Reconhecido como esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) desde 2001, o enxadrismo exige concentração e habilidades mentais. Embora muitas pessoas considerem o jogo muito difícil, a modalidade é ótima para desenvolver a cognição, seja de crianças, adultos ou idosos. Foi pensando em divulgar a atividade que o professor da modalidade e psicólogo Julio Lapertosa criou a Casa do Xadrez há mais de 20 anos, em março de 2000. O espaço fica localizado no Bairro Barroca, Região Oeste de Belo Horizonte, e recebe um público variado.
De acordo com Lapertosa, o objetivo era divulgar a prática como ferramenta auxiliar no desenvolvimento intelectual das crianças e adolescentes, além de treinar atletas para competições. Sem concorrentes para se inspirar, a Casa do Xadrez surgiu da paixão do professor pela atividade e pelo desejo em passar o conhecimento para outras pessoas. Diferentemente de um clube de xadrez comum, a ideia do enxadrista era de ensinar pessoas a praticarem a atividade, além de propor um espaço para que pessoas interessadas pela prática pudessem jogar.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
“Eu acho que todo mundo deveria, pelo menos, conhecer. Gostar ou não gostar é outro problema. Assim como música, literatura, essas coisas que a pessoa pode ter uma certa facilidade para aprender e, se ela não conhece, ela nunca vai saber se tem ou não. É uma atividade que exercita muito a mente. O xadrez trabalha a parte cognitiva de forma completa, porque você não consegue jogar uma partida sem prestar atenção, então se você está, por exemplo, pensando na conta que precisa pagar no final do mês, você não consegue jogar”, defende o professor.
Julio, que também é psicólogo, explica que o esporte tem tudo a ver com a área em que é formado. Para o especialista, a parte tática do jogo tem muita psicologia envolvida, pois é necessário um equilíbrio emocional muito grande. Neste e outros jogos de tabuleiro, é preciso ter um bom desempenho mental, além de preparo psicológico. No livro “Psicologia e xadrez”, publicado em 2012, o enxadrista aborda diferentes visões a partir do campo da psicologia e da psicanálise, envolvendo desenvolvimento e neurociência.
Atualmente, a Casa do Xadrez é mantida pelas aulas oferecidas no local e de maneira online, na qual o professor Julio Lapertosa monta cursos de diferentes níveis (que vão do iniciante, para aqueles que nunca jogaram na vida, até para pessoas que desejam participar de competições ou que querem se tornar professores). O treinamento de atletas de competição é individualizado e prioriza a integração pessoal. O espaço ainda atua com eventos, como palestras e torneios de xadrez, onde disponibilizam o material, profissionais e ficam responsáveis por toda organização.
“No princípio era livro. Na pandemia, não tinha como dar aula presencial. Então, a gente partiu para o digital, como muitos negócios. As pessoas dão aula online e montam esses cursos virtuais. Também foi uma bomba muito grande quando saiu aquela série, ‘O Gambito da Rainha’, [em outubro de 2020]. Teve muita procura e não tinha nenhuma condição de atender o volume que deu, aí começamos a montar esses cursos remotos e tem gente que prefere. Como o xadrez é técnico, você pode aprender por um curso à distância tranquilamente. Então, temos os presenciais e tem esse montado que a pessoa compra e assiste no momento que ela quer”, conta o enxadrista.
Enquanto o professor dá aulas sozinho no espaço, uma sócia realiza as tarefas administrativas da Casa do Xadrez, que funciona às terças-feiras das 9h às 21h. Diversos professores do ensino básico já participaram de treinamentos no espaço para iniciar o ensino do esporte em escolas, por meio de projetos da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Importantes nomes do xadrez no Brasil já passaram pela Casa, como Darcy Lima, Rafael Leitão, Krikor e Roberto Molina.
Serviço
Rua Campos Elíseos, 278 - Barroca, Belo Horizonte
Terça-feira, das 9h às 21h
*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Oliveira