Ao caminhar pela capital mineira, é evidente o impacto das altas temperaturas na vegetação. Árvores, plantas e até a grama estão secas, muitas vezes exibindo uma coloração amarelada e uma aparência murcha. Diante dessa realidade, surge o questionamento: quem é responsável por regar o ‘verde’ das ruas, praças e avenidas de BH?

 




Apesar de contar frequentemente com a colaboração de moradores e estabelecimentos privados nas regiões, a irrigação da vegetação nos canteiros centrais e praças é realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

 

“A Subsecretaria de Zeladoria Urbana (Suzurb) informa que, diariamente, 20 caminhões-pipa distribuídos nas nove regionais da cidade são utilizados em serviços de manutenção, como tratamento de vias, desobstrução de redes de drenagem, abastecimento emergencial de próprios municipais e apoio ao Corpo de Bombeiros, incluindo também a irrigação de plantas, canteiros, jardins e áreas verdes”, informa o executivo municipal. Cada caminhão-pipa, em média, comporta 10 mil litros de água e é abastecido, em média, duas vezes ao dia.

 

A rotina de regar varia de acordo com as demandas de cada regional. A PBH considera o número de praças e canteiros, além da necessidade de irrigação mais frequente em casos de plantios recentes.

 

 


No entanto, a prefeitura reconhece que “o longo período de seca que acomete o município de Belo Horizonte tem prejudicado o desenvolvimento das plantas, diminuindo seu vigor e provocando o amarelecimento das folhas.” Neste sábado (5/10), a capital mineira deve completar 169 dias consecutivos sem chuvas, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).


Irrigação


Apesar de a irrigação ser fundamental, a bióloga e mestre em botânica Fernanda Raggi explica que há um horário adequado para molhar as plantas: antes das 9h e depois das 17h, períodos em que o sol está menos quente. “Quando a água cai nas folhas, há uma estrutura chamada estômato que se abre em contato com a água, e a planta acaba queimando por dentro devido à radiação ou desidratando com o excesso de calor”, explica Raggi, que também é docente do Centro Universitário UniBH.

 


A bióloga também ressalta que há canteiros na cidade que não são molhados, pelo menos não com a frequência necessária. Nesses casos, “as plantas sofrem muito com o excesso de calor porque elas retiram água do solo ou da atmosfera. Como a umidade relativa do ar está abaixo de 30%, muitas delas estão em um momento de sofrimento: as folhas caem ou acabam morrendo”, diz Raggi.

 

Ao andar pela capital mineira, é notável o impacto das altas temperaturas nas vegetações

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press. Brasil. Belo Horizonte-MG.



Perda de água


Assim como o suor é fundamental para os seres humanos, a perda de água é essencial para as plantas. Ambos possuem mecanismos de resfriamento que, se sobrecarregados, tornam-se ineficazes e podem causar danos ao organismo.

 

As plantas também precisam perder água para suportar o calor e regular sua temperatura. No entanto, em temperaturas muito altas, a perda de água pode ser tão intensa que se torna maior do que a quantidade que as raízes conseguem absorver.

 


“A planta precisa absorver CO? para que a fotossíntese ocorra, mas isso só acontece quando há luz. No entanto, sempre que há luz, também há calor. Dessa forma, para evitar o superaquecimento, ela perde água na forma de vapor pelo estômato”, explica Alexandre Aparecido Duarte, doutor em biologia vegetal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Assim, a planta acaba fechando o estômato – “uma estrutura que funciona como nossos poros, abrindo e fechando à medida que está hidratada ou não." Como resultado, a planta murcha e suas folhas se enrolam, principalmente as mais longas.


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As folhas murcham justamente por causa dessa perda de água, pois a planta busca evitar uma grande área exposta ao sol, o que leva ao seu enrolamento.

 

*Estagiárias sob supervisão da subeditora Fernanda Borges

 

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