Trinta anos depois da última reforma, restauração da fachada da Santa Casa vai trazer de volta o projeto original do arquiteto italiano Raffaello Berti, da década de 1940 
 -  (crédito: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)

Trinta anos depois da última reforma, restauração da fachada da Santa Casa vai trazer de volta o projeto original do arquiteto italiano Raffaello Berti, da década de 1940

crédito: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS

O nome do arquiteto italiano Raffaello Berti (1900-1972) conduz a um pedaço importante da história de Belo Horizonte e convida a um passeio pelo patrimônio da cidade. Ele chegou a BH em 1929 com a intenção de passar apenas seis meses e ficou até o fim dos seus dias, participando da fundação da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde lecionou, e fazendo mais de 500 projetos em BH e no interior de Minas. Entre seus trabalhos de destaque, está o da Santa Casa, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul. Agora, após mais de 30 anos da última reforma, o hospital de alta complexidade e 100% SUS ganha primorosa restauração da fachada.

 

Ao custo de R$ 9 milhões, captados via Lei Rouanet, a primeira fase da obra vai resgatar o projeto original de Berti, da década de 1940, com previsão de ser concluída em julho do ano que vem. De acordo com a direção do hospital, serão contempladas, inicialmente, as fachadas laterais e a frente – já o bloco B e a parte dos fundos constarão da segunda etapa, prevista para ser executada em 2025. Ao passar diante da Santa Casa BH, construção de 13 andares, tombada pelo município, os moradores e visitantes veem um cenário diferente, pois o jardim está protegido por tapumes metálicos.

 

 

SÍMBOLO ARQUITETÔNICO

 

Seguindo a paleta de cores do projeto original, o atual azul da fachada sairá de cena para dar lugar ao “pérola de quartzo”, nome inspirado no mineral abundante em Minas. Na base e no coroamento do prédio, entrará o “calcário cristalino”, cor um pouco mais escura que remete a um mineral com tonalidade terrosa, muito comum em formações rochosas do estado.

 

Já nos frisos da fachada, será aplicado o “branco do vale”, inspirado na argila branca encontrada no Vale do Jequitinhonha. A fachada receberá iluminação adequada para realçar a beleza e a imponência da edificação. As intervenções estão a cargo da empresa Multicult.

Conforme o provedor da Santa Casa BH, Roberto Otto Augusto de Lima, a paleta vai valorizar ainda mais as características do prédio. “As cores irão potencializar de maneira evidente a elegância do edifício, um dos símbolos arquitetônicos de BH e um marco do art déco, estilo em voga na capital nas décadas de 1930 e 1940.”

 

Ele informa que a restauração faz parte das comemorações dos 125 anos da Santa Casa BH.

 

 

O processo de requalificação inclui todos os reparos estruturais, incluindo a recuperação de ferragens expostas, esquadrias e outras partes desgastadas pela ação do tempo. No caso das esquadrias, a forma original será resgatada, enquanto as instalações elétricas, de água e esgoto, que aos poucos foram sendo transferidas para as fachadas, ficarão embutidas.


Saúde de ponta


Desde 1899, a Santa Casa BH se dedica a levar saúde de ponta para todos. É a maior instituição de saúde de Minas Gerais, sendo composta por 10 unidades, incluindo o Hospital de Alta Complexidade 100% SUS, o maior do país em número de internações pelo Sistema Único de Saúde. A unidade, cuja fachada está sendo restaurada, atende mais de 90% dos municípios mineiros e se destaca como referência nacional em alta complexidade, em especialidades como cirurgia cardíaca, neurocirurgia, transplantes, oncologia, nefrologia e partos de alto risco.

 

 

Obras de restauro da casa da década de 1930, no Centro Histórico, para sediar a Casa dos Romeiros

Obras de restauro da casa da década de 1930, no Centro Histórico, para sediar a Casa dos Romeiros

MARCO AURÉLIO FONSECA/ESP. EM


Casa dos Romeiros...


Estão a todo vapor em Santa Luzia, na Grande BH, as obras de restauro da casa da década de 1930, no Centro Histórico, para sediar a Casa dos Romeiros. A expectativa é de que em 13 de dezembro, data consagrada à padroeira da cidade, parte do imóvel tombado, com fachada eclética, possa acolher os milhares de peregrinos em visita ao Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, na Praça da Matriz. Os recursos vêm da comunidade e dos romeiros.

 

 

...e Museu de Arte Sacra

 

Há muito trabalho pela frente, com a sempre incessante busca de recursos para salvar o patrimônio, diz o padre Felipe Lemos de Queirós, reitor do santuário, explicando que o maior desafio é restaurar a parte histórica. Ele conta que está em construção um anexo para receber o Museu de Arte Sacra, o Museu do Jubileu de Santa Luzia, a Sala dos Milagres, além de banheiros e bazar de artigos religiosos. Um dos detalhes é que a casa foi doada à paróquia pelos herdeiros do casal Eurides de Souza Lima e Ana Augusta de Lima, conhecida por dona Nica. As primeiras ações na construção (fechada durante 30 anos) foram intermediadas pelo então promotor de Justiça da comarca de Santa Luzia, Marcos Paulo de Souza Miranda.


PAREDE DA MEMÓRIA


Este aqui não é um “cantinho da saudade”, mas um espaço para registrar monumentos demolidos, bens desaparecidos, peças históricas procuradas pelas autoridades, enfim, o que Minas já perdeu ou pode resgatar. O templo apresentado, hoje, é a Igreja Santa Rita, demolida em 1938, em Sabará, na Grande BH. Há várias versões para a destruição, uma delas a necessidade de alargamento da antiga Rua Direita, depois Dom Pedro II, no Centro Histórico da tricentenária cidade. Também matriz no seu tempo, ao lado da de Nossa Senhora da Conceição, a Santa Rita foi erguida entre 1713 e 1717.


“Arte,Cultura e Fé”


Precioso, em forma e conteúdo, o livro “Arte, Cultura e Fé” (C/Arte), do arquiteto e historiador Leônidas Oliveira. Na obra, fruto de cinco anos de pesquisas na Europa e no Brasil, Leônidas aborda filosofia da arte, história da arquitetura e evolução do Barroco desde as origens europeias até sua expressão singular no Brasil colonial. O foco está também na arquitetura religiosa, no modernismo mineiro, na cidade de Brasília (DF) e na transformação dos estilos arquitetônicos ao longo do tempo. Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas lançou o livro em BH e Tiradentes. À venda nas livrarias e na www.amazon.com


Vida na flauta


Boa iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), que lançaram o Cadastro do patrimônio cultural de flautas tradicionais: bandas de taquara, pifeiros e mestres fazedores de gaitas e pífanos. O objetivo é reunir dados para apoiar o processo de registro como patrimônio cultural imaterial de Minas. Pífanos e gaitas são instrumentos musicais de sopro presentes no estado desde o século 18. Mais informações no site iepha.mg.gov.br

 

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Santa visita

 

Terminada a festa do Círio em Belém (PA), a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré visitará a Arquidiocese de BH, entre 30 de outubro e 4 de novembro. No sábado (2), será acolhida, durante missa, na Igreja do Carmo, na capital. Veja o roteiro: chegada a Confins (30, às 20h15), seguindo-se carreata até a Capela Nossa Senhora da Conceição (Colégio Arnaldo), em BH. No dia seguinte (31, às 9h), estará no Santuário Arquidiocesano de Santa Luzia, e, à tarde (16h), em Caeté (Morro Vermelho e na Igreja Nossa Senhora de Nazaré). A imagem estará ainda em Sabará (1/11) visitando as igrejas barrocas da cidade tricentenária.