Ampliação das ciclovias já está aprovada na Câmara Municipal -  (crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press.)

Ampliação das ciclovias já está aprovada na Câmara Municipal

crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press.

Na véspera das eleições municipais, vale a reflexão: como seria uma cidade com boa mobilidade, moradia para todos, rios limpos e com mais árvores? Pensar em soluções atuais para problemas antigos tem ocupado o tempo de ativistas pela cidadania. Alguns deles lançaram um projeto que espalhou outdoors por Belo Horizonte onde as propostas de melhorias têm sido apresentadas aos moradores.

 

 

 

Batizada de “BH do futuro”, a campanha quer despertar nos candidatos a prefeito e na população o interesse por essas pautas, além da preservação da Serra do Curral. A iniciativa é das ONGs Teia de Criadores, Nossas/Minha BH e Nossa BH e foi apresentada por meio da página @minhabh_ no Instagram. 

 

As demandas foram escolhidas por movimentos sociais da cidade. Apesar de visar melhorias significativas para a capital, todos os projetos têm um custo relevante para a prefeitura. Questionado a respeito de como seria feito o financiamento dessas metas, Roberto Andrés, estrategista de cidades da ONG Minha BH, urbanista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou que ainda não sabem ao certo como estimar estes custos. “As metas são ousadas, e os movimentos sociais ainda pensam em algumas formas de financiamento. Mas, projetos como ciclovias e arborização não são projetos caros, por exemplo”, disse.


 

 

Tarifa zero é possível?


Um outdoor na Avenida Abílio Machado estampa a frase: “Após implementar tarifa zero, venda no comércio de BH cresce 38%”. Andrés explica que a demanda vem sendo discutida desde 2013, e que mais 116 cidades brasileiras já têm a tarifa zero como realidade. Destas 116, oito fazem parte da região metropolitana de BH, como Ibirité e Brumadinho. 


O projeto para zerar as tarifas ainda gera alguns debates quanto a sua eficiência. No ano passado, o Estado de Minas foi a Ibirité para saber a avaliação dos moradores. Entre elogios pelo alívio nos gastos, houve também reclamações de longos intervalos entre os ônibus, superlotação, atrasos e más condições dos coletivos. Alguns usuários chegaram a preferir quando a passagem era cobrada. "Anda muito cheio e eles cortaram muitos horários", declarou a bordadeira Helena Pereira Maia.


Já na Avenida Barão Homem de Melo, a sugestão é outra. “Com 400 km de ciclovias, BH passa a ter mais ciclistas que carros nas ruas”, diz o outdoor. Roberto relembrou que a ampliação das ciclovias já está aprovada na Câmara Municipal. A meta é colocar em prática algo que já foi proposto. 


A Prefeitura de Belo Horizonte informou que a rede cicloviária da capital vem sendo construída gradativamente. A cidade tem cerca de 109 km de ciclovias e ciclofaixas, distribuídas em todas as nove regionais da capital.

 

 

A despoluição da lagoa da Pampulha é outro problema conhecido pelos belo-horizontinos. Na Avenida Presidente Tancredo Neves, um outdoor da campanha sugere: “Em dia de calor extremo, a lagoa da Pampulha vira praia em BH”.

Esgoto que chega à lagoa é lançado por domicílios ou indústrias irregulares

Esgoto que chega à lagoa é lançado por domicílios ou indústrias irregulares

Teia de criadores/ divulgação

 

“Todo cidadão paga taxa de esgoto, mas o tratamento da Copasa é ineficiente. A empresa declara 100 bilhões de reais de lucro para acionistas, como ela pode lucrar sem entregar o serviço primordial?”, questionou o representante da ONG.


Consultada, a Copasa informou que desde 2002 já investiu mais de R$ 725 milhões na Bacia da Pampulha. Segundo a companhia, o esgoto que chega à lagoa é lançado por domicílios ou indústrias irregulares. Para solucionar a questão, um plano de ação com duração de 5 anos foi firmado, com validade até 2028. Quanto à qualidade dos cursos de água, a empresa afirma que 95% das amostras apresentaram classificação “bom”, “aceitável” ou “ótimo”.


O alarmante aumento da população de rua na capital também intriga os moradores. O tema inspira o anúncio localizado na MG-5: “Após anos de abandono, torres gêmeas viram moradia popular em BH”.

 

“Existe uma grande necessidade de políticas de acolhimento da população de rua em BH”, explicou o professor. Em junho deste ano, uma reportagem publicada no Estado de Minas apontou que 13.731 pessoas vivem nessas condições em BH, conforme levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG). O levantamento da prefeitura é divergente e aponta 5.344 pessoas em situação de rua.


Cidade mais arborizada


A arborização da capital também é tema considerado urgente. Andrés explicou que Belo Horizonte conta com aproximadamente 500 mil árvores. Para ele, o ideal seria uma árvore por habitante, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Outra preocupação é que as árvores sejam melhor distribuídas, atendendo também a bairros periféricos. 

 

 

A prefeitura tem como meta para 2024 plantar cerca de 35 mil árvores, superando a marca de 100 mil mudas plantadas em quatro anos. Para 2050, o objetivo é fazer com que o número de árvores existentes na capital mineira alcance 1 milhão de espécimes.


Ícone da cidade, a Serra do Curral tem sido alvo do apetite de mineradoras e precisa ser preservada. O ativista defende que toda e qualquer mineração no maciço seja impedido. “O povo mineiro quer o seu bem mais precioso protegido”, declarou.

 

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Uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizada em agosto deste ano fiscalizou se as empresas estavam realizando mineração no local de forma ilegal. A fiscalização aconteceu depois de uma decisão judicial que proibiu as atividades minerárias na Mina Granja Corumi. 


À época, o procurador-geral de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, declarou que a Serra do Curral tem um grande valor paisagístico, cultural e até mesmo de clima. “Nós queremos que aqui seja uma área de proteção geral e um parque”, prometeu.

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Rocha