Deflagrada na manhã desta quarta-feira (6/11), conjuntamente pela Polícia Civil, Polícia Federal, Gaeco e Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), a Operação Hagnos foi deflagrada em todo o país para combater a violência contra crianças e adolescentes.


Dos 15 mandados de prisão e busca e apreensão, oito já foram cumpridos. Um deles culminou com a prisão de um homem, de sobrenome Trigueiro, primo de um dos bandidos mais famosos de Minas Gerais, Marcos Trigueiro, que ficou conhecido como “O Maníaco de Contagem”. Ele estuprou e assassinou cinco mulheres entre 17 de abril de 2009 e 26 de fevereiro de 2010 em Belo Horizonte e Contagem.




 

O caso foi apurado pela equipe do delegado Diego Lopes, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, que se mostrou surpreso com a revelação do homem. “De cara o sobrenome chamou a nossa atenção, pela coincidência. E não é que, ao prendê-lo, as suspeitas sobre o parentesco não se confirmaram?”.


Trigueiro, de 36 anos, agrediu a filha, de 16, e o namorado dela, assim como qualquer que a acompanhasse, segundo explica o delegado. “Imagine, que uma vez, Trigueiro, que é o pai, chegou a jogar o carro contra ela e seu acompanhante”.


 

Havia, segundo o delegado, uma medida protetiva contra ele, em favor da filha, que mora com a mãe, mas que era, constantemente, descumprida pelo pai.


Ele foi preso na Vila Chaves, no Conjunto Califórnia. Trigueiro é ligado ao tráfico de drogas e tem outras passagens pela polícia. À polícia, ele disse que o que fazia, era para educar a filha.


 

Outros dois casos estão a cargo do mesmo delegado. Em um deles foi cumprido mandado de prisão contra um homem de 40 anos, condenado a 10 anos de prisão por ter abusado de uma vizinha, de apenas 11 anos.


O fato ocorreu em 2013. Na época, o crime foi descoberto por meio de uma carta escrita pela vítima. “Ela escreveu uma carta como se fosse um diário, que foi encontrada pela irmã mais velha, que fez a denúncia e resultou na prisão, na época, do abusador sexual”, diz o delegado Diego.


 

Ela conta também que, para atrair a menor, o homem dava presentes à menina, que assim, acabou se tornando vítima de abusos sexuais.


A terceira prisão feita foi de um homem de 36 anos na Região Nordeste de Belo Horizonte. Ele é acusado de agredir a filha, que hoje tem 16 anos, desde os 11.


“Ele cometeu quatro tipos de violência. Foram física, moral, violenta e ainda crime de perseguição”, explica o delegado Diego.



Mãe omissa

A delegada chefe da Divisão Especializada de Orientação à Criança e Adolescente, Renata Ribeiro Fagundes, apurou outros três casos e chama a atenção para a omissão de socorro de uma mãe a uma filha que estava sendo abusada pelo padrasto.


Essa mulher, de 46 anos, segundo a delegada, foi presa no Barreiro. “A menina havia contado para a mãe o que acontecia e esta não tomou uma providência sequer. Não denunciou, não procurou a delegacia”, afirmou Renata.


A vítima era uma menina de 10 anos. O fato ocorreu em 2021. Segundo a delegada Renata, a mãe está sendo indiciada por omissão.


“A mãe foi a uma delegacia para denunciar uma agressão sofrida por esse homem. A menina estava junto dela e contou a uma detetive sobre o abuso, o que aguçou o interesse policial”, conta a delegada.


O segundo caso apurado por ela é o de um avô, de 52 anos, que abusava da neta, de apenas 8 anos. A prisão ocorreu, também, no Barreiro. O crime ocorreu em 2019.


O terceiro caso é de um homem que abusava da filha de uma vizinha. Ele tinha acesso à casa depois que fez amizade com a família. “Uma vez a menina desapareceu. Ficou sumida por 24 horas. Quando reapareceu, contou para a mãe o que tinha ocorrido e esta decidiu procurar a Polícia Civil”, conta a delegada Renata.


Polícia Federal

A Polícia Federal, segundo o delegado Fabrício Braga, cumpriu dois mandados de prisão e busca e apreensão, que resultaram na prisão, em flagrante, de um homem e na apreensão de outro, que não permanecerá preso, por ainda não ter as provas confirmadas.


A prisão em flagrante ocorreu em Belo Horizonte. O homem é acusado de exploração sexual infantil, através da internet. “Ele capta arquivos do exterior e os compartilha”, conta o delegado Fabrício. “Este é um delito danoso à sociedade e, em especial, à família”.


O segundo homem cujo mandado foi cumprido ainda depende de uma perícia no computador e celular. Mas ele se encontra detido na Polícia Federal.


Operação nacional

O assessor Flavio Xavier, da Superintendência de Integração e Planejamento Operacional da Sejusp, explica que a operação acontecerá durante todo o mês de novembro. “Temos duas datas especiais nesse mês: dia 19, que é o Dia de Combate à Violência Sexual Contra a Criança, e 20, Dia Internacional da Criança. Por isso, novembro foi escolhido para essa operação que acontece nacionalmente, em todo o Brasil".

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