Um incêndio de grandes proporções atinge a Serra da Moeda, na cidade homônima, localizada na Região Central de Minas Gerais, desde domingo (6/10). De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMMG), até a manhã desta terça (8), seis militares e 13 brigadistas atuavam no combate às chamas.

 

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Moradores da região relatam que o fogo se propagou rapidamente devido aos ventos e se sentem desamparados pelos governos municipal e estadual. Em entrevista ao Estado de Minas, a geógrafa Maura Bartolozzi Ferreira, moradora do Condomínio Santuário, em Moeda, na Região Central, expressou muita tristeza em ver uma área de vegetação enfrentar um incêndio tão forte.

 



 

“Já houve um incêndio há quatro anos, mas a proporção desse incêndio é fora de perspectiva. É assustador. É uma visão apocalíptica”, comenta Maura, que possui propriedade no condomínio desde 2014 e mora no local desde 2019.

 

 

Segundo a residente, houve um incêndio em 2020 na Serra da Moeda, mas de menor gravidade. Desta vez, ela relata o medo que vizinhos sentem em relação ao extermínio da natureza local.

 

“O incêndio causa problemas seríssimos para fauna e flora e afeta os cursos de água, pois temos 16 cursos que vêm perdendo água ao longo dos anos, por causa da seca. Cada gota de água é preciosa. Com o incêndio, estamos perdendo a disponibilidade de água, que gera uma destruição na hora que começam as chuvas. Você tem uma erosão muito grande”, diz.


Emocionada, a moradora do condomínio conta que os residentes podem ocupar apenas 10% da área, para preservação, mas que eles já esperavam um incêndio de grandes proporções, caso não houvesse chuva. Como o período de estiagem segue firme em boa parte de Minas, a propagação do fogo em vegetação se agrava.

 

 

Ainda de acordo com Maura, que também é presidente da associação de moradores do condomínio, existe uma brigada de incêndio para atuar nessas circunstâncias. No entanto, o fogo começou do outro lado da serra, com muito vento, e, segundo ela, os militares chegaram muito tarde para fazer o combate. Além disso, não houve combate efetivo com a aeronave, pois não havia condições de atuar no local.


Segundo o Corpo de Bombeiros, há uma grande linha de fogo com chamas altas no local. Dois helicópteros estão sendo utilizados na dispersão do fogo, sendo um deles da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 

A Prefeitura de Moeda informou que tem atuado nos combates de incêndios no município utilizando caminhões-pipa. "No mais, esclarecemos à comunicação moedense em geral que município age preferencialmente sob orientação do Corpo de Bombeiros, autoridade competente e com expertise no combate a incêndios florestais", completou.


Outras áreas afetadas

Além da Serra da Moeda, outras cinco áreas são atingidas por incêndios e contam com a atuação do Corpo de Bombeiros. Na Serra do Caraça, em Catas Altas, também na Região Central, o fogo já está no seu 28º dia. Desde o início das chamas, além da preocupação com a mata preservada, existe a ameaça aos condomínios.


Na Floresta Estadual Uaimii, em Ouro Preto, o fogo chega ao seu décimo dia nesta terça. Os trabalhos, nesse período, são de observação da área queimada e novos focos. Já no Parque Estadual Nova Baden, próximo a Lambari, no Sul de Minas, o fogo consome a vegetação há dois dias.


No Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira, perto de Barbacena, no Campo das Vertentes, o combate ao fogo entra no terceiro dia. Lá, quatro bombeiros e dez brigadistas atuam no combate.


 

Nesta terça-feira (7/10), um incêndio começou na Área de Proteção Ambiental (Ap) Parque Fernão Dias, em Contagem, na Grande BH, onde um bombeiro e nove brigadistas trabalham. A expectativa é que o incêndio seja debelado ainda hoje.


Estado crítico

 

Minas Gerais enfrenta neste ano um de seus piores períodos de estiagem. Com ausência de chuvas significativas e baixo índice de umidade, o aumento das queimadas tem sobrecarregado o Corpo de Bombeiros (CBMMG). De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado tem o maior número de queimadas desde 2011.


Segundo o governo estadual, a ofensiva das autoridades contra incêndios criminosos em Minas já resultou na condução de 216 pessoas por crimes relacionados a incêndios, sendo 76 por crimes ligados a queimadas florestais.


O aumento expressivo de queimadas no estado tem mobilizado uma intensa operação para identificar e punir os responsáveis. A prática de atear fogo em áreas de vegetação é considerada crime ambiental, conforme estabelecido pelo artigo 41 da Lei nº 9.605/98, que prevê punições para atividades que prejudiquem o meio ambiente.


Entre janeiro e setembro de 2024, a Polícia Civil (PC) indiciou 91 pessoas por crimes relacionados a incêndios em Minas, um aumento de 13,75% em relação ao mesmo período de 2023. Ainda assim, o número é muito inferior ao de ocorrências registradas. A dificuldade em identificar os responsáveis é uma das principais barreiras no combate a esses crimes. 

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