Dos cinco municípios brasileiros que apresentaram as condições mais críticas de seca em setembro, pela primeira vez em 2024 figuram áreas de Minas Gerais. São três municípios mineiros e dois paulistas enfrentando a chamada Seca Excepcional, de acordo com boletim do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

 

Segundo os dados do Índice Integrado de Seca (IIS-1) do Cemaden para o mês de setembro, Cambuí, Consolação e Olímpio Noronha, todas no Sul de Minas, atravessam a chamada Seca Excepcional, ao lado das paulistas Ariranha e Trabiju, figurando como a alvos da situação mais grave no país.

 

 


 

 

O índice de curtíssimo tempo mostra o retrato de um mês, e a seca excepcional representa o nível mais grave de escassez hídrica, com impactos críticos em larga escala que podem comprometer municípios se perdurar, trazendo falta de água em reservatórios, rios e poços, levando ao colapso do abastecimento, a perdas agrícolas e impactos severos na segurança alimentar e na economia.

 

O Cemaden divulgou também o Índice Integrado de Seca (IIS-3) para setembro, com previsão para outubro. De acordo com o levantamento, 216 municípios se encontravam em situação de seca extrema no mês passado, sendo 72 em São Paulo, 54 em Minas Gerais e 17 no Mato Grosso. A previsão é que esse número aumente para 293 em outubro – um acréscimo de 35,64%.

 

 

As categorias de seca variam com base na intensidade e duração dos déficits de chuva, umidade do solo e saúde da vegetação. Quanto mais prolongada a seca, maiores os impactos acumulados, segundo o Cemaden.

 

 

O Índice Integrado de Secas (IIS) para setembro indica que 1.133 municípios apresentaram condição de seca severa, com projeção de aumento para 1.177 em outubro. De acordo com o monitoramento do Cemaden, diversos municípios nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste já enfrentam a seca há mais de um ano. 

 

 

Os piores são no Amazonas com destaque para Barcelos (16 meses), Santa Isabel do Rio Negro (16 meses), Codajás (15 meses), Maraã (15 meses), Guajará (14 meses), Fonte Boa (15 meses), Uarini (15 meses), Ipixuna (14 meses).

 

Nos demais estados há outros municípios com situação crítica como: Rorainópolis - RR (14 meses), Eldorado do Carajás - PA (16 meses), Capixaba - AC (14 meses), Plácido de Castro - AC (14 meses), Castanheira - MT (12 meses), Rondolândia - MT (12 meses), Cabixi - RO (13 meses), Corumbiara - MT (13 meses), Chupinguaia - MT (13 meses), Mâncio Lima - AC (13 meses), Porto Walter - AC (14 meses), Rodrigues Alves - AC (14 meses), Capim Branco - MG (12 meses), Ipiaçu - MG (12 meses), Apiacás - MT (12 meses), Colniza - MT (12 meses).

 

Índices de secas extremas dos últimos três meses mostra crescimento no Brasil dessa situação crítica

Reprodução/Cemaden
 

 

A pesquisadora Ana Paula Cunha, do Cemaden, chama atenção para a criticidade da seca em termos de duração. Do Norte ao Sudeste, a seca teve início ainda no segundo semestre de 2023. Nessas regiões, o ciclo hidrológico anual foi caracterizado por chuvas abaixo da média. “A situação foi intensificada em decorrência de um período prolongado sem nenhum registro de chuvas”, afirma. Em algumas regiões, já são mais de cinco meses consecutivos sem chuva. 


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Apesar de a seca ter sido associada com a evolução do fenômeno El Niño, principalmente no segundo semestre de 2023, o Cemaden destaca que ainda são observadas anomalias de temperatura significativas no Oceano Atlântico Norte, o que pode ter significativa influência nos regimes de chuva no país. "Essa influência tem acontecido no sentido de diminuir as chuvas na maior parte do Brasil, como temos observado nos últimos 12 meses", informa.

 

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG) informa que o estado tem atualmente 148 municípios em Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP) declarados em razão de seca ou estiagem, conforme solicitação de reconhecimento lançada no Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres (S2ID) vigentes.

 

Até o momento, os reservatórios do Sistema Paraopeba que abastecem a Grande BH se encontram com 54% de sua capacidade máxima, segundo a Copasa. O mais desgastado, Vargem das Flores, com 40,9%, seguida por Rio Manso (52,2%) e Serra Azul (62,7%). Nenhum dos sistemas produtores apresentou chuvas em outubro, quando a média histórica deveria ser de 98,1 milímetros para o Rio das Velhas e os três reservatórios do Sistema Paraopeba.

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