R$ 293,317 milhões serão destinados a obras de contenção de desastres e R$ 132,518 milhões para mobilidade em Belo Horizonte -  (crédito:  Marcos Vieira /EM/DA. Press. )

Motoristas de aplicativo em Belo Horizonte temem os constantes assaltos ocorridos nas ruas da capital

crédito: Marcos Vieira /EM/DA. Press.

A morte de um motorista de aplicativo durante um assalto a mão armada, na manhã deste domingo (17/11), põe em evidência aumento expressivo nos índices de roubos a trabalhadores da categoria em Belo Horizonte. Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro a setembro os roubos a motoristas de aplicativo na capital cresceram 22% em comparação ao mesmo período de 2023, com um total de 388 ocorrências - uma a cada 17 horas.

 

No geral, os roubos de carro cresceram na cidade, mas em ritmo menor, de 13%. Tais índices indicam uma maior vulnerabilidade dos trabalhadores de aplicativo, que correm riscos em cada uma das dezenas de corridas diárias.


A vítima mais recente dos criminosos foi um trabalhador, de 40 anos, que levou ao menos dois tiros no tórax em um assalto no Bairro Bonsucesso. Ele foi socorrido ainda com vida e encaminhado para o Hospital Júlia Kubitschek, mas não resistiu e morreu. O carro da vítima, um Volkswagen Virtus prata, foi encontrado horas depois a poucos quilômetros do local do assalto. O caso segue sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).

 

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Ainda não se sabe se no referido roubo os criminosos se passaram ou não por passageiros para fazer uma emboscada ao motorista. Foi numa situação dessa que Vivaldo Júnior sofreu uma tentativa de assalto há seis anos, pouco após iniciar os trabalhos em aplicativos, e que, felizmente, não terminou em uma fatalidade.

 

Na ocasião, ele aceitou uma corrida, próximo à rodoviária de Belo Horizonte, que constava uma passageira. No entanto, dois homens embarcaram no local. Minutos depois de a viagem ter começado, os falsos passageiros anunciaram o assalto. “No susto eu acabei reagindo e entrei em luta corporal com os dois rapazes. Um deles sacou uma arma, mas como não atirou, logo concluí que era uma arma falsa”, relata.

 


Moradores saíram na rua após ouvirem a confusão e os dois homens saíram correndo, mas antes pegaram o celular de Vivaldo, que estava num suporte, e a chave do carro, que estava na ignição. Depois desta situação, o motorista passou a adotar novos comportamentos, numa tentativa de ter mais segurança no trabalho.

 

O único incidente que sofreu desde então foi um furto do celular, novamente no suporte, por um criminoso que colocou a mão pela janela do passageiro. “Eu não trabalho mais à noite, porque acho arriscado. Trabalho cedo, começo às 6h da manhã, e às 5h da tarde eu já paro. Outra coisa que eu faço é sempre andar com a janela do passageiro com o vidro fechado”, conta.

 


Legislação

Assaltos em corridas solicitadas por passageiros são uma constante entre os motoristas de aplicativo, afirma Simone Almeida, presidente do Sindicato dos condutores de veículos que utilizam aplicativo (Sicovapp). Ela relata que as barreiras de fraude oferecidas pelos aplicativos são insuficientes para inibir a criminalidade. “Está aí na internet, qualquer um que quiser comprar uma conta de passageiro consegue”, defende.


Nos últimos meses, representantes da categoria e políticos passaram a cobrar maior regulamentação dos aplicativos de transporte e ferramentas para garantir segurança a motoristas e passageiros. No final de outubro, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou uma lei que, entre outras medidas, determina que carros de aplicativo tenham botões de pânico em seu interior para que motoristas e passageiros possam comunicar imediatamente incidentes durante as corridas. O equipamento deverá estar ligado a uma central de monitoramento mantida pelos aplicativos, que, se necessário, acionará a Polícia Militar.


A lei, apesar de aprovada, ainda não foi regulamentada, responsabilidade que cabe ao Poder Executivo. Vale destaque que a lei foi promulgada pela ALMG após os deputados derrubarem decisão do governador Romeu Zema (Novo) que vetou totalmente o texto da lei. “Até o momento, não houve um posicionamento definitivo sobre os prazos para cumprimento integral dessas exigências”, explica o deputado estadual Thiago Cota (PDF), autor da lei.

 


Iniciativas

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que representa os maiores aplicativos de transporte do país, explica que está em constante diálogo com o Poder Público “para contribuir com iniciativas que busquem avanços na segurança para os motoristas dos aplicativos e usuários”. Entre as iniciativas adotadas, a associação destaca a integração das plataformas com o Disque 190 de alguns Estados, que permite ao motorista acionar uma ferramenta de emergência que envia os dados da viagem em tempo real para as centrais de atendimento da Polícia Militar.


Esta ferramenta ainda não está disponível para os motoristas mineiros. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) recomenda que, caso precise, os condutores acionem o 190 o quanto antes “para que a resposta seja mais efetiva na localização e prisão em flagrante dos infratores e na recuperação do produto do crime”.

 


Números da criminalidade

Registros de roubo com vítimas que são motoristas de aplicativo entre os meses de janeiro e setembro;

Em Belo Horizonte:
2022 - 369 registros
2023 - 318 registros (queda de 13,8%)
2024 - 388 registros (aumento de 22%)

Em Minas Gerais:
2022 - 828 registros
2023 - 764 registros (queda de 7,7%)
2024 - 852 registros (aumento de 11,5%)

 

Roubos de carro em Belo Horizonte, de motoristas de aplicativo ou não, aumentaram 13% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. Os registros nos dois períodos saltaram de 999 para 1.129. Em Minas, o aumento foi de 5%, e passou de 3.364 registros para 3.534.

 

Fonte: Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp)