Quatro influenciadores foram presos na primeira fase de uma operação da Polícia Civil de Minas Gerais contra um esquema de promoção de rifas ilegais nas redes sociais. As detenções ocorreram na última quarta-feira (13/11) em Lagoa Santa, Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Ubá, na Zona da Mata. Foram presos três homens, de 26, 27 e 39 anos, e uma mulher, de 38.
As investigações começaram em julho deste ano, após denúncias feitas à 3ª Delegacia Especializada em Investigação de Fraudes, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e Fraude (Decof).
Conforme a corporação, produtores de conteúdo digital utilizavam as redes sociais para promover rifas ilegais. As premiações incluíam bens de alto valor, como automóveis de luxo.
Com base em análises financeiras e no monitoramento de redes sociais, a Polícia Civil solicitou ao Poder Judiciário medidas cautelares, incluindo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e bloqueio de bens dos investigados, explicou o delegado Anderson Resende Kopke.
A operação contou com a participação de 17 policiais civis e resultou na apreensão de quatro armas de fogo, nove celulares, notas falsas e oito veículos de luxo avaliados em aproximadamente R$ 2 milhões.
De acordo com Kopke, as apurações continuam para aprofundar a análise bancária dos suspeitos e identificar possíveis associados ou líderes do esquema. Os investigados foram levados ao sistema prisional.
Contravenção penal
Ao Estado de Minas, o advogado criminalista Bruno Rodarte explicou que a promoção e venda de bilhetes premiados configura contravenção penal, com pena máxima de dois anos de prisão, além de multa. Segundo o especialista, crimes desse tipo não permitem medidas como a prisão preventiva. Contudo, ele ressalta que, em muitos casos, essa infração vem acompanhada de crimes mais graves, como lavagem de dinheiro e fraudes fiscais.
Para o criminalista, quando a suspeita envolve influenciadores, a fiscalização é mais rápida e fácil, pois os indícios de cometimento dos crimes estão expostos nas redes sociais dos investigados. "Uma vez divulgada a informação nas redes sociais, a Polícia Civil, e eventualmente o Ministério Público, tem a possibilidade de, com essa publicação, instaurar toda a investigação correlata para apurar os fatos e verificar se a conduta caracteriza a contravenção penal relacionada à venda não autorizada de bilhetes premiados, e se está presente alguma atividade criminosa, como lavagem de dinheiro, crimes fiscais, crimes contra a economia popular e organização criminosa."
Cerco contra o “Tigrinho”
A ostentação de um estilo de vida luxuoso se tornou rotina para influenciadores alvo de operações das forças de segurança pública, que visam coibir a divulgação de jogos de azar. Em 1º de outubro, o produtor de conteúdo digital “Gebê” foi preso em BH por suspeita de exploração de sites ilícitos de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Com 4,4 milhões de seguidores no TikTok e mais de 3 milhões no Instagram, ele construiu sua fama exibindo carros de luxo, viagens internacionais e grandes quantidades de dinheiro.
Antes de ser detido, o ex-funkeiro chegou às manchetes pela promoção de campanhas como distribuição de dinheiro e pagamento de tanques de gasolina a motoboys na capital. A trajetória de ostentação de Gebê, no entanto, foi interrompida com sua prisão. As autoridades apontaram que influenciadores como ele são contratados para promover essas plataformas de apostas, recebendo comissões à medida que os jogadores perdem dinheiro.
Em agosto, outro influenciador da capital foi alvo de cumprimento de mandado de busca e apreensão em Belo Horizonte. Nélio Dgrazi, que tem 1,3 milhão de seguidores no Instagram, foi um dos suspeitos investigados pela Polícia Civil do Paraná. Na época, as ordens judiciais foram executadas simultaneamente em Rio Branco, no Paraná; em Itapema e Balneário Camboriú, em Santa Catarina; e na capital mineira. Entre os materiais, os agentes apreenderam joias, objetos de grife e veículos.
Em seu perfil no Instagram, Nélio ostentava carros de luxo. Em uma publicação, feita em 15 de abril, o homem realizou uma manobra arriscada na Avenida Cristiano Machado, na altura do Bairro Dona Clara, na Região da Pampulha, em BH. Na imagem, ele dirige um veículo da Toyota sobre as duas rodas laterais, com o retrovisor esquerdo bem próximo ao asfalto. Em outro vídeo, publicado em dezembro de 2023, o homem faz um "cavalo de pau" também na Avenida Cristiano Machado.
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As contas nas redes sociais e o site em que exploravam os sorteios também foram suspensos, mediante autorização judicial. De acordo com a corporação, além das rifas de veículos, apurou-se também que o grupo realizava sorteios de valores em espécie.