A startup mineira Hauss Brasil busca resolver o déficit habitacional do país com casas "fabricadas" por meio do método Light Wood Frame (LWF), que promete residências prontas em 48 horas. O primeiro conjunto habitacional será entregue em outubro deste ano no município de Itamogi, na Região Sul de Minas Gerais. A expectativa é entregar mais de 1.000 unidades nos primeiros 12 meses de operação.

 



 

Um dos criadores da startup, Paulo Curió, engenheiro civil e especialista em gestão de obras, explicou que a tecnologia LWF se baseia no uso de estruturas de madeira, extraída de florestas plantadas e submetida a tratamentos químicos. Essa madeira provém de fontes sustentáveis e é rastreável desde o plantio.

 

 

A casa também possui uma membrana hidrófuga, que forma uma barreira inteligente contra a água, protegendo contra a umidade e permitindo a ventilação interna das paredes. Essa membrana também ajuda a prevenir doenças respiratórias, um problema enfrentado por grande parte do público-alvo do projeto, segundo Curió.

 

A novidade resulta de uma parceria com os municípios e com a Caixa Econômica Federal, por meio do programa “Minha Casa, Minha Vida”. A proposta é oferecer casas a preços acessíveis para as camadas mais baixas da população. Segundo a empresa, esta é a primeira vez que essa tecnologia é utilizada com esse propósito no Brasil e no mundo. Curió destacou que o valor de comercialização das casas é estipulado pela Caixa, fixado em R$ 130 mil.

 

 

Segundo dados de 2022, divulgados este ano pela Fundação João Pinheiro (FJP), o Brasil enfrenta um déficit habitacional de 6,2 milhões de moradias. Além do problema habitacional, a empresa também busca combater o impacto ambiental presente nas construções convencionais.

 

O engenheiro civil ressaltou que a construção de uma casa tradicional, que utiliza britas e cimento, depende da mineração, um processo que emite uma quantidade significativa de gases de efeito estufa. “Quando tenho uma casa de alvenaria de 50 m², ela emite em torno de 50 a 60 toneladas de gases de efeito estufa. Já nosso modelo emite apenas 3,8 toneladas”, explica.

 

 

Com a composição das paredes em sete camadas e os materiais utilizados, a variação térmica da residência é de apenas um grau, mantendo uma temperatura média de 21º, independentemente das condições climáticas externas. Isso resulta em um consumo de energia reduzido. Paulo Curió também destacou que a madeira é tratada com proteção contra chamas e pragas. “Essas moradias duram em média 50 anos, mas já existem exemplos em outros países de casas feitas com o mesmo material que alcançaram 100 anos”, declara.

 

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O especialista em gestão de obras explicou que a empresa está produzindo as casas em Araucária, no Paraná, e transporta duas residências por caminhão. As casas seguem o modelo do programa "Minha Casa, Minha Vida", com dois quartos, uma sala, cozinha e banheiro. Paulo também revelou que a empresa espera produzir, futuramente, edificações de quatro andares.

 

O primeiro conjunto habitacional será entregue na última semana de outubro, em Itamogi, Minas Gerais, onde cerca de 150 casas já estão em construção. “Nosso objetivo é esgotar a capacidade industrial do Brasil nos próximos três anos. Ou seja, queremos entregar uma média de 4.000 unidades por ano. Além disso, desejamos que outras empresas sigam por esse caminho, para que possamos resolver o déficit habitacional e fornecer moradia adequada a toda a população. Isso é construir uma cidade inteligente de verdade”, finaliza Paulo.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Fernanda Borges

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