A obra faz parte do conjunto de intervenções para melhoria do trânsito na região que liga os bairros Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, à Vila da Serra, em Nova Lima -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A obra faz parte do conjunto de intervenções para melhoria do trânsito na região que liga os bairros Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, à Vila da Serra, em Nova Lima

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

Sete meses depois do anúncio de quatro intervenções no trânsito no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, próximo à BR-356, as obras finalmente têm prazo para começar. De acordo com a prefeitura da capital (PBH), a previsão é de que as máquinas comecem a trabalhar em novembro. A licitação da empresa vencedora foi publicada no Diário Oficial do Município no sábado (5/10). Atualmente, a região que liga BH à Nova Lima recebe cerca de 15 mil veículos por dia, causando engarrafamentos. 


Estudos feitos para a aprovação dos projetos apontam que o fluxo dos carros vai diminuir em até 20% ao fim das obras. Ao Estado de Minas, o superintendente da Superintendência de Desenvolvimento da Capital, Henrique Castilho, explicou que, após a homologação da licitação, o prazo para que as intervenções comece é de 30 dias. Nesse meio tempo, a administração municipal deverá se reunir com associações de moradores e comerciantes da região para esclarecer os impactos causados pelas obras. ”Caso os trâmites necessários transcorram conforme o esperado, a previsão é de que as obras comecem entre novembro e dezembro”, afirmou. 


 

O projeto prevê a execução de quatro obras e a participação dos executivos de BH e Nova Lima. A capital será responsável pelo alargamento do viaduto sobre a BR-356, criando uma terceira faixa no sentido Belvedere-Santa Lúcia, com isso a via deverá ter seis pistas. No local, há um estreitamento da pista que causa congestionamento nos horários de pico. Conforme Castilho, serão investidos R$ 16,1 milhões, provenientes do Recursos Ordinários do Tesouro (ROT), e as obras deverão ser finalizadas em, aproximadamente, 720 dias contados a partir da data de emissão da Ordem de Serviço. 


“O grande problema que temos ali é resolver realmente e definitivamente um dos grandes gargalos do Belvedere, da Vila da Serra e de Nova Lima. Nossa grande preocupação ali é o trânsito, mas, durante as obras, vai ter poeira, congestionamento”, defende o superintendente.  


 

Obras


O pacote de intervenções para a melhoria do trânsito no acesso entre BH e Nova Lima inclui quatro empreendimentos, dois executados pela PBH e dois pela prefeitura do município vizinho. Além da que será iniciada no próximo mês, o projeto inclui a construção de um viaduto de acesso aos carros que querem entrar na BR-356 (sentido BH-RJ), para a MG-010 (sentido BH-Nova Lima), sem precisar usar o trevo da Avenida Raja Gabaglia. 


“Em BH ainda temos um viaduto que vai sair da BR-356 e chegar na MG-030. Nesse viaduto, a licitação para executar o projeto executivo deve ser publicada em novembro. Com isso, acreditamos que entre 2026 e 2027 as obras comecem”, explica o chefe da Sudecap. 


Já a Prefeitura de Nova Lima será responsável pela construção de uma estrutura em formato de ferradura para ligar a MG-030 à BR-356, no sentido Rio de Janeiro. A intervenção estava prevista para ser feita em junho deste ano, mas o projeto foi embargado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF)


Na época, o órgão apontou que o bloqueio foi feito com base na Lei Estadual 18.042/2009, uma vez que o projeto apresentava intervenções na área interna da Estação Ecológica do Cercadinho, espaço protegido. “A prefeitura de Nova Lima foi orientada a apresentar novo processo, contendo as coordenadas das intervenções que planeja realizar para implantação da alça viária, para que o IEF possa verificar a interferência na Unidade de Conservação”, informou o instituto.


 

Diante da rejeição, o Executivo municipal esclareceu que, “inicialmente, o entendimento era de que a área desafetada na Estação Ecológica do Cercadinho, com base em um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, já contemplava toda a área necessária para as obras”. 


A cidade também ficou responsável por alargar a alça que liga a BR-356 à MG-030, no sentido do centro da cidade, e adequar a largura do vão do pontilhão da linha férrea. A reportagem procurou a administração municipal para saber como está o andamento dos novos projetos e previsão para o início das obras, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.  


Aprovação da população 


Mesmo não tendo sido convidada para os debates que envolveram a elaboração do projeto de obras na região, a Associação dos Moradores do Bairro Belvedere aprovou o estudo. Na época do anúncio dos empreendimentos, o presidente da associação, José Eugênio Monteiro, a obra vai trazer muitos benefícios para o trânsito. “Os prefeitos se sensibilizaram em trazer o conforto da população. Por aqui, também temos um complexo hospitalar grande, que precisa de uma movimentação mais rápida. Como associação, não fomos chamados para opinar, mas é confiar. Temos certeza que com a técnica e política das prefeituras seremos beneficiados”, disse.


Apesar disso, entre os nova-limenses o projeto da Via de Integração Metropolitana, que visa interligar a MG-030 ao Bairro Jardim da Torre, tem causado polêmicas. Em setembro, moradores do condomínio Ville de Montagne fizeram uma petição para mudar o traçado do projeto, que prevê a construção de um viaduto próximo aos limites da área. Segundo Camila Adriana Silva Diniz, síndica da Associação Comunitária dos Moradores do Ville de Montagne, a obra vai desvalorizar casas próximas, tornar a área insalubre e desconfigurar o terreno.


 

“Degrada-se um bairro antigo e povoado como o Ville de Montagne e beneficia-se de um grande empreendimento imobiliário, que ainda está em fase de implementação. As obras avançam com rapidez, trazendo medo e indignação entre os moradores, os quais nem sequer poderão ter acesso ao uso da via, uma vez que ela apenas rasga o condomínio passando acima dele”, diz o texto.


O impacto, porém, vai além da desvalorização dos imóveis. A arquiteta e urbanista Claudia Pires aponta que o ecossistema da Mata do Jambreiro, que faz parte da Área de Proteção Ambiental Sul (APA-Sul), será atingido. Com diversas nascentes, é uma área importante de captação de água. “Como urbanista, vejo essa obra com muita preocupação. Porque ela interfere diretamente nas margens de um ecossistema protegido e, segundo alguns estudos feitos, inclusive altera os limites da Mata do Jambreiro. É uma obra para atender o mercado imobiliário”, afirmou.