“Ocupação: essa palavra não sai da nossa boca”, diz Aiezha Martins, diretora de políticas públicas no Centro de Referência das Juventudes (CRJ), um espaço cultural no coração de Belo Horizonte criado, enquanto movimento social, para e por jovens. Mas nem sempre foi assim, em 2014, o prédio localizado ao lado da Praça da Estação havia sido entregue pelo governo do estado e ficou sem atividades – ou jovens – durante dois anos.


Nessa terra de gigantes, assim como compôs Humberto Gessinger, “as revistas, as revoltas, as conquistas da juventude são heranças” e essa, o centro, foi resultado de uma ocupação de 30 dias em 2016, quando esses jovens decidiram reivindicar políticas públicas que os atendessem de fato.


Trata-se de um equipamento público da prefeitura, mas são artistas, grupos de estudo, atividades circenses, coletivos, cursinhos pré-vestibulares, galerias e projetos de extensão, ou só adolescentes reunidos para conversar, que movimentam esse cenário. “São eles quem co-criam e participam ativamente do projeto, é uma gestão compartilhada”, diz Aiezha.

 

 


Ou seja, o orçamento é municipal, mas a gestão acontece costurada com um comitê paritário. São representantes da prefeitura, do governo de Minas, do grupo dos conselhos de juventude e coletivos ou entidades que lutam pelos direitos dos jovens que o compõem.

 




A diretora sublinha a importância do local para espalhar os direitos dos jovens e conta que grande parte das atividades são “caprichadas de arte”. Portanto, cultura e cidadania dão fôlego ao lugar. “A gente se ocupa no CRJ”, menciona Leo Izzy, coordenador da cia de dança “Power Dance”. Seja ocupando o tempo ou preenchendo o espaço, ele conta que o CRJ se abriu como o local de ensaio perfeito para o coletivo há quatro anos.


Eles se formaram despretensiosamente como um grupo de bairro com apenas três pessoas, “por zueira mesmo”, como ele descreve. Mas o interesse foi tanto que o hobby os levou a apresentações e 6 vitórias consecutivas em concursos de dança. O último deles no Centro de Referência da Dança (CRD), no Teatro Marília.

 


Izzy anuncia, também, que todo mundo pode chegar para assistir os ensaios, que acontecem todas às terças e quintas às 19h, e, inclusive, participar da seleção de dançarinos. O grupo tem como foco musical o funk, mas flerta com o mixado, pop, axé e street. Hoje, eles recebem cerca de 20 pessoas. Já o programa “Brota” é um dos exemplos de projetos de extensão, esse da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que acontecem no CRJ.

 

Cultura e cidadania que dão fôlego: a Companhia "Power Dance" realiza, há quatro anos, ensaios do grupo no Centro de Referência das Juventudes (CRJ)

Kauã Henrique/divulgação


Propondo investigar os fatores de evasão escolar e o que pode fortalecer o vínculo desses alunos com as redes de ensino, o projeto recebe adolescentes de 17 escolas públicas municipais por meio de diferentes atividades acontecendo no centro, como o artes c/sem palavras, circo, dança, design, gastronomia, teatro e, também, um projeto de conversação com orientação psicanalítica.


Tudo gratuito

 

A diretora Aiezha conta que, além das atividades programadas semanalmente e divulgadas por meio das plataformas sociais do CRJ, o espaço, sejam as salas multiuso, auditórios ou a Arena, também pode ser ocupado por todos aqueles que desejam criar e desenvolver suas próprias atividades, inclusive aos sábados.

 


“Tudo gratuito é vedado a cobrança de qualquer tipo de valor”, ela reitera. “Basta preencher o formulário online (veja em http://www.em.com.br) para solicitar a reserva”. O centro, hoje, recebe cerca de 60 mil jovens por ano. Mas, conforme a diretora, antes da pandemia da Covid-19 eram em torno de 120 mil.

 

Ela frisa, a todo instante, a necessidade de ocupar o local, a repetição da expressão é de propósito para que o que foi desenhado e tão sonhado por outros jovens oito anos atrás nunca seja perdido. O fantasma que assusta o CRJ é, portanto, o vazio. Pois, como Aiezha propôs, durante muito tempo foi tudo o que queriam ter.

 

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Serviço

  • Local : Praça da Estação,
    na Rua Guaicurus, 50, no Centro de BH
  • Horários
    Segunda-feira: fechado para demandas internas
    Terça-feira: 10h às 22h
    Quarta-feira: 10h às 22h
    Quinta-feira: 10h às 22h
    Sexta-feira: 10h às 22h
    Sábado: 9h às 18h
  • Formas de ocupação do espaço:
    Ocupação espontânea: Você pode chegar e utilizar o espaço aberto.
    Ocupação agendada: Deve ser feita via formulário, com um prazo de 5 dias úteis para retorno da equipe de produção. Essa opção inclui as salas fechadas. (conforme as fotos no formulário, no endereço https://forms.gle/Q8w4DyuF85LDfyRu5)

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Oliveira

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