Dois meninos, de 11 e 12 anos, envolvidos no estupro e agressão de um colega, de 11 anos, no banheiro de uma escola municipal foram transferidos da instituição. A informação foi confirmada pelo secretário de Municipal de Educação, Bruno Barral, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (26/9). Os crimes aconteceram em 13 de setembro, mas a família da vítima só soube dos fatos três dias depois, quando o menino decidiu contar para a mãe dele. À Polícia Militar, os suspeitos confessaram o abuso. 


A vítima, que possui microcefalia, contou aos pais que as agressões aconteceram logo após o recreio. Ele relatou que os dois colegas o trancaram dentro do banheiro e bateram nele. Em seguida, os garotos teriam abaixado sua calça e o estuprado. Ainda segundo o menino, depois do assédio, ele desmaiou. 


 

O garoto foi levado para o posto de saúde na última quinta-feira (19/9), seis dias depois do crime, e em seguida encaminhado para o Hospital Júlia Kubitschek onde foi atendido. Na unidade de saúde ele foi examinado e passou por exames. 




 

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que a vítima, apesar de ter microcefalia, seu laudo médico não requer acompanhamento exclusivo e, por isso, ele estava sozinho no banheiro. Barral explicou que até a escola ser notificada nenhum educador ou funcionário percebeu alterações em seu comportamento ou indícios que justificassem a suspeita de uma agressão. 


Questionado se os professores ou acompanhantes da criança não sentiram sua falta, uma vez que ela relata que desmaiou após o ataque. O secretário afirmou que não há registro do fato e que o pré-adolescente voltou “sozinho” para a sala de aula. 


 

Desentendimento entre as crianças 

Conforme o registro policial, na sexta-feira (20/9), a família da vítima e dos suspeitos se reuniram na escola. Na ocasião, os dois colegas de turma, apesar de inicialmente terem negado os fatos, confessaram que depois do recreio foram para o banheiro e agrediram o menino. 


Na presença da mãe, um deles contou que deu socos no peito, cabeça e rosto da vítima. O pré-adolescente ainda afirmou que enquanto o outro segurava o menino, ele encostou seu órgão genital no colega. Os garotos relataram que cometeram os crimes porque o menino implicava com ele e xingava sua mãe. 


 

O secretário de educação explicou que, apesar da extrema violência registrada na última semana, nenhum dos envolvidos possui registros de agressividade ou bullying. Questionado se a instituição chegou a ser notificada sobre os possíveis xingamentos, que segundo um dos suspeitos, teria motivado os crimes, Bruno Barral afirmou que não há “ata escolar ou registro digital” sobre os fatos. 


“Esse fato [da motivação] chegou para nós depois que iniciamos as apurações. Mas é comum em momentos como esse se justificar a agressão ou não, mas são fatos que não foram registrados em momento nenhum em atas escolar ou registro digital, por tanto eu posso dizer que isso não é oficial”, disse o chefe da pasta.


Acompanhamento

O pai da vítima afirma que desde o crime o filho está com o psicológico bastante afetado. Em entrevista à TV Alterosa, o genitor afirmou que a criança tem recebido atendimento profissional mas que, mesmo assim, não está bem. 


“A família também não está bem, estamos sofrendo demais. Eu que sou pai estou sofrendo também. A mãe está sofrendo mais ainda porque é mãe. A gente está assim à mercê. Não sabemos o que temos que fazer para poder amenizar um pouco esse sofrimento nosso”, desabafou o pai. 


A família alega que para além da violência sofrida pelo caçula, também têm enfrentado dificuldades em receber apoio da escola. Eles afirmam que, em um primeiro momento, a instituição teria informado que não poderia tomar as devidas providências e que isso ficaria a cargo do Conselho Tutelar. “E nisso as crianças continuam lá e quem foi prejudicado foi só o meu irmão mesmo”, conta a irmã da vítima. 


 

Indignados, pais de alunos marcaram uma manifestação para esta sexta-feira. O ato opacífico está agendado para começar às 10h30, em frente à escola. 

 

Barral contradiz os familiares e afirma que desde que a escola soube dos fatos prestou todos os apoios necessários para apuração da denúncia e acolhimentos dos envolvidos. O secretário afirma que a instituição foi acionada pela Secretária Municipal de Saúde e não pela família e que desde então o Conselho Tutelar foi notificado. 


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“Tivemos muito cuidado no sentido de acolher e realizar um trabalho imediato com todas as outras famílias envolvidas. Precisamos evitar que um fato pontual, embora grave, se transforme em algo rotineiro nas escolas de Belo Horizonte, o que não é o caso [...] São crianças e, mesmo que tenham errado, elas têm que ter a chance de reeducação”


A Polícia Civil informou, por meio de nota, que foi instaurado procedimento para apurar a denúncia de eventual prática de estupro de vulnerável. “A investigação está em andamento na Delegacia Especializada em Apuração de Ato Infracional em Belo Horizonte”.

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