O rompimento da barragem do lago do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, na região Norte de Belo Horizonte, colaborou para alagar as avenidas Dr. Álvaro Camargos e Vilarinho, mesmo com ambas sob o alívio de três bacias de retenção teoricamente aptas a conter a chuva que caiu nesta quarta-feira (13/11).
É o que mostram os esquemas sanitários da Diretoria de Gestão de Águas Urbanas (DGAU) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o mapeamento hidrográfico do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
O lago do parque municipal, inaugurado em 1994, ocupa 22 mil metros quadrados dos 311 mil m² da unidade e é formado por duas nascentes em terrenos vizinhos e também preservadas, sendo que uma delas brota dentro do Clube Quinze Veranistas e o outro dentro do próprio parque, entre as ruas Dr Mário Magalhães, Rua Dominica e Rua General Ephigênio Ruas Santos.
O barramento regulava as águas que só ingressavam em canalização subterrânea sob a Avenida Dom Pedro I, depois de 336 metros do dique que se rompeu.
Essa galeria subterrânea chega até o Córrego do Nado propriamente dito, que desce também sob a superfície pelo traçado sanitário da Avenida Dr Álvaro Camargos, na altura do Bairro Santa Branca, na mesma região.
O incremento da água do reservatório pode ter contribuído com o alagamento da Avenida Dr Álvaro Camargos e que desemboca 1,5 quilômetro depois no Córrego Vilarinho, já sob a avenida de mesmo nome dentro da bacia de Detenção Vilarinho, próxima ao Metrô e ao viaduto da Avenida Dom Pedro I, também contribuindo para alagamentos e enxurradas.
A bacia da Avenida Vilarinho tem capacidade para 10 mil metros cúbicos (m³). O Córrego do Nado também é regulado por duas bacias de detenção chamadas Varzea da Palma I e Varzea da Palma 2, nos bairros Universo, Vila Copacabana e Monte Carmelo, sendo capazes de armazenar 40 mil³ e 60 mil m³, respectivamente.
A nascente principal do Córrego do Nado corre do Bairro Jardim Atlântico, na Pampulha, Rua Augusto Clementino, e avenidas Francisca Gregory e Desembargador Felippe Immesi até chegar à Avenida Dr Álvaro Camargos.
O rompimento ocorreu 10 anos depois de outra tragédia a metros dali, quando o Viaduto Batalha dos Guararapes desabou em 3 de julho de 2014, enquanto ainda estava em construção. A estrutura, que fazia parte do projeto de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014, ruiu sobre a Avenida Pedro I, uma importante via da cidade.
O acidente resultou na morte de duas pessoas e deixou outras 22 feridas. Um ônibus e vários carros foram atingidos pelos escombros.
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As causas do desabamento ainda são objeto de investigação, mas falhas estruturais e erros de execução da obra são apontados como as principais hipóteses. Um inquérito civil foi instaurado para apurar as responsabilidades pelo acidente.