Brasil retoma certificado de país livre do sarampo, perdido em 2019 -  (crédito:  EBC - Saúde)

Brasil retoma certificado de país livre do sarampo, perdido em 2019

crédito: EBC - Saúde

Após cinco anos, o Brasil voltou a receber, nesta terça-feira (12/11), o certificado de país livre do sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Segundo o documento, a doença não é registrada no país, com transmissão local, desde 2022. Os casos que ocorreram desde então foram contraídos no exterior.

 

O título já havia sido recebido pelo Brasil em 2015, mas o status foi perdido em 2019 com o ressurgimento de casos da doença. Entre 2018 e 2022, foram registradas 40 mortes de crianças. A volta da doença foi atribuída principalmente a uma queda vertiginosa da cobertura vacinal.

 

Em 2021, a cobertura completa da imunização contra sarampo em território nacional era de 52,3% da população, subindo para 63,5% em 2023. Já a cobertura da primeira dose foi de 74,9% para 86,9% no mesmo período. As taxas estão muito abaixo do considerado ideal por médicos, de 95%.

 

 

 

Três meses atrás

 

Apesar da retomada do certificado, que também inclui a rubéola, em agosto deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais emitiu um alerta para todas as unidades de saúde da rede SUS de Belo Horizonte para casos de confirmação de contaminação por sarampo.

 

A medida foi tomada depois que a Fundação Ezequiel Dias (Funed) apresentou um resultado positivo para a doença na capital mineira, em um adolescente de 17 anos de idade, residente em BH e com histórico recente de viagem para a Inglaterra. Os órgãos de saúde, no entanto, trataram o caso como uma contaminação importada, não tendo ligação com possível circulação do vírus no estado. 

 

 

De acordo com a pasta, a primeira notificação de suspeita da doença foi recebida pela Secretaria Municipal de Saúde de Contagem, na Região Metropolitana, em 8 de agosto de 2024. Na época, o jovem foi atendido em um hospital da Unimed, onde foi feita a coleta e o exame de sorologia, por meio de amostra de secreção respiratória - semelhante ao exame para detecção da COVID-19.

 

O paciente mora em Belo Horizonte e voltou para o Brasil no fim de julho. Ainda conforme o governo de Minas, o retorno aconteceu um dia antes do início dos sintomas: tosse, dor de cabeça e no corpo. Em 4 de agosto, ele manifestou erupções na pele. A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que o jovem estava com o esquema vacinal completo.

 

 

Além do registro importado, a SES-MG informou que não houve casos de sarampo no estado nos anos de 2021, 2022 e 2023.

 

Cobertura vacinal em Minas

 

Segundo a secretaria, em relação ao controle de doenças transmissíveis, "Minas enfrenta desafios típicos de grandes estados brasileiros, entre outros fatores, por causa de seu vasto território, que conta com diversidades urbanas e rurais". Por causa disso, os municípios mineiros possuem realidades distintas, o que implica diferenças de infraestrutura e acesso a serviços de saúde. 

 

 

A SES-MG informou que, de acordo com o Painel Localizasus, do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da tríplice viral (que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola) em Minas é de 106,23% para a primeira dose e 81,20% para a segunda. Os dados compreendem o período de janeiro a agosto de 2024 e estão sujeitos a alterações. No ano passado, a cobertura vacinal foi de 90,09% e 74,19% para a primeira e segunda doses, respectivamente.

 

"É importante ressaltar que a meta vacinal estabelecida pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério, é de 95%, e a cobertura é mensurada em crianças de até um ano de idade. As doses do imunizante são encaminhadas aos municípios conforme planejamento de rotina e a operacionalização da vacinação é realizada pelas Secretarias Municipais de Saúde", ressaltou a secretaria estadual.

 

Esquema vacinal em BH

 

Procurada pelo Estado de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) explicou, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que o esquema vacinal da tríplice viral é composto por duas doses para pessoas até 29 anos, sendo uma aplicação aos 12 meses e outra aos 15 meses. De 30 a 59 anos, é aplicada apenas uma dose, caso a pessoa não tenha sido vacinada anteriormente.

 

Em relação à cobertura vacinal, o índice é calculado considerando a primeira e segunda doses, seguindo orientações também do Ministério da Saúde. Com isso, "o percentual para a primeira dose contra o sarampo está acima de 101,04% na capital. Já a segunda, em dados mais recentes, está em 78,1%", informou a PBH.

 

Em 2023, a cobertura vacinal para a primeira dose contra o sarampo estava acima de 80,1% na capital. Já a segunda dose estava em 59,5%.

 

Entenda sobre o sarampo

 
O sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, potencialmente grave, transmissível e extremamente contagiosa. O agente etiológico é o RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae, sendo o ser humano o único reservatório.
 
O período de incubação do vírus pode variar entre sete e 21 dias, desde a data da exposição até o aparecimento do exantema. O período de transmissão inicia-se seis dias antes do exantema e dura até quatro dias após seu aparecimento.
 
A transmissão ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. De um modo geral, todas as pessoas são suscetíveis ao vírus do sarampo. A vacinação é a medida mais eficaz de prevenção, de controle e de eliminação da doença, juntamente com boas práticas de higiene e uso de máscaras.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata