Os investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (Cenipa), finalizou a primeira fase da investigação sobre a queda do helicóptero do Corpo de Bombeiros, em Ouro Preto, na tarde do sábado (12/10). A aeronave, Arcanjo 04, colidiu com o topo da Serra Pedra de Amolar, poucos minutos depois de decolar no fim da tarde de sexta-feira (11/10).
Quatro militares e dois socorristas morreram. O acidente aconteceu próximo do ponto mais alto da cadeia montanhosa, em um momento de baixa visibilidade e chuva. Viajavam na aeronave o capitão Wilker Tadeu Alves da Silva, o primeiro-tenente Victor Stehling Schirmer – comandante e copiloto do Arcanjo –, e pelos operadores aerotático, segundo sargentos Welerson Gonçalves Filgueiros, e terceiro-sargento Gabriel Ferreira Lima e Silva. O grupo estava acompanhado de dois socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o médico Marcos Rodrigo Trindade e o enfermeiro Bruno Sudário França.
Os militares contavam com uma vasta experiência, e também haviam atuado nas operações de busca e salvamento do rompimento da barragem de Brumadinho, que matou 270 pessoas em 2019. De acordo com o Cenipa, com a realização da perícia no local dos fatos, as apurações sobre as condições do acidente prosseguem com o levantamento de outras informações necessárias, “a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes”.
Além disso, o órgão da Força Aérea afirma que desde a finalização dos trabalhos no local do acidente, a aeronave foi liberada para ser removida. O processo, ainda segundo a entidade, é de responsabilidade do operador ou proprietário do veículo. “Essa medida visa evitar danos à natureza, à segurança, à saúde, ou à propriedade de terceiros e da coletividade”.
Apesar de não haver um prazo para finalização das investigações, o Cenipa garante que os procedimentos terão “o menor prazo possível”. Até lá, o órgão só se manifestará mediante a emissão e a publicação do Relatório Final com o resultado das apurações. “Dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”.
O acidente
A guarnição do Arcanjo 04 havia sido deslocada para Ouro Preto com o objetivo de atender a queda de um monomotor no distrito de São Bartolomeu. A aeronave acidentada era um Air Tractor de propriedade da Aeroterra Aviação Agrícola Ltda e reforçaria o efetivo dos bombeiros no combate a incêndios no estado. O piloto Ariano Machado morreu carbonizado no local.
Antes da última decolagem, o Arcanjo pousou no trevo de Ouro Preto e informou ao controle de voo a ausência de visibilidade e segurança para retorno. Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcellos, essa seria a última informação transmitida pela tripulação antes da perda de contato. As coordenadas do acidente eram atualizadas pelo dispositivo chamado de ELT (Emergency Localizer Transmissor), que transmite a localização da aeronave em caso de pane.
“A aeronave informou a condição de ausência de visibilidade, ausência de segurança para retorno, essa foi a última informação que nós tivemos. A partir do momento da comunicação de emergência por esse dispositivo transmissor, nós ‘rechecamos’ isso com o envio de equipes ao local e, prontamente, todos os esforços para a busca e salvamento”, disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcellos.
Cerca de 80 profissionais, que vão desde a Polícia Militar até a Força Aérea, foram empenhados na operação de busca e resgate. A operação começou na noite de sexta e terminou com a retirada dos seis corpos já no início da tarde de sábado. Ainda de acordo com o porta-voz dos Bombeiros, o declive da serra e as condições climáticas dificultaram os trabalhos.
“Conversando com o comandante das equipes no local, ele me relatou um desnível de cerca de 300 metros nessa serra. A condição climática naquele momento de busca, em toda a madrugada, era muito intensa. Tudo isso dificultou a busca pela aeronave, mas as nossas equipes se mantiveram em terra, firmes, inclusive com a busca por cães”, emendou.
Ao decolar do trevo e atingir o topo da serra, o Arcanjo 04 saiu de uma altura de cerca de 1.100 metros para bater em uma altura de quase 1.400 acima do nível do mar. O deslocamento de poucos metros até o local do acidente teria durado minutos. A perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) ainda investigam as causas do acidente.
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O governo de Minas Gerais decretou em edição extra do Diário Oficial do Estado luto de três dias pela morte da tripulação do Arcanjo 04. Em nota, o Executivo estadual prestou solidariedade aos familiares das vítimas, amigos e colegas de trabalho. “Que suas trajetórias de coragem sejam lembradas e honradas para sempre. Que o conforto e a força alcancem a todos os que foram atingidos por essa tragédia”, escreve.