Dois homens foram presos nessa quinta-feira (24/10), no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, suspeitos de integrar uma quadrilha, com origem em São Paulo, focada em roubo de iPhones. Outros dois integrantes seguem foragidos.

 





Como já estavam muito visados na capital paulista, o grupo veio para Belo Horizonte no último dia 16. Foram identificadas pelo menos 30 vítimas da quadrilha devido ao modus operandi utilizado na ação. Apenas quatro celulares foram recuperados até o momento.

 

Os suspeitos estavam hospedados em um apartamento de aluguel temporário. Três estavam presentes no momento em que a Polícia Civil (PCMG) invadiu o local, mas um conseguiu fugir e avisar o quarto integrante do grupo.



“Tivemos acesso aos vídeos do local, o vimos saindo com várias malas e acreditamos que muitos celulares estejam nessas bagagens que eles levaram”, relatou a delegada Marcelle Barcellar, da segunda Delegacia Especializada na Investigação de Crimes Cibernéticos.


 

Investigação

 

Segundo a Polícia Civil (PCMG), um dos integrantes passava a pé, mapeando a região e identificando possíveis alvos. Ao escolher a vítima, ele tirava foto da mesma e enviava para os comparsas.

 

Em seguida, um dos suspeitos passava de bicicleta e levava o aparelho, que geralmente estava na mão da pessoa e desbloqueado. Um terceiro integrante passava, também de bicicleta, e acalmava a vítima dizendo "calma que vou atrás dele para você", a fim de retardar a busca pelo ladrão.

 

Confira o vídeo:

 

 

Por fim, os celulares eram levados para o quarto suspeito, que ficava em um carro. No veículo, os aparelhos eram colocados em uma bolsa com um bloqueador de sinal conhecido como "bag faraday".

 

Uma vez que vários dos celulares estavam desbloqueados no momento do roubo, posteriormente eles acessavam a carteira virtual da vítima e utilizavam maquininhas de cartão vinculadas a empresas falsas para se apossar de valores.

 

 

 

Segundo as investigações, há uma pessoa em São Paulo que fornece os equipamentos e logística necessários para o crime. Além disso, a PCMG busca o receptador dos aparelhos em BH.

 

”A quadrilha já era conhecida em São Paulo, então eles resolveram expandir as fronteiras. Mas a Polícia Civil de Minas Gerais atua no sentido de garantir segurança à sociedade, e aqui o crime não vai compensar”, afirma Barcellar.


Acesso aos dados



Uma técnica chamada de “fishing” também foi utilizada pelos suspeitos. A prática consiste em enviar uma mensagem para o e-mail ou telefone cadastrado como contato de emergência se passando por um funcionário da Apple e solicitando o número PIN do aparelho e burlando o sistema de identificação facial. 


“A pessoa é ludibriada e, sem saber que se trata de um crime, passa o PIN, e aquele criminoso passa a ter acesso ao iCloud e a todos os aplicativos. Isso mostra que eram especializados em iPhone”, explica a delegada. 


Outra modalidade de “fishing”, considerada novidade pela PCMG, é realizada por meio de ligação. O suspeito também se passa por um funcionário da Apple e pede para que a pessoa digite o PIN no teclado durante a ligação. Depois, eles decodificam a gravação, pegam o número e acessam as informações. 

 

Ladrão roubando ladrão



A quadrilha se deslocou para Belo Horizonte em um Chevrolet Spin, apreendido junto com dois celulares que estavam em seu interior. De acordo com a Polícia Civil, as bicicletas que seriam usadas para praticar os crimes vieram de São Paulo junto com os suspeitos.


As bicicletas eram guardadas em bicicletários espalhados pela cidade. Em um determinado momento, elas foram roubadas e a quadrilha teve que adquirir novas para seguir com os roubos. Segundo PCMG, cada uma custa em torno de R$ 2,5 mil. 

 

Prejuízos financeiros e emocionais

 

A terapeuta Maysa Senem trabalha no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e foi vítima da quadrilha. Toda semana ela tem o costume de tomar café em uma cafeteria próxima durante seu momento de descanso. Porém, na última terça-feira (22/10), teve o celular roubado por um suspeito que passou de bicicleta. O transtorno foi tanto que ela não conseguiu atender seus clientes pelo resto do dia.

 

Como o aparelho estava desbloqueado, o homem teve acesso à suas redes sociais, contatos e informações pessoais. A agilidade de ligar rapidamente para o gerente do banco garantiu que o ladrão não tivesse acesso à sua conta bancária.

 

“Tive que cancelar todos os atendimento nesta semana e custei a conseguir falar com meus clientes porque estou sem agenda. Foi um transtorno muito grande, mas graças a Deus o prejuízo foi só o celular e emocional mesmo”, declara a terapeuta.

 

Maysa registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar e se juntou às outras milhares vítimas de furto e roubo de celulares em BH. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), somente nos sete primeiros meses deste ano 13.381 celulares foram furtados ou roubados na capital, uma média de 62 por dia.


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