Moradores da localidade do Vale do Gurita, no município de Delfinópolis, no Sudoeste do estado, se mobilizam para impedir a venda do terreno da antiga Capela de Nossa Senhora das Graças de Itajuí, na comunidade. Também lutam para garantir a preservação da construção, datada de 1951.
Conforme a professora Dênia Cristina Lopes, moradora de Delfinópolis (8.393 habitantes), há alguns meses surgiu a notícia de que a Diocese de Guaxupé, responsável pelo patrimônio, iria vender o imóvel da igrejinha. Embora não tenha sido revelado oficialmente, o interessado na compra teria como objetivo construir um empreendimento turístico no local, aproveitando os atrativos naturais da região.
“A comunidade ficou perplexa com a notícia da venda da capela e começou a se mobilizar para impedir que ela aconteça”, afirma Dênia, que é bisneta de Antônio Lopes Filho, um dos responsáveis pela construção do templo, juntamente com o irmão dele, Joaquim Lopes Silva. Na época, diante da falta de outros recursos, eles usaram cavalos e burros para transportar materiais para a edificação do templo.
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A professora explica que a comunidade tomou conhecimento da intenção da Igreja Católica de vender o patrimônio quando um engenheiro foi contratado para medir o terreno onde fica a “Capela do Itajuí”. De acordo com Dênia, na ocasião, ao ser procurado, o pároco de Delfinópolis confirmou que a Diocese de Guaxupé tinha contratado o engenheiro para fazer a medição da área ao redor da igrejinha, visando vendê-la para um investidor “de fora” que iria construir um empreendimento turístico na região.
Dênia disse também que uma pessoa ligada à Diocese de Guaxupé confirmou a negociação.
Comunicado
Na sequência, diante da reação da comunidade nas redes sociais, o bispo de Guaxupé, dom José Lanza Neto, emitiu um comunicado no qual afirmou que “a Igreja Católica mantém-se atenta e respeitosa às tradições locais e às diversas realidades eclesiais”.
Ainda na mensagem, o bispo declarou que a Diocese não tem intenção de negociar todo o terreno da capela do Itajuí. Porém, informou que a Igreja Católica tomou a decisão de vender “parte do imóvel”, que tem o total de sete hectares (o equivalente a sete campos de futebol). Garantiu que “de modo algum” a comercialização “prejudicará a utilização da capela e a vida da comunidade local, tanto para as celebrações quanto para os eventos”.
A professora Dênia Lopes ressalta que, na prática, a proposta da Diocese é negociar o terreno e colocar uma cláusula no contrato de compra e venda de que o futuro proprietário deverá preservar a capela e o terreno ao seu redor, o que daria em torno de 500 metros quadrados, já que não poderia haver desmembramento na escritura.
“Mesmo assim, a comunidade não concordou. Os moradores querem que todo o terreno da Capela do Itajuí seja preservado integralmente”, assegura Dênia. Ela informou que a Associação dos Produtores Rurais do Gurita encaminhou um ofício ao Ministério Público e ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Delfinópolis.
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Como resultado da mobilização comunitária, a prefeita de Delfinópolis, Suely Alves Ferreira Leite Lemos, assinou um decreto de tombamento provisório da Capela do Itajuí e das construções ao seu redor. O decreto determina que “quaisquer intervenções físicas a serem realizadas no referido bem tombado deverão ser previamente aprovadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Delfinópolis”.