A maior árvore das regiões Sul e Sudeste do Brasil foi descoberta em Minas Gerais. Ameaçado de extinção, um jequitibá-rosa de 50 metros localizado em Ipaba, no Vale do Rio Doce, ocupa a posição de maior árvore entre as regiões. A altura recorde do espécime, que fica na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Macedônia, unidade de conservação administrada pela indústria produtora de celulose Cenibra, foi constatada em agosto.
O jequitibá-rosa se encontra em uma área preservada há 30 anos, reconhecida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A árvore já era conhecida pela dimensão, mas, até então, não era possível determinar a altura exata. Por meio da tecnologia Light Detection and Ranging (LiDAR), foi possível detectar os majestosos 50 metros de altura e mais de 700 metros quadrados de área da copa, que abriga outras espécies.
“A importância do jequitibá se dá por ser uma árvore emergente, isto é, cresce acima da dorsal da floresta, são árvores muito velhas e de copas grandes. Muitas outras espécies vivem nessas copas, como orquídeas. Ela abriga outras espécies, como gaviões e falcões. Outros organismos. Ela dá condição para que outras espécies vivam em cima dela”, diz o engenheiro florestal e especialista da coordenação de Gestão Ambiental da Cenibra, Jacinto Lana, que explica a relevância do exemplar.
De acordo com o engenheiro, a constatação é muito importante não só para o enriquecimento da fauna e flora no local, mas também para futuras pesquisas sobre biodiversidade e conhecimento. Ele acredita que há chance de aumentar o número de pesquisas para identificar a altura das árvores em toda a região da empresa. Por se tratar de uma tecnologia nova e pouco utilizada no Brasil, a LiDAR pode trazer novas informações.
Para preservação da área, o Cenibra conta com segurança e vigilância na área, com um cuidado especial no monitoramento. Agora, a proteção será reforçada, pois o Cenibra pretende colocar a árvore no roteiro de visitação. Ele conta que a divulgação da descoberta tem incentivado o interesse das pessoas para conhecer a grande árvore.
“O interesse de muitas pessoas em conhecerem aumentou bastante. Ela é um atrativo. Muitas pessoas gostam e querem conhecer. Isso faz com que a gente tenha trabalho dobrado”, conta.
A descoberta é um marco significativo para o bioma Mata Atlântica e reforça a importância da proteção e da preservação ambiental. Em um cenário onde os incêndios florestais têm devastado grandes áreas verdes em todo o país, o jequitibá torna-se um símbolo de sobrevivência.
“Uma árvore desse porte pode ter mais de 600 anos e quer dizer que a floresta está muito bem conservada há muito tempo. Especialmente nessa época que estamos vendo grandes perdas florestais, devido a incêndios, principalmente”, conclui Jacinto.
A descoberta
O engenheiro florestal do Cenibra estava escrevendo sobre jequitibás de grande porte na empresa recentemente e acionou o especialista do departamento de Planejamento e Pesquisa Florestal, Bruno Ferraz. O profissional, que tem mestrado em geoprocessamento, usou a tecnologia LiDAR para descobrir a altura da árvore.
Segundo Jacinto, a primeira detecção foi feita com avião e a segunda, com helicóptero. Eles sobrevoaram e captaram a informação da superfície terrestre, que mostrava, inicialmente, a altura de 49 metros. O número já batia o recorde da região brasileira, já que a maior do Espírito Santo, em João Neiva, conta com 47 metros. Depois, fizeram outra avaliação, mais precisa, com um drone, que realizou o deslocamento vertical. Nela, foram detectados 50 metros da superfície até a copa.
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De acordo com o especialista, além do recorde no Sudeste, o jequitibá bate o do Sul, que tem uma árvore com 44 metros de altura. Já na Amazônia, existem árvores maiores, mas nenhum ranking oficial. Os profissionais que atuam na linha de frente na preservação e conservação do Cenibra acreditam que existem outras árvores gigantes, pois o Cenibra tem uma área de 106 mil hectares.
*Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco