Uma ligação anônima foi determinante para a Polícia Civil (PCMG) esclarecer um crime de cárcere privado de uma mulher, de 35 anos, e do filho, de apenas 2, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O autor, um pintor de 63 anos, foi preso, informou a delegada Nicole Perim, da Delegacia de Atendimento à Mulher da cidade.
“O serviço de denúncia anônima, por meio do telefone 181, foi determinante para que esclarecêssemos o crime. Em uma casa de 80 m², vivia a ex-companheira do homem, de 62 anos, com as duas filhas, de 22 e 25, em um dos quartos. No outro, estavam a atual e o filho do casal, que ficaram presos lá por 30 dias”, diz a delegada Perim.
O segundo quarto, de acordo com a delegada, tinha uma cama de solteiro, um fogão e uma geladeira. “O mais curioso é que o homem dormia lá, com ela e o filho, o que é mais impressionante”, diz ela.
A mulher de 35 anos contou à delegada que o companheiro a mantinha presa, com a porta do quarto trancada, e que lá, ela cozinhava. Ele também levava água para beberem. “As necessidades fisiológicas eram feitas, por ela e pelo filho, em um balde. E só podiam sair do quarto para tomar banho. Não havia, sequer, uma televisão no local", relatou a delegada.
Curiosamente, a ex, ainda segundo a policial, também morava no local. “Ela dormia no outro quarto, que ficava em frente ao quarto usado no cárcere, com as duas filhas. Elas sabiam de tudo, mas nunca denunciaram."
As circunstâncias levaram a delegada a também indiciar a ex-companheira e as duas filhas. “Elas são partícipes do crime. Disseram que ele nunca foi um bom pai e, que por isso, não se importavam com o que acontecia no outro quarto."
As duas filhas e a primeira mulher foram indiciadas, também, por cárcere privado. A ex-esposa disse que eles se separaram em 2013 e, que há dois anos, o ex-marido apareceu com a nova companheira. “Ela também insiste em dizer que não sabia do cárcere privado nem de maus-tratos”, afirma a delegada Perim.
Tortura
Ouvida na delegacia, a mulher vítima de cárcere contou que não houve, durante o tempo em que ficou confinada no quarto, qualquer relação sexual. Mas relatou uma série de crimes.
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“Ela disse que era vítima de violência psicológica, ameaça de morte, tapas no rosto... E que o companheiro fazia ameaças constantes de que levaria o filho para longe dela, para sua cidade natal, e deixá-lo com parentes”, destaca a delegada Perim.
O autor está sendo indiciado por cárcere privado triplamente qualificado.