Imagens registradas pela reportagem do EM mostram pelo menos duas vigas caídas no Ribeirão Arrudas -  (crédito: Edésio Ferreira / E.M / D.A Press)

Imagens registradas pela reportagem do EM mostram pelo menos duas vigas caídas no Ribeirão Arrudas

crédito: Edésio Ferreira / E.M / D.A Press

As chuvas fortes das últimas semanas em Belo Horizonte podem ter provocado a queda das quatro vigas no leito do Ribeirão Arrudas, explica o engenheiro perito Alexandre Deschamps Andrade, ouvido pela reportagem.

 

O incidente aconteceu nas proximidades do cruzamento das avenidas dos Andradas e Francisco Sales, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul, e as vigas estroncas caídas foram flagradas pela reportagem do Estado de Minas nesta quinta-feira (21/11). As causas da queda das estruturas serão investigadas pela Subsecretaria Municipal de Zeladoria Urbana (Suzurb).

 

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), as vigas estroncas são responsáveis por conferir estabilidade e sustentação das paredes laterais do canal, que recebe as águas do Arrudas. Elas fazem parte de um corredor de 250 metros entre a Alameda Ezequiel Dias e o Viaduto Francisco Sales.

 

As estruturas totalizavam 17 vigas, dispostas a 14,7 metros de distância. As unidades que caíram ficam em frente à Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Segundo a PBH, uma equipe técnica vai realizar uma avaliação criteriosa das causas da queda das vigas estroncas para que, em seguida, sejam tomadas as medidas de engenharia necessárias.


 

O engenheiro civil Alexandre Deschamps Andrade, presidente eleito do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), explica que a queda das vigas pode estar relacionada com a força das águas que acompanham o período chuvoso enfrentado pela capital mineira nas últimas semanas.


“Já tivemos uma ocorrência do tipo um tempo atrás, que foram as forças das águas que retiraram as vigas do local. E, desta vez, pode ser que seja a mesma coisa que tenha ocorrido”, disse. Outra hipótese apontada por Alexandre é de que o dispositivo utilizado para fixar as vigas pode ser insuficiente, mas apenas a perícia técnica poderá dar confirmar essa hipótese.

 


Sinais

As paredes laterais ao leito do Ribeirão Arrudas, também chamadas de cortinas de concreto, têm a base no terreno e não são sustentadas lateralmente, explica Andrade. O papel das vigas estroncas é evitar que estas paredes laterais cedam, já que, pela gravidade, há uma força que as puxa para baixo. “Estas vigas são para evitar que o terreno consiga deslocar estas cortinas. [Ou seja] é para mantê-las na posição vertical, sem que elas se movimentem", detalha.


Ainda segundo o engenheiro, os primeiros sinais de problemas que eventualmente podem surgir pelas quatro vigas terem caído serão visíveis, primeiramente, na avenida. “Os sinais que elas estão se movimentando são trincas na via, no asfalto, na sarjeta, o desaprumo das cortinas. Tudo isso são sinais de que o terreno está fazendo a ação dele e a gente precisa combater com a reação, que seria as vigas", explica.

 


Segurança

Outro perigo bem mais iminente na Avenida dos Andradas se dá com os pedestres, que costumam utilizar as vigas do leito do Ribeirão Arrudas como travessia, comportamento que é rechaçado pela PBH. “A travessia de pedestres deve ser feita em local adequado”, ressalta, em nota.


Andrade destaca que as vigas não são apropriadas para serem atravessadas por pedestres e que, em virtude do maior perigo apresentado pelas estruturas que caíram, é necessário que o Poder Público tome medidas para inibir a prática. “Tem que fazer uma fiscalização maior para evitar que isso aconteça ou colocação de telas e grades sobre as muretas de proteção laterais”, sugere.

 

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O engenheiro lembra que a instalação destas estruturas poderia ter evitado a morte da guarda municipal Stephanie Regina Santos Quintão, de 28 anos, que morreu em julho deste ano ao ser arremessada no Ribeirão Arrudas em um acidente de moto.

 

Ela estava na garupa de uma amiga, também guarda municipal, que perdeu o controle da moto e bateu contra a mureta de proteção do Arrudas - a menos de 50 metros das vigas que caíram recentemente. “Talvez se tivesse alguma grade ou outra coisa sobre a mureta, evitaria essa ocorrência também", explica Andrade.


*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata