Um bebê de um mês de idade, diagnosticado com coqueluche, morreu em Belo Horizonte, na quarta-feira (2/10). É a primeira morte pela doença registrada na capital neste ano. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), confirmou a morte da criança, moradora do Barreiro, e informou que acompanha o cenário epidemiológico no município. Este ano, foram registrados 160 casos da doença na capital, em 2022 e 2023 não houve registro de casos.
Segundo a secretaria, a cobertura vacinal em menores de 1 ano está em 68,2%. Para crianças com 15 meses está em 59,7%, já com 4 anos está em 60,4%. A meta vacinal estabelecida pelo Programa Nacional de Imunização é de 95%.
Diante dos índices, a pasta ressalta que é “indispensável que as gestantes se vacinem com a dose que protege contra a coqueluche, uma vez que essa imunização produz anticorpos para mãe e bebê, resultando em uma proteção nos primeiros meses de vida até que a criança inicie o esquema vacinal, aos dois meses de idade.”
A pasta informou ainda que, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, Belo Horizonte ampliou, em caráter excepcional e temporário, a aplicação da vacina contra a coqueluche para grupos específicos. O imunizante está sendo ofertado para profissionais da saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças de até 4 anos. Desde esta ampliação, iniciada em junho, já foram aplicadas cerca de 19 mil doses.
A vacina está disponível nos centros de saúde e no Serviço de Atenção à Saúde do Viajante. Os endereços podem ser verificados no portal da Prefeitura.
Em Minas
Minas também registrou a primeira morte no estado por coqueluche desde 2019. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o óbito ocorreu em 19 de julho, mesma data da notificação, em Poços de Caldas, Região Sul de Minas. A vítima era um bebê do sexo masculino, com dois meses de idade.
A investigação epidemiológica feita pelo município apontou que a criança ainda não tinha recebido nenhuma dose da vacina contra a doença, devido à faixa etária. Além disso, a mãe do paciente também não foi imunizada com a dTpa, vacina que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche, durante a gestação. O menino tem um irmão gêmeo que também testou positivo para coqueluche, mas se recuperou e recebeu alta hospitalar.
A SES-MG informa que, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), até 24 de setembro (última semana epidemiológica completa), foram notificados, pelos municípios, 708 casos suspeitos de coqueluche, dos quais 227 foram confirmados.
Em 2023, foram 157 notificações de casos suspeitos e 14 confirmados. Em relação à cobertura vacinal - de janeiro a agosto de 2024 - de acordo com o Painel Localizasus - RNDS (Painel de Vacinação do Calendário Nacional do Ministério da Saúde), a cobertura da vacina pentavalente, que imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae do tipo B e hepatite B, está em 84,94%. A cobertura da vacina tríplice bacteriana DTP, que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche, está em 84,69% e a cobertura da dTpa é de 66,84%. A meta vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde para as vacinas mencionadas é de 95%.
Vacinação
Sobre a vacinação contra a coqueluche, o Painel de Imunização do Ministério da Saúde revela que a cobertura da vacina pentavalente - que previne difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B - é de 83,58%. A vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, apresenta uma cobertura de 83,65%. Já a vacina dTpa para adultos está com cobertura de 71,29%
A meta vacinal estabelecida pelo Programa Nacional de Imunização para ambas as vacinas é de 95%.
Atualmente, a vacina tríplice bacteriana (DTP) está em falta no Ministério da Saúde e, portanto, com estoque indisponível. Em contraste, a vacina pentavalente possui um estoque regular, com 202.283 doses disponíveis até o dia 29/8/2024.
Transmissão
A transmissão da coqueluche ocorre principalmente pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada e por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por meio de objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes. Embora seja pouco frequente, pois o agente causador da doença tem dificuldade em sobreviver fora do corpo humano, não é impossível.
O período para o aparecimento dos sintomas após a infecção é, em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.
Sintomas
Os sintomas da coqueluche podem se manifestar em diferentes níveis. No estágio inicial, o mais leve, os sintomas são semelhantes aos de um resfriado: mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. Esses sintomas iniciais podem durar semanas, período em que a pessoa também está mais suscetível a transmitir a doença.
No estágio intermediário da coqueluche, a tosse evolui de leve e seca para severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração. A crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo. Nessa fase, os sintomas são mais graves e, dependendo do tratamento, podem durar mais de um mês.
É normal que adultos e adolescentes apresentem sintomas mais leves da coqueluche em comparação às crianças mais novas. A gravidade da doença está diretamente relacionada à falta de imunidade e à idade.
Geralmente, os sinais e sintomas da coqueluche duram entre 6 e 12 semanas, podendo se estender, conforme o quadro clínico e a situação de cada caso.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da coqueluche em estágios iniciais é difícil, pois os sintomas podem se assemelhar aos de resfriados ou outras doenças respiratórias. A tosse seca é um forte indicativo da coqueluche, mas para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames como a coleta de material da nasofaringe para cultura e PCR em tempo real.
O tratamento da coqueluche é feito principalmente com antibióticos, que devem ser prescritos por um médico especialista, conforme cada caso. É importante procurar uma unidade de saúde para receber o diagnóstico e tratamento adequados assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas.
Crianças diagnosticadas com coqueluche frequentemente precisam ser internadas, pois os sintomas são mais severos nelas e podem levar a complicações graves.