A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência inusitada no icônico Edifício JK, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde desta segunda-feira (7/10). Um morador tentou pagar a taxa mensal do condomínio com moedas de R$ 1, após a administração do local informar que passaria a aceitar pagamentos apenas em espécie — ou seja, em notas.

 

Segundo a corporação, os militares foram chamados pelo condômino após ele entrar em "atrito" com um funcionário da administração que se recusava a aceitar o pagamento em moedas. De acordo com uma moradora, que preferiu não ser identificada, quando os policiais chegaram, os funcionários decidiram aceitar a quantia e começaram a contar as moedas. "A fila adorou", completou a residente.

 



 

Conforme o Estado de Minas noticiou na última terça-feira (1/10), o icônico edifício voltou ao centro das atenções após moradores denunciarem medidas tomadas pela administração. A mudança na forma de pagamento foi comunicada a alguns residentes no dia 27 de setembro.

 

Ao EM, uma moradora, que preferiu não se identificar por medo de represálias, relatou que até o dia anterior ao comunicado, alguns residentes conseguiam visualizar o registro da parcela no Débito Direto Autorizado (DDA). No entanto, na manhã seguinte, a informação havia desaparecido. Ao questionarem a administração, foram informados de um problema com o banco e orientados a efetuar o pagamento em dinheiro diretamente no local.


 

“A questão é muito grave, não pouco grave. Porque é quase uma violência. Hoje em dia, obrigar as pessoas a comparecerem pessoalmente em horário restrito e carregarem essa quantia em dinheiro é absurdo. Algumas pessoas têm que pagar mais de R$ 800. Caso contrário, correm o risco de ficarem inadimplentes e precisarem resolver a questão judicialmente, o que não é simples, pois envolve custos com advogado e a abertura de uma ação”, afirma a moradora.

 

Além da mudança na forma de pagamento, os moradores também reclamam da forma como a decisão foi comunicada. Para a residente, a comunicação foi falha, já que os gestores do condomínio não explicaram de forma clara e oficial o ocorrido. Ela conta que a versão dada àqueles que procuraram a administração foi que os boletos apresentaram problemas e que a situação seria resolvida.

 

“Muitos já pagaram [em espécie] por medo, e alguns estão se arriscando a pagar via pix, que descobrimos ser o CNPJ do condomínio. Não sabemos se receberemos o recibo do pagamento e se o condomínio reconhecerá que quitamos a dívida, ou se irão considerar que estamos inadimplentes”, explica.

 

 

Reajuste 


Outro ponto de insatisfação é o recente reajuste da taxa condominial. No documento fixado no edifício, ao qual a reportagem teve acesso, e assinado pela síndica Maria Lima das Graças, consta que o aumento será de 12% para "estabelecer o equilíbrio financeiro entre receitas e despesas do conjunto".

 

O texto justifica a nova taxa devido aos aumentos em despesas como água, luz, plano de saúde dos funcionários e transporte público. Além disso, o comunicado informa que houve reajustes no preço de materiais de limpeza, mão de obra, seguro dos prédios e manutenção dos elevadores.


 

Em conversa com a reportagem, outra proprietária, que também preferiu não se identificar, afirmou que o valor cobrado mensalmente pela administração não reflete a realidade do condomínio. Segundo ela, a infraestrutura tem deixado a desejar, com vários elevadores apresentando problemas, e as áreas comuns do prédio, projetadas pelo arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer para incentivar a convivência entre os moradores, estão fechadas e em estado de abandono.


 

O que diz a administração do JK


Em contato com o Estado de Minas na época das denúncias, o gerente do edifício JK, Manuel Gonçalves de Freitas, afirmou que a forma de pagamento em espécie não foi imposta aos condôminos, mas apresentada como uma alternativa ao problema com os boletos. Ele explicou que a administração não aceita transferências bancárias ou pix, conforme estabelecido em ata, pois há dificuldade em identificar os pagamentos por esses meios.


 

"Quem não quiser vir pagar aqui, não tem problema, pode aguardar o boleto com nova data de vencimento. Quando fazem transferência, temos dificuldade em identificar quem está pagando. Quando o pagamento é via boleto, o banco nos envia um retorno com o valor e o número da unidade que efetuou o pagamento. Quando o valor é pago diretamente aqui, nós já damos baixa na hora", explicou o gestor.


 

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