Centro de Operações de Distribuição de Energia Elétrica da Cemig -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press. Brasil. MG)

Centro de Operações de Distribuição de Energia Elétrica da Cemig

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press. Brasil. MG

Minas Gerais teve um aumento de 184% no registro de descargas atmosféricas de um ano para o outro, segundo dados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). As ocorrências saíram de 869 mil, em 2022, para 2,4 milhões, em 2023.

 

Os dados de alertas meteorológicos e descargas elétricas são colhidos pela Cemig para que a empresa se prepare para possíveis desligamentos de energia. Apesar da alta expressiva de descargas elétricas no ano passado, a previsão para a atual temporada de chuva é que a incidência de raios diminua, mas as precipitações fiquem mais frequentes com a ocorrência de Zonas de Convergência do Atlântico Sul, principalmente em janeiro.

 

 

De acordo com o meteorologista da companhia, Arthur Chagas de Paiva Neto, os volumes de chuva no estado devem sofrer um aumento nos próximos meses até chegarem ao ápice entre janeiro e fevereiro. Conforme o especialista, as Zonas de Convergência do Atlântico Sul que devem acontecer em Minas podem ter duração de 4 a 12 dias. Elas provocam grandes volumes de chuvas nas regiões afetadas.

 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse sistema é causado pelo comportamento dos ventos em altos e baixos níveis da atmosfera com a formação de uma frente fria, de um centro de baixa pressão ou de área alongada de baixa pressão em superfície. Conforme Arthur Paiva, o sistema, que é característico do verão, deve acontecer em janeiro.

 

“Os meses da Zona de Convergência são dezembro e janeiro. Este ano, em dezembro, nós estamos esperando um pouco abaixo da média, devido aos episódios de zonas de convergência ocorrerem com menor frequência. Já em janeiro é o contrário, esperamos que ocorram eventos mais intensos e mais frequentes desse tipo. No ano anterior, nós tivemos uma ausência quase completa dessas zonas de convergência. Acho que só ocorreram dois eventos. Normalmente, nós temos um número entre cinco e oito. Então, a expectativa para esse ano é que eles ocorram, mas principalmente em janeiro”, ressalta Paiva.

 

  

Arthur Paiva explica que toda a faixa leste do estado, do Sul de Minas Gerais até o Vale do Jequitinhonha devem ter grandes volumes de chuvas nos próximos meses. “A expectativa para o período chuvoso neste ano é de muito mais chuva do que no ano passado, mas algumas regiões com ocorrências ainda abaixo da média. O Sul de Minas, Zona da Mata, parte da Região Central e a parte Leste do estado são as regiões que receberão a maior quantidade de chuva”, ressalta o meteorologista da Cemig.

 

Ainda conforme o meteorologista, as chuvas recorrentes vão se refletir na redução de tempestades com descargas atmosféricas. “Como nós estamos esperando mais chuvas, a expectativa é de que a quantidade de raios diminua, porque a temperatura vai cair um pouco, com o dia mais nublado e as chuvas caindo com maior frequência. Então a nossa expectativa para este ano, para o período chuvoso, é que haja uma ligeira diminuição na ocorrência de raios”, detalha Arthur Paiva.

 

  

No entanto, essa será uma característica apenas deste período chuvoso. “A longo prazo, devido ao aumento nas temperaturas ocasionado pela mudança climática, esperamos um aumento gradativo nas tempestades. Como aconteceu de 2021 para 2022 e 2022 para 2023. Quando você analisa mais de 30 anos de dados, você vê, por exemplo, o aumento contínuo da temperatura”, explica o meteorologista.

 

Com as chuvas recorrentes, alagamentos e quedas de árvores causam transtornos para a rede elétrica. E os raios são uma das preocupações da Cemig. “Nós temos mecanismos de previsão meteorológica e de alerta meteorológico voltados especificamente para raios. E as proteções que nós temos nos postos, nas linhas, são especificamente para isolar aquele posto o máximo possível. Isso é uma preocupação para identificarmos áreas que podem ter desligamentos. Quando a gente abre o alerta, o pessoal de campo já fica de prontidão para caso haja um desligamento”, detalha.

 

 

Para o período chuvoso, a Cemig admite a possibilidade da ocorrência de desligamentos de energia. “Quando há muita chuva é comum que a gente tenha mais desligamentos da rede. Isso acontece no Brasil e no mundo inteiro. Em alguns momentos, a gente não tem água caindo em uma determinada região, mas tem descargas atmosféricas e ventos. Então, isso também pode ocasionar um problema na energia elétrica, essas condições meteorológicas fazem com que a gente tenha o risco maior de um desligamento”, ressalta Alisson Chagas, superintendente de engenharia da Cemig.

 

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No entanto, a empresa não acredita na possibilidade de acontecer em Minas algo parecido com o apagão registrado em  São Paulo. Na última semana, milhares de casas ficaram sem energia elétrica durante dias depois de um temporal atingir a região.

 

“A Cemig está preparada, a gente tem equipes que estão diariamente de sobreaviso, temos aí quase 500 subestações, 3.000 equipamentos na rede, mais de 15.000 telecontrados. E esses equipamentos garantem o remanejamento das cargas da forma mais rápido possível. A gente tem geradores que a gente pode instalar na rede, a gente tem 31 subestações móveis. Nessas subestações a gente consegue substituir um equipamento danificado e isso garante o restabelecimento imediato”, ressalta a técnica de supervisão e controle de sistema elétrico da Cemig, Suellen Braga.