Quem vê o Volkswagen Santana Quantum do programador Mateus Reis, de 24 anos, pelas ruas de Belo Horizonte pode se surpreender ao olhar pela janela e ver o carro circulando sem motorista. Isso ocorre porque Mateus, apaixonado por tecnologia, transformou o automóvel de 1989 em um veículo autônomo que acelera e muda de direção a partir de comandos de voz e toques em um aplicativo de celular. Seu objetivo é criar uma espécie de "Tesla brasileiro", inspirado diretamente nos carros da montadora de Elon Musk.
Mateus iniciou a automatização da Santana, junto ao sócio, há pouco mais de três meses. Toda a jornada é compartilhada nas redes sociais, onde é acompanhada por milhares de pessoas. O episódio mais assistido da saga já soma quase 12 milhões de visualizações. Nele, Mateus senta no banco de trás do carro e fala pelo microfone do celular: "Me leva embora", ao que uma voz feminina robótica responde: "Olá, senhor! Bora lá então". Em seguida, o veículo começa a se movimentar sozinho.
Em entrevista à TV Alterosa/SBT, o jovem inventor detalhou como funciona o sistema de automação do carro. Os principais equipamentos incluem uma câmera de celular instalada na parte da frente do veículo e, no porta-malas, um notebook que roda um programa capaz de reconhecer a pista a partir das linhas no asfalto.
"É um programa de computador que eu mesmo desenvolvi. Ele comanda esse código usando a câmera e o envia para outro chip instalado na parte traseira, que faz todo o acionamento autônomo dos pedais de acelerador, freio, embreagem e do volante", explica. Segundo o inventor, está em desenvolvimento um novo código para o programa que reconhecerá pessoas e objetos que estejam na rota de colisão do veículo.
Passado e futuro
Um carro de 35 anos é sempre carregado de história, e com a Santana "futurista" não é diferente. Era por ele que a família de Mateus vendia cachorro-quente e, desde que o pai do inventor morreu, em 2012, o automóvel se tornou uma relíquia familiar.
O carro chegou a ficar parado por sete anos, desde que Mateus sofreu um acidente, e, como não conseguia se desapegar do veículo, surgiu a ideia de usá-lo no experimento. “Eu e meu sócio nos reunimos e queríamos postar conteúdo na internet para fazer algo viral, inovador, que não havia sido feito antes. E dessa forma, veio a ideia", conta.
A principal inspiração dos dois são os carros da montadora norte-americana Tesla, conhecida mundialmente por seus veículos elétricos com tecnologia avançada, como a direção autônoma. A partir de equipamentos, como sensores de faixa, alguns modelos da montadora dispensam que os motoristas mantenham as mãos no volante o tempo todo.
“O meu sócio me chamou de louco, mas eu falei: 'bora', a gente vai conseguir fazer isso. Pegamos alguns recursos básicos mesmo e já conseguimos fazer andar; está viralizando em todo o Brasil", relata Mateus. Segundo o inventor, apesar das novas tecnologias adicionadas ao carro, toda a originalidade do Santana 1989 foi mantida, e basta retirar os equipamentos modernos para o carro voltar a ser 100% original.
Segurança
Como medida de prevenção de acidentes, o inventor instalou um botão de emergência gigante no banco de trás, que faz o carro parar instantaneamente. Isso ocorre porque a automação do carro ainda está em desenvolvimento e, portanto, é sujeita a falhas.
Em um dos vídeos compartilhados pelos sócios, o carro não parou na garagem após receber o comando para estacionar no local e acabou colidindo com uma porta de vidro. O pequeno acidente deixou avarias na frente do automóvel, que precisou passar por pintura e lanternagem para reparar o estrago.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Mateus explica que o objetivo dele e do sócio, atualmente, é ajudar a tornar a tecnologia de carros autônomos mais acessível e mostrar, conforme disse em um dos vídeos, que o futuro chegou ao Brasil. “Ainda é um protótipo. A gente quis provar o conceito e mostrar que conseguimos fazer mais com menos. Com pouco recurso, conseguimos chegar a esse resultado. O nosso objetivo é sintetizar isso em um kit que seja adaptável a qualquer veículo", conta.