Para marcar o último dia da 10ª edição do Circuito Urbano de Arte (Cura), neste domingo (3/11), a empena do Edifício Leblon, na Avenida Amazonas, 1.054, na Praça Raul Soares, Região Centro-Sul de BH, foi finalizada. A artista responsável pela obra, Liça Pataxoop, liderança da aldeia indígena Muã Mimatxi, localizada em Itapecerica, na Região Centro-Oeste de Minas, se inspirou no Hãm kuna'ã xeka (O Grande Tempo das Águas) para criar seu mural.
Segundo a organização do evento, o edifício foi transformado em um grande tehêy, com seres vivos, flores, mata, rio e pedras. O tehêy é a linguagem ancestral do povo Pataxoop. A intenção da artista era oferecer à cidade “uma pesca de conhecimento, uma possibilidade de aprender sobre a vida a partir do que se vive”.
“Se você derruba a natureza, espera que, mais cedo ou mais tarde, ela te derrubará, sempre e sempre. Tem vento que a gente se aquieta, não fala nada, só reza com o coração. Tem vento que a gente canta, ele vem brando, refrescando e sombreando a terra, indicando que a gente precisa fazer ritual para as sementes, para ouvir suas palavras que vem da terra, das grandes matas, dos animais e do seu espalhar”, explica.
“O Tempo Grande das Águas é o primeiro tempo do mundo. É o tempo do começo de todas as coisas, todas as histórias. É o tempo da inteligência, da sabedoria e do conhecimento. É o tempo da grande água que deu origem ao nosso povo Pataxoop”, destaca a artista, que também é educadora.
Só artistas mulheres
A edição deste ano do Cura escolheu obras que contemplam as comunidades, com olhar voltado especialmente para as crianças. É a terceira edição na Praça Raul Soares e a primeira feita exclusivamente por artistas mulheres.
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A 10ª edição marca o retorno do Cura após dois anos. A ocupação cultural não ocorreu em 2023 por dificuldades na realização, segundo Juliana Flores, curadora do circuito com Flaviana Lasan, Janaína Macruz e Priscila Amoni.