Com a faca e o queijo na mão...e cheios de confiança para chegar a Belo Horizonte na comemoração de um título inédito no país. De olho no reconhecimento dos “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – decisão que poderá ocorrer no próximo dia 4, em Assunção, no Paraguai – autoridades e produtores de Ipanema, na Região Leste de Minas, vão trazer um “convidado” muito especial na bagagem: um queijo de 1,80m de diâmetro, 1,20 de altura e pesando duas toneladas. “É uma ‘bitela’ mesmo”, informa, com bom humor, a secretária Municipal de Comércio, Indústria e Turismo, Ana Carolina Alencar.
O queijão chegará a BH de todo jeito, em caso de sucesso ou de frustração quanto ao resultado da 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. “Mas nem trabalhamos com a hipótese de não dar certo”, afirma Ana Carolina.
O produto, que começará a ser feito na quinta-feira (5/12) pelo Laticínio Dois Irmãos, de Ipanema, estará na capital no dia 15 pela manhã, para ser degustado pela população a partir das 7h. O local será o pátio do Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH.
Nessa quarta-feira (27/11), o prefeito de Ipanema, Júlio Fontoura, esteve no Palácio da Liberdade para um encontro com o secretário de Estado da Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveira, onde foram anunciadas as ações, na capital e no interior para uma eventual celebração do título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade – inédito, no país, na modalidade cultura alimentar.
Na oportunidade, foi anunciado que trará “o maior queijo Minas do mundo”. Na verdade, ele será menor do que o campeão, com 2,8 toneladas e demandando 30 mil litros de leite, apresentado na tradicional Festa do Queijo, em Ipanema, no ano passado. “Ele foi certificado pelo Ranking Brasil”, conta Ana Carolina.
“Maiores do mundo”
Com 22 mil habitantes e esteio econômico na pecuária, Ipanema realiza, desde 2010, a Festa do Queijo, ocasião em que são apresentados produtos em toda sua grandeza. “Temos aqui o maior queijo Minas do mundo, o maior doce de leite do mundo e a maior queimadinha do mundo, servida em um bule gigante”, orgulha-se a secretária municipal.
O doce de leite pesou 1,2 tonelada e queimadinha rendeu 1,5 mil litros. “Para produzir o queijo são necessários nove dias de maturação. Por isso, o de BH, encomendado pelo governo de Minas, começa a ser produzido no dia 5 (de dezembro)”.
Outra novidade na cidade do Leste mineiro é o “maior pão de queijo do mundo”, que, na edição da Festa do Queijo, em junho, pesou 4 quilos. Um dos melhores momentos da festa, iniciada pelo prefeito Júlio Fontoura (já em seu quarto mandato) está no momento de pegar a faca e partir o queijo, oferecendo aos moradores. “Na última festa, foram servidas entre 7 mil e 8 mil pessoas”, observa Ana Carolina.
Reconhecimento
À frente da empreitada para obter o reconhecimento para os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”, pela Unesco, está o governo de Minas, via Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). Segundo o titular da Secult, secretário Leônidas Oliveira, as atividades integram um esforço coordenado para valorizar o Queijo Minas Artesanal e sua importância como símbolo da mineiridade, além de consolidar a relevância global dos territórios mineiros e suas tradições.
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Na quarta-feira, o secretário ressaltou que, pela primeira vez no país, haverá o reconhecimento da Unesco para um patrimônio imaterial da cultura alimentar: “O queijo, portanto, estará no mesmo patamar da baguete (pão) da França e do ceviche (prato típico), do Peru. Na América Latina, o produto será o terceiro a ter essa chancela".