garrafa d'água, além de disponibilizarem pontos de hidratação.


Rodrigo Marques, presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee), explicou que a associação está ciente da lei e compreende sua importância para a população. No entanto, ressaltou uma preocupação com os custos gerados pela mudança. 


Segundo ele, a lei é nova e ainda não existe um mercado preparado para atender a essa demanda. O presidente explicou que “não são todos os espaços que permitem ilhas de hidratação ou instalação de bebedouros nessa proporção”. Marques acredita que, diante dessa questão, provavelmente os produtores irão priorizar garantir a hidratação do público através da distribuição de garrafas gratuitas.

 

 

Além da garantia do acesso aos eventos com garrafas de uso pessoal e direito à hidratação gratuita, a lei municipal também exige que os promotores de eventos adotem medidas adequadas às condições meteorológicas previstas, para promover o conforto térmico do público. Em caso de descumprimento poderá ser aplicada pena de multa aos organizadores.


Priscila Brito acredita que agora, com as pessoas sabendo que é um direito garantido por lei, elas denunciem irregularidades e ajudem a garantir que o decreto seja cumprido. “Hoje em dia todo mundo tem redes sociais onde conseguem expor injustiças também. Isso cria uma pressão maior”.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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