Os alunos foram em excursão a Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, e voltavam para o município de Pirapora -  (crédito: Ramon Lisboa/EM/DA. Press)

Os alunos foram em excursão a Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, e voltavam para o município de Pirapora

crédito: Ramon Lisboa/EM/DA. Press

"Foi tudo muito rápido." A frase resume o relato de quem presenciou o acidente ocorrido na tarde desta sexta-feira (29/11), no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Um ônibus perdeu os freios e arrastou vários veículos, deixando quatro pessoas feridas. Tanto o condutor do coletivo quanto os motoristas dos carros atingidos expressaram alívio por enfrentarem apenas danos materiais.

 

O acidente aconteceu pouco antes das 17h, no sentido Vitória, próximo ao viaduto do Betânia. O ônibus, de dois andares, estava ocupado por estudantes do ensino médio que voltavam de uma excursão em Ouro Preto, na Região Central de Minas, a cerca de 100 km da capital mineira. A viagem seguiria por mais 344 km até Pirapora, na Região Norte de Minas – cidade de origem dos adolescentes. No total, o ônibus transportava 49 ocupantes, incluindo o motorista e os professores.

 

A viagem de retorno foi interrompida após o ônibus perder os freios numa descida e provocar uma série de colisões com outros veículos. No intervalo de poucos segundos em que tudo aconteceu, o motorista do ônibus, Jonathan Ferreira de Jesus, sentiu uma mistura de medo e tensão, conforme relatou à reportagem.

 


Um vídeo gravado pelo motorista de um veículo de passeio, que estava logo atrás, registrou todo o acidente. As imagens mostram Jonathan buzinando e mudando de faixa, mas, diante das fileiras de carros em marcha lenta devido à lentidão do tráfego, a batida foi inevitável. "Eu tirei para o lado, onde tinha menos carro. Mas, quando chegou o momento em que aqui estava muito fechado, aí não teve como", conta.

 

 


Além de tentar desviar, Jonathan relata que buzinou e piscou o farol, numa tentativa de alertar os carros à frente. Segundo ele, o ônibus não apresentou qualquer problema nos freios durante a viagem e que, antes de iniciar a descida, engrenou o ônibus na quarta marcha, que é mais forte e ajuda a segurar caso o freio apresente problemas.

 

"Às vezes você é julgado, falam 'ah, por que não freou?'. Infelizmente, um carro grande, quando perde o freio, não tem o que fazer. Se for fora de uma rodovia, em algum lugar que não tenha movimento, você consegue fazer alguma coisa. Só que aqui é uma descida, íngreme do jeito que é, cheia de carros, infelizmente veio a acontecer mesmo", detalha.


Envolvidos


Segundo o subtenente da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) Guilherme Almeida, a batida do ônibus causou danos em 15 carros, sendo que uma carreta também foi envolvida. A conta inclui tanto veículos arrastados diretamente pelo ônibus quanto carros que foram atingidos por outros veículos arrastados.

 

Ainda segundo o subtenente, o ônibus transportava 49 pessoas, entre alunos, professores e o motorista. Esse dado corrige a informação inicial do Corpo de Bombeiros, que havia estimado cerca de 20 vítimas. De acordo com os militares, quatro pessoas ficaram levemente feridas, sendo atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Duas foram liberadas, enquanto as outras duas foram encaminhadas ao Hospital João XXIII, no Centro.


O engenheiro mecânico Luiz Sérgio, de 37 anos, estava, junto à esposa e a um amigo, no primeiro carro atingido pelo ônibus. O veículo sofreu uma batida lateral, girou na pista e bateu na mureta do lado direito da rodovia. No momento em que tudo aconteceu, o trio não percebeu o que os havia atingido. Apenas depois de saírem do veículo, e notarem que estavam ilesos, é que ouviram outras pessoas falarem que um ônibus bateu em vários carros, incluindo o deles.

 

"Eu tinha acabado de comentar sobre os acidentes no Anel. Tinha acabado de comentar da área de escape. Falei 'nossa, isso é um negócio que funciona mesmo'", conta Luiz Sérgio, que conduzia o carro.

 

Quem também teve um grande susto, acompanhado de alguns arranhões, foi o lojista Nilton César, de 55 anos. Ele veio para Belo Horizonte, junto da esposa, para acompanhar, à distância, a partida do Atlético neste sábado pela final da Copa Libertadores. O carro do casal, comprado há menos de seis meses, tombou ao ser atingido pelo ônibus e ficou com as rodas suspensas. O lojista conta que estava atento ao trânsito retido à frente quando notou uma movimentação atrás do seu carro.

 

“Eu imaginei que era alguma batida atrás de mim, mas veio aumentando, aumentando, e, quando olhei no retrovisor, um carro atrás de mim estava sendo arrastado pelo ônibus. Eu joguei o carro na mureta, aí o ônibus passou, bateu na pontinha e eu tombei”, relata.

 

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Transtorno


Nas primeiras horas da noite, a Polícia Civil esteve no local do acidente para realizar a perícia. As três pistas do Anel Rodoviário ficaram interditadas, com o trânsito desviado para a via marginal. Poucos minutos após a batida, a lentidão chegou até o entroncamento com a BR-356, no Bairro Olhos D’Água.