Um ex-interno do Sistema Socioeducativo de Minas Gerais, que se tornou confeiteiro, tem inspirado outros jovens a desenvolver habilidades em áreas variadas, como empreendedorismo, planejamento e gestão. Igor Moreira, de 24 anos, fez a capacitação para trabalhar na área enquanto ainda era adolescente e cumpria medida no Centro Socioeducativo de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Sua superação está ligada ao trabalho na confeitaria. Enquanto interno, o confeiteiro vendia alfajores para obter renda de forma lícita, após deixar o mundo do crime. Sua trajetória o motivou a ajudar outros jovens em situação semelhante. Agora, ele dedica parte do seu tempo como voluntário no Centro de Internação Provisória Dom Bosco, em BH.

 

Criado em 2022, o projeto "Sabores da Liberdade" é onde Igor compartilha seus conhecimentos culinários e incentiva os internos a buscarem alternativas legais e sustentáveis de geração de renda. A iniciativa promove oficinas práticas, nas quais os jovens aprendem técnicas de manipulação de alimentos, segurança alimentar e cálculo de custos. Os adolescentes também são orientados sobre empreendedorismo, planejamento e gestão, com foco na criação de estratégias para comercializar os produtos.

 



 

Segundo o diretor-geral do Dom Bosco, Albert Braz, Igor Moreira é um grande exemplo para os demais. "Quando fui diretor do Centro Socioeducativo de Ribeirão das Neves, Igor era um dos acautelados e foi lá que ele realizou o sonho de concluir o curso de confeiteiro e gastronomia", relembra. Segundo Braz, por meio do curso, Igor sustenta sua família e repassa seus conhecimentos aos internos.

 

Igor começou seu envolvimento no "Sabores da Liberdade" como voluntário da Assistência Religiosa e, ao compartilhar sua história de superação, a equipe do Centro de Internação percebeu o potencial transformador de sua experiência. Hoje, o jovem ministra oficinas de gastronomia, oferecendo não apenas ensinamentos técnicos, mas também seu exemplo de mudança e sucesso fora da ilegalidade.

 

Novas Perspectivas


Para a terapeuta ocupacional do Dom Bosco, Sarah Pereira, o projeto vai além da profissionalização. "A oficina tem um caráter terapêutico importante, proporcionando aos meninos novas perspectivas", destaca.

 

 

Um dos adolescentes atendidos pelo projeto, Iago Sareto (nome fictício para preservar a identidade do adolescente, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), reforça a importância da iniciativa. "Chegamos aqui com a mente fechada, mas é sempre bom aprender mais sobre a vida e sobre a cozinha. Está me ajudando a enxergar novas oportunidades", compartilha.

 

Igor aponta ainda os desafios do começo de sua jornada. "Minha maior dificuldade era sair do crime e conseguir uma renda legal. Hoje, mostro aos jovens que é possível encontrar outro caminho e ter uma vida digna, sem depender do crime", destacou o confeiteiro.

 

 

 

 

 

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