A Escola de Medicina Veterinária da UFMG está divulgando a campanha Bolsa de Sangue para incentivar a doação para o banco de animais. O Banco de Sangue da Escola está atendendo cães e gatos e busca doadores para garantir um fluxo de abastecimento contínuo.
Segundo Rubens Antônio Carneiro, coordenador do Banco de Sangue Veterinário da UFMG, o banco de sangue existe desde 2023 e tem capacidade para até 50 bolsas de sangue, 50 de plasma e 100 de concentrado de plaquetas, mas no momento os estoques estão quase vazios: “O concentrado de hemácias tem duas bolsas, 10 bolsas de plasma e concentrado de plaquetas nenhuma”. Apesar de não ser possível dizer com quantas coletas são realizadas por ano, ele estima que sejam aproximadamente 20 a 30 coletas por mês: “Pode variar muito, dependendo das necessidades”.
A jornalista Bruna Buzette, de 30 anos, é tutora do Jack, um gato de 5 anos que contraiu uma bactéria no período em que vivia nas ruas. Segundo Bruna, a imunidade do bichano acaba ficando baixa com a bactéria, o que permite que o microrganismo se aflore em determinados momentos.
O gato de Bruna acabou sendo internado no início de novembro deste ano. “Ele ficou muito pior que das outras vezes, não comeu nada, e precisou de uma transfusão de sangue de urgência mesmo” explicou. Bruna contou que a princípio o animal precisaria de duas bolsas de sangue, mas reagiu bem a primeira bolsa, ao ponto da segunda ter sido dispensado, mesmo assim a jornalista contou que ficou espantada : “Eu fiquei chocada com a falta de doador, e além disso, como é caro cada bolsa, paguei 900 reais em apenas uma”.
A escola reforçou que o procedimento de doação é totalmente seguro e, ao final, o doador ainda ganha um benefício, o pet recebe uma consulta completa com exames de check-up, que incluem hemograma, leucograma, plaquetograma e testes rápidos. Para a segurança do pet, existem alguns requisitos para doar: a idade do animal deve ser de um a oito anos, os animais tem que estar em perfeita saúde, o peso mínimo é de 25 kg para cães e 4,5 kg para gatos.
Estes animais, segundo o coordenador do projeto, serão submetidos a uma consulta e realizados vários exames para confirmar sua saúde. Além disso, o atendimento é sempre com hora marcada. “Preferencialmente, os animais devem ser dóceis, raramente precisam de sedação. São muito cooperativos. No caso de gatos, os cuidados basicamente são os mesmos, mas eles precisam ser sedados com mais frequência. A coleta de sangue para as duas espécies é muito tranquila, não oferecendo riscos a sua saúde”, explicou Rubens
A advogada Christiane Gieseke Kfuri é tutora da Esperança, uma golden retriever de 3 anos, que doa sangue de três em três meses para a escola, há mais de um ano. “Desde que nós adquirimos a Esperança na pandemia, sempre pensamos como ela poderia ajudar. Daí eu entrei em contato com um banco de sangue particular, mas não me deram retorno. Eu não desisti e procurei a Escola de Veterinária da UFMG, onde fui super bem acolhida ", declarou.
A advogada reforçou que Esperança lida super bem com o procedimento na clínica: “Ela nunca precisou ser sedada ou contida, simplesmente fica lá deitadinha, imóvel, até dorme. Parece que ela sabe que está ajudando os amigos”. Já Bruna, que teve que lidar com o problema da escassez de perto com seu gato Jack, acredita que o zelo dos donos pelos animais acaba impede que os bichos sejam submetidos ao procedimento: “Acho que pode ser também por falta de informação. Os bichinhos sofrem muito por qualquer coisa, e isso pode inibir a doação. Podem achar que o procedimento vai prejudicar os animais”.
Já Rubens Carneiro acredita que o que leva à escassez de pets doadores é a desinformação a respeito da importância de um banco de sangue para estes animais: “Um banco de sangue abastecido salva vidas. Muitos tutores só darão a devida atenção quando seus pets precisam de transfusão de algum hemocomponente com urgência e tomam conhecimento da dificuldade de encontrar sangue compatível com rapidez”.
Outro problema destacado pelo coordenador é a questão logística, para donos de animais de grande porte: “Acredito que levar um cão grande é mais trabalhoso, colocar no carro e mantê-lo quieto. Mas para isso temos a possibilidade de buscar o animal ou coleta em domicílio tambem”. Mas a dona da cadela Esperança, reforçou que para ela, isso não é um problema. “ Pra mim é super tranquilo, Ela vai na frente, com cinto de segurança canino. Eu saio de Lagoa Santa e gasto de 30 a 40 minutos”, contou a advogada
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A escola reforça que a doação de sangue é fundamental para a manutenção dos estoques do banco de sangue, que auxilia no tratamento de animais que passarão por cirurgias complexas ou que sofrem de problemas como anemias profundas e hemorragias. “Um animal doador pode ajudar a salvar até quatro animais. Nunca se sabe quando o sangue será necessário”, finalizou o coordenador do projeto.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos