Amanda Quintiliano e Fabrício Salvino, especial para o EM - O suspeito de agredir um homem negro em situação de rua em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas Gerais, afirmou, nesta quinta-feira (21/11), que estava sob efeito de álcool e drogas no momento em que gravou o vídeo. Uma coletiva de imprensa foi realizada no início da noite de hoje, em Divinópolis para detalhar o caso.
O homem prestou depoimento na delegacia de Pará de Minas, na mesma região. A Polícia Civil solicitou a prisão preventiva dele.
Embora o vídeo tenha ganhado repercussão justamente nesta quarta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, ele foi gravado dias antes. A data exata ainda não foi confirmada pela Polícia Civil, mas acredita-se que a gravação tenha ocorrido após o dia 10 de novembro.
Nas imagens, o agressor, identificado como morador de Pará de Minas, oferece R$ 10 ao homem em situação de rua, conhecido como "Djalma", e o agride com um cinto.
Alegações e histórico criminal
Após ser localizado em Nova Serrana, também no Centro-Oeste de Minas, o suspeito foi intimado a depor e optou por fazê-lo na cidade onde reside.
“Ele alegou que estava sob efeito de álcool e crack e que agiu de forma impensada. Porém, durante a investigação, foram identificados outros vídeos dele com falas de cunho racista. Não é a primeira vez que ele divulga conteúdos desse tipo”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Leonardo Pio.
O homem possui histórico criminal por furto e violência doméstica contra a ex-companheira. Ele é investigado pelos crimes de injúria racial e tortura, cuja pena pode ultrapassar 15 anos, de acordo com o delegado.
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Assistência à vítima
A vítima, que vive em situação de rua e enfrenta problemas de saúde mental e dependência química, será ouvida nos próximos dias. Atualmente, está sob os cuidados do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) do município e será encaminhada para acompanhamento pela assistência social.
“A vítima vive em extrema vulnerabilidade. Nada justifica o ato covarde e cruel que foi praticado contra ela”, ressaltou o delegado.
Agressão registrada em vídeo
No vídeo, o agressor exibe a nota de R$ 10 e, em tom político, afirma: “Enquanto tiver Bolsonaro e Lula, será desta forma.” Ele então questiona: “Quer usar droga? Não quer trabalhar, não?” Ao mesmo tempo, retira o cinto da cintura, perguntando se a vítima aceitaria o dinheiro em troca da “chicoteada”.
Tentando minimizar o ato, ele declara: “Isso aqui não é escravidão, não é pela cor dele, não. Para Deus, todo mundo é preto, branco, cor de rosa. Isso é para mostrar a safadeza, o que o vício gera.”
O agressor conclui criticando o governo: “Ao invés do Lula investir nas pessoas que estão doentes, igual esse cara...”
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“Extrema vulnerabilidade”
O chefe do 7º Departamento de Polícia Civil Flávio Destro Flávio Destro disse que as investigações vão seguir afim de responsabilizar o agressor.
“Essa gravação que chegou ao nosso conhecimento revela uma maldade muito grande por parte do autor. Houve uma violência física e psíquica gratuita contra uma pessoa em situação de extrema vulnerabilidade, quando deveria ser o contrário. O poder público precisa acolher uma pessoa como essa vítima, conduzi-la a um abrigo, a uma casa de recuperação para dependentes químicos. E nós, enquanto sociedade, devemos estender a mão e auxiliar”, declarou Flávio Destro.