Três meses após o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste (Cis-Urg Oeste) assumir a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, a ocupação do local voltou a atingir 150%. A gestora da unidade comunicou a situação à Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).
Diante do cenário, que ela classificou como "crítico", a prefeitura entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e acionou o Ministério Público (MPMG), destacando a gravidade do caso.
Para se ter ideia, a taxa de ocupação da unidade chegou a aproximadamente 150% de sua capacidade total, com 52 pacientes aguardando vaga para transferência hospitalar. O setor de observação adulto 1 chegou a 260% de ocupação ontem.
"Além dos pacientes cadastrados no sistema SUSFácil, aqueles que aguardam atendimento e estão em observação médica também podem necessitar de internação hospitalar", informou a prefeitura em nota.
Medidas para desafogar a UPA
A prefeitura, por meio da Semusa, reiterou que tem cobrado providências da Coordenação de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela regulação de internações hospitalares na rede de urgência. Durante a madrugada desta sexta-feira (18/10), a Regulação conseguiu transferir 14 pacientes para hospitais de Divinópolis e região.
"Houve uma normalização, mas lembrando que o nosso contexto, em geral, principalmente de entrada e saída de pacientes, muda de minuto a minuto", explicou o diretor assistencial Cleverson Humberto de Souza Silva.
Apesar de operar com ocupação acima da capacidade, o diretor técnico da UPA, médico Marco Antônio Expedito, garantiu que a assistência não foi prejudicada. "Na realidade, observamos um aumento no número de atendimentos, mas prontamente acionamos o plano de contingência", explicou. Para contornar a situação, novos médicos foram convocados.
"Uma equipe extra foi escalada tanto para o plantão diurno quanto para o noturno. O mesmo foi feito com a equipe de enfermagem para garantir a segurança e o atendimento ao paciente. Priorizamos a manutenção do serviço, mesmo com a demanda acima do normal, e não observamos qualquer prejuízo à assistência", afirmou.
Mesmo com a superlotação, o secretário-executivo do Cis-Urg Oeste, José Márcio Zanardi, assegurou que a unidade manterá os atendimentos normalmente. "Ninguém deve deixar de vir por causa disso. Qualquer paciente em situação de emergência receberá atendimento", garantiu.
Demanda superior à oferta de leitos
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que realiza o cadastro de todos os pacientes que necessitam de leitos para internação hospitalar. As solicitações são analisadas pelos médicos reguladores plantonistas, e as centrais realizam a regulação conforme a disponibilidade de vagas. No entanto, segundo a pasta, atualmente a demanda tem superado a oferta.
Leia a nota na íntegra:
"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, esclarece que, para todo paciente que necessita de um leito para internação hospitalar, é realizado um cadastro através do Sistema SUSfácil, que é avaliado pelas Centrais Macrorregionais de Regulação Assistencial.
As Centrais de Regulação trabalham diuturnamente, sete dias por semana.
Cada solicitação é avaliada tecnicamente pelos Médicos Reguladores Plantonistas, que após análise de cada caso, tentarão encaminhar o paciente para o local mais adequado e que atenda as demandas específicas de cada paciente.
Cabe informar que as Centrais Macrorregionais regulam Aacesso a leitos hospitalares disponíveis, conforme pactuações entre municípios e gestores, respeitando a capacidade assistencial de cada prestador. Ou seja, as Centrais Macrorregionais não criam leitos, apenas fazem a regulação dos mesmos mediante uma rede previamente estabelecida.
Caso não existam leitos disponíveis na macrorregião de origem do paciente, a busca é ampliada para outras macrorregiões.
Ocorre que, infelizmente, a demanda atual é muito maior que a oferta de leitos resolutivos disponíveis. Todas as portas hospitalares resolutivas da Macrorregião Oeste encontram-se com lotação máxima, atendendo acima de sua capacidade.
A SES-MG através da Superintendência Regional de Saúde, do Comitê Gestor da Rede de Urgências e Emergências da Macro Oeste, com o acompanhamento e apoio do Ministério Público vem realizando um trabalho incessante na tentativa de abertura de novos leitos e melhoria da capacidade resolutiva de alguns prestadores da região, visando amenizar tão grave situação."
*Amanda Quintiliano especial para o EM