Bruno Luis Barros e Maria Antônia Rebouças*

 

Uma das vítimas do ex-padre Bernardino Batista dos Santos, de 77 anos, investigado por abusos sexuais de ao menos 50 crianças desde a década de 1980, é Carolina Rocha, hoje com 33 anos. Em entrevista à TV Alterosa, ela recordou quando teria sido atacada pelo ex-líder religioso, que foi preso na manhã desta quarta-feira (23/10) em sua residência na cidade de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

“Minha mãe saiu pra comprar pão e me deixou na responsabilidade de adultos e do padre. Eu acordei com ele em cima de mim, com a mão na minha genitália. Minha mãe chegou a confrontá-lo, mas ele negou tudo”, disse.

 



 

Outra vítima ouvida pela equipe de TV, que preferiu não se identificar, declarou que Bernardino a molestou quando tinha 9 anos. “Ele me convidou a entrar na paróquia e lá dentro começaram os toques com as mãos e os abusos. Agora, saber que a justiça pode ser feita dá um certo alívio”, declarou.

 

 

A prisão de hoje decorre do crime de estupro de vulnerável contra uma criança no município de Tiros, no Alto Paranaíba. A PCMG explicou que essa violência sexual aconteceu em 2016. À época, a vítima tinha 4 anos e sofreu o abuso durante uma festa de casamento em uma propriedade rural do então padre.

 

A partir daí, a Polícia Civil iniciou uma investigação e, depois, informou que Bernardino teria cometido os crimes sexuais contra ao menos 50 crianças a partir dos anos 1980. A maioria dos episódios de violência aconteceu no sítio dele em Tiros, quando as vítimas tinham entre 3 e 11 anos. Com isso, ele está afastado da Igreja de Santa Luzia, no Bairro Paraíso, Região Leste da capital, desde 2021. Procurada pela reportagem para comentar o caso, a Arquidiocese de Belo Horizonte enfatizou que o afastamento de Bernardino do sacerdócio é uma "decisão definitiva a partir do Vaticano".

 

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"Ele era padre em uma paróquia de Belo Horizonte, vinculada a uma escola. Então, por várias vezes, excursões eram organizadas com o objetivo de levar essas crianças a passar um tempo no 'sítio do padre', com presença de professores e até mesmo de pais. Ele conseguia retirar essas crianças de perto dos responsáveis, com base na confiança, abusava delas e depois as devolvia", explicou o delegado titular em Tiros, Bruno Henrique de Deus, acrescentando que o religioso passava a mão e lambia as vítima, havendo casos, também, de "penetração".

 

Apesar da onda de denúncias que veio à tona, a maior parte dos casos já está prescrita, pois os fatos ocorreram antes da alteração da Lei 12.650/2012, que modificou as regras do prazo prescricional dos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, pontuou o MPMG.

 

 

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