Seiscentos e treze animais foram resgatados do Parque Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, até esta sexta-feira (15/11). A operação foi necessária depois que a barragem da lagoa se rompeu na tarde de quarta-feira (13/11), durante temporal que atingiu o local. Entre os animais estão 459 peixes de diferentes espécies e 154 cágados e tartarugas.


 

De acordo com a administração municipal, os peixes foram levados para um lago no Parque Ecológico da Pampulha, e os répteis, para estruturas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), na capital. Equipes da Fundação de Parques, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Guarda Municipal ainda estão no local para a retirada da fauna prejudicada pelo rompimento do dique. 




 

Em coletiva de imprensa na quarta-feira, logo após a ocorrência, o presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Gilson Leite, explicou que o espaço está isolado. O barramento rompido virou um barranco de terra e rochas vermelhas, sustentando uma parte da estradinha de pedras e calçamento,  e grama, do que sobrou do maciço que veio abaixo e ficou dependurada, assim como pedaços de vegetação, raízes de árvores e cabeamento elétrico dos postes de iluminação.


O lago de 22 mil m² tinha 63 milhões de litros, pouco mais de 25 piscinas olímpicas. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver que a força da água criou um buraco em uma das passagens ao lado da lagoa do parque. O rompimento criou uma queda d’água em direção à Avenida Pedro I, que fica a 336 metros de distância da estrutura. Mesmo assim, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o fluxo de água não chegou a atingir a via.

 

 

Nessa quinta-feira (14/11), uma equipe do núcleo de emergência ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) trabalhou na área do rompimento do lago para prevenir novas rupturas, carreamento de detritos para a bacia hidrográfica e apurar as causas do desastre.


A equipe com analistas ambientais está inicialmente fazendo um levantamento das áreas atingidas. Também está sendo apurado se há possibilidade de mais danos ocorrerem. Uma das possibilidades é de o remanescente do maciço - a parte que sustenta a barragem - ser carreado pela água dos córregos que correm no fundo do leito da antiga barragem. Eles investigam também se algum dique que fica antes da área de represamento rompida também tem risco de ruptura.


 

“Foi notado que, um pouco acima da lagoa, há um acumulado de solo e água, o que é normal, e também no fundo da lagoa ocorre essa deposição natural de resíduos sólidos que são depositados ao longo do tempo com as chuvas e enxurradas. Os analistas estão verificando se esse material também tem potencial de ser carreado para as galerias e a bacia”, afirma o assessor do núcleo de emergência ambiental da Semad, José Alves Pires.


Avaliação técnica 


Conforme noticiado pelo Estado de Minas, indicações de fragilidades da estrutura da Lagoa do nado já haviam sido constatadas em laudos de empresas contratadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em 2019. No entanto, nenhuma adequação chegou a sair do papel.


 

Um parecer jurídico do Departamento de Licitações da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), assinado pela chefe do departamento, Kely Cristina Santos Venier, indica o conhecimento da situação de segurança da estrutura. O documento foi anexado em um extrato de licitação para reparos da barragem, em 2023. 


"Em agosto de 2019, a (empresa) Engesolo elaborou um 'Diagnóstico Preliminar das Condições de Estabilidade da Barragem da Lagoa do Nado', o qual identificou a necessidade de adequações no barramento para melhoria nos fatores de segurança quanto à estabilidade frente às normas técnicas vigentes atualmente, propondo, inclusive, sua substituição por novo barramento de terra a jusante (abaixo, no sentido em que o manancial barrado corre)", aponta o documento da PBH.


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A denúncia de que o Executivo municipal sabia dessa situação foi feita pelo vereador de oposição Braulio Lara (Novo), que reuniu quatro documentos da própria prefeitura indicando que a barragem precisava de adequações ou substituição por fatores de segurança. A reportagem procurou a PBH e aguarda uma resposta.

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