A música popular está de luto. Será sepultado neste sábado (5/10) o corpo de Dona Jandira, expoente da musical nacional, que morreu na noite dessa sexta-feira (4/10), de doença renal crônica e insuficiência cardíaca. O velório e sepultamento serão realizados no Cemitério Bosque da Esperança, na Região Norte de Belo Horizonte, a partir do meio-dia.
Dona Jandira, que estava com 86 anos, estava internada no Hospital Metropolitano Célio de Castro. Ela estava entubada, no CTI da unidade hospitalar. Segundo o último boletim médico, a cantora teve pneumonia, o que agravou seu quadro de saúde.
Dona Jandira nasceu em Maceió, Alagoas, e era de uma família de músicos. Veio para Minas quando os pais se mudaram para Itatiaia, cidade próxima a Ouro Branco, na região central do estado.
Lá, ela se tornou artesã. Depois, estudou e formou-se em pedagogia. Nunca havia pensado em se tornar musicista, mas aos 66 anos, trilhou o novo caminho ao montar um coral infantil escolar, batizado de “Os bem-te-vis”.
Para dirigir o coral, a artista teve que fazer sua inscrição na Ordem dos Músicos, aos 66 anos, e passou por uma avaliação diante de uma banca examinadora. Ao ouvi-la, o músico examinador José Dias, a elogiou e disse ter certeza de estar diante de um talento nato, uma revelação.
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Foi como se uma porta tivesse sido aberta para ela, que passou a cantar e tocar violão na noite belo-horizontina. Vieram os shows, o primeiro deles, em 13 de dezembro de 2004, em uma casa de shows, na Savassi. A partir daí, Dona Jandira caiu no gosto popular e passou a lotar as casas de espetáculo onde ela se apresentava.
FÃ DA MPB
Incentivada pelo produtor José Dias, Dona Jandira gravou um CD com interpretações de canções da MPB e samba. Cantava Lupicínio Rodrigues, Paulinho da Viola, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Tom Jobim e Ataulfo Alves.
O descaso com a MPB incomodava Dona Jandira, que dizia: “As pessoas, quando encontram comigo, dizem que hoje em dia é difícil ouvir coisas de Ataulfo Alves, por exemplo. Eu retruco: vai no meu show que você vai ouvir”, indicou.
A artista viveu muitos momentos marcantes ao longo do percurso de 20 anos no meio musical e chegou a dizer em entrevistas que cada show representou uma vivência intensa e enriquecedora. “Palco é magia”, revelou.
Início da carreira
Apresentações na Praça da Estação e no Parque Municipal, em BH, foram o que a firmou na carreira musical. Costumava dizer que o início da carreira foi o mais difícil, porque tornar-se cantora foi mais uma obra do acaso do que propriamente fruto de um planejamento.
“Um grande desafio foi justamente eu me entender e me considerar cantora profissional. Em 2004, quando fui fazer meu primeiro show, no Vinil Cultura Bar, na Savassi, fiquei muito apreensiva, confiante no que eu podia fazer, mas sem saber como seria recebida. Deu uma tremedeira”, lembrou.