Passageiro embarca em carro de aplicativo em BH: segundo o levantamento, com a oferta do serviço, 75% dos usuários deixaram de dirigir após consumir bebida alcoólica -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

Passageiro embarca em carro de aplicativo em BH: segundo o levantamento, com a oferta do serviço, 75% dos usuários deixaram de dirigir após consumir bebida alcoólica

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

Dois em cada três moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte utilizam aplicativos para se deslocar de carro em seu dia a dia, aponta pesquisa encomendada pela Uber e realizada pelo Datafolha. O número espelha uma mudança na dinâmica dos deslocamentos na cidade desde que o aplicativo chegou à capital mineira, há 10 anos, completados em setembro. Nesse período, apps concorrentes iniciaram suas operações na cidade, o que ajudou a ampliar o volume de passageiros da modalidade. Apesar da escalada, ainda há arestas em torno do serviço. Em uma lista de seis características atribuídas aos aplicativos, os itens prático, inovador obtiveram as melhores notas entre os entrevistados, 9 e 8,7, respectivamente, enquanto seguro, econômico e confiável ficaram aquém, todos com 7,9. Por sua vez, condutores parceiro ouvidos pelo Estado de Minas se mostram insatisfeitos com os valores que recebem das empresas.

 

Entre os entrevistados, 83% disseram depender menos de carro particular atualmente devido aos aplicativos de transporte, e 95% afirmaram que passaram a ter mais autonomia e independência para se locomover. A percepção é compartilhada pela administradora Aline Ventura, de 43 anos, que faz a maior parte dos seus descolamentos por aplicativo, usado, em média, duas vezes por semana. “O custo-benefício vale mais a pena do que utilizar ônibus. No caso de dirigir, há lugares em que é difícil achar estacionamento, e ainda tem o trânsito. Eu acho mais cômodo”, compara. A administradora já teve carro próprio, mas desde que passou a trabalhar em casa, assim como marido, dirige apenas aos fins de semana, quando aluga um veículo. “Compensa mais do que comprar um carro e arcar com IPVA, seguro, manutenção”, detalha.

 

 

No caso do assessor de investimentos Melky Ferreira Franca, de 35 anos, ter carro particular para ir da casa para o trabalho ainda é uma necessidade. Durante o expediente, no entanto, prefere usar os aplicativos de transporte para se deslocar entre reuniões com clientes. “É mais ágil. Facilita não ter que procurar estacionamento”, diz Melky, que lança mão do serviço, em média, três vezes na semana.

 

A pesquisa mapeou também mudanças no comportamento dos belo-horizontinos em relação aos deslocamentos em si. Entre os entrevistados, 78% disseram ter ido mais a consultas, exames e outros compromissos de saúde. Nos momentos de lazer, também houve mudanças de comportamento: 75% disseram ter deixado de dirigir quando consomem bebida alcoólica e 60% afirmaram ter passado a sair mais à noite e aos finais de semana.

 

O autônomo Lucas Thieres, de 23 anos, é usuário frequente de aplicativos de transporte durante às madrugadas, momento em que os ônibus da capital mineira não o atendem por completo. ”Uber acaba sendo a última alternativa”, relata. Ele mora no Bairro Céu Azul, na Região de Venda Nova, e trabalha aos fins de semana em um bar no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. Apesar de, por vezes, esperar mais de uma hora e meia de madrugada até algum motorista aceitar a corrida, o autônomo acredita ser mais vantajoso deixar os ônibus de lado por motivos de segurança. “Até porque vou ficar na porta de casa.”

Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) publicada em agosto aponta que 11% das viagens nas cidades brasileiras são feitas por aplicativo de carro. Se somado com o mototáxi por aplicativo, o número chega a 14%. Em 2017, o percentual era de aopenas 1%. No mesmo período, os deslocamentos de ônibus caíram de 45% para 31%, influenciados também pela pandemia.

 

TAXA DA DISCÓRDIA

 

A pesquisa encomendada pela Uber revelou que três em cada quatro pessoas na Região Metropolitana de BH conhecem alguém que trabalha ou que já trabalhou com aplicativo de carro. Por sua vez, 5% dos entrevistados disseram estar nesse grupo.

 

É o caso de Wallyson Douglas, de 23, que trabalha há um ano nos aplicativos. Ele avalia que a experiência tem sido boa, mas reclama do percentual da taria retido pelos apps. “O que tem que melhorar é aumentar a taxa que fica pra gente, porque ainda está muito baixa”, defende.

 

 

Segundo a Frente de Apoio Nacional dos Motoristas Autônomos (Fanma), a mudança nos cálculos da remuneração aos condutores por parte da Uber é uma das principais reivindicações dos condutores. “Muitos têm visto seus veículos sucateados e arcam com todos os custos operacionais, sem o devido reconhecimento por parte da empresa’”, afirma.

 

De acordo com a Uber, “o cálculo leva em consideração itens como a estimativa de tempo e de distância da viagem, tempo e distância do percurso até o usuário, condições de trânsito, existência de ganho adicional por aumento da demanda (preço dinâmico), modalidade (UberX, Comfort etc.), entre outros”, explica a empresa.

 

PERFIL DO CLIENTE


Quem são os usuários de aplicativos de transporte

  • 60% são mulheres
  • 42 anos é a média de idade
  • 51% são da classe C
  • 31% são das classes AB
  • 18% são das classes DE

 

Fonte: Datafolha

 

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METODOLOGIA


A pesquisa feita pelo Datafolha sob encomenda da Uber ouviu 210 pessoas, de 18 anos ou mais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, entre os dias 4 e 15 de março, em entrevistas presenciais. A margem de erro é de sete pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.