O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) emitiu uma nota de repúdio em relação às circunstâncias que teriam levado à morte de Thainara Vitória Francisco Santos, de 18 anos, dentro de uma viatura da Polícia Militar de Minas Gerais, na última quinta-feira (14/11). O caso aconteceu em Governador Valadares, na Região do Vale do Rio Doce. A jovem estava grávida de quatro meses. Os policiais envolvidos foram afastados e serão ouvidos.


Nesta segunda-feira (18/11), a pasta manifestou pesar e expressou solidariedade à família da vítima. Conforme nota, o Governo Federal, a fim de cobrar uma apuração rigorosa e transparente dos fatos informou que vai oficiar a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública solicitando celeridade e imparcialidade na investigação, “de modo a garantir a devida responsabilização dos envolvidos no caso”.




 

O ofício também será enviado à Delegacia Geral da Polícia Civil, ao Comando Geral da Polícia Militar, à Corregedoria da Polícia Militar e a Ouvidoria das Polícias de Minas Gerais. “Cabe reiterar que o papel das forças de segurança é atuar estritamente em conformidade com protocolos que assegurem o respeito aos direitos humanos, como estabelece a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Estado deve ser um instrumento de proteção e segurança para todos, garantindo a dignidade e a vida como princípios fundamentais de uma sociedade justa”, aponta a nota. 


 

Thainara foi presa por supostamente agredir policiais ao tentar proteger o irmão, que seria autista, durante uma abordagem em casa. Uma gravação, feita por vizinhos da família, registrou os últimos instantes da jovem com vida. Do lado de fora do apartamento, populares alertam para os policiais que "o menino é doente da cabeça" e que ele "não é envolvido [com o crime]". 


Mesmo assim, os agentes seguem usando a força para imobilizar os irmãos. "É só ele parar de resistir", diz um dos oficiais.  Nas imagens,  é possível ver que ao menos oito policiais participam da ação. Tanto a jovem quanto o irmão teriam supostamente agredido os oficiais, que decidiram, então, imobilizá-los. 


A jovem foi detida, mas, por ter se sentido mal, foi levada, de viatura, a um hospital. Ao chegar à porta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vila Isa, a menos de dez minutos da casa, os policiais a encontraram inconsciente e chamaram um médico, que constatou o óbito ainda no local.


Agressões

A mãe de Thainara, Juciléia dos Santos da Cruz, de 46 anos, afirma que ela e o irmão dela foram agredidos covardemente pelos policiais. Ela disse ainda que o filho, que é do espectro autista, atacou um militar, foi agredido e a irmã tentou defendê-lo.


De acordo com a mãe de Thainara, quando os militares chegaram a trataram com muita educação. "Queriam conversar com o rapaz (suspeito de homicídio). Fizeram a abordagem deles. Meu menino (irmão de Thainara) estava sentado no sofá. Pediram para ele sair. Não sei o que arrumaram com meu menino. Ele tem TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Ele é muito nervoso. Não sei se falaram alguma coisa com ele. Aí, ele pegou e avançou no policial. Aí, juntaram quatro policiais para bater nele. Dando chutes nele. Dando bicudas nele e na minha filha", conta a mulher.


Ela conta que passou mal durante a briga e foi a última vez que viu a filha com vida e que só soube da gravidez de quatro meses quando foi ao Instituto Médico-Legal (IML) para fazer a liberação do corpo. "(Os policiais) Puxaram ela (Thainara) pelo pescoço e começaram a dar socos e chutes nela. No meu menino também. Juntaram quatro policiais. Eu passei mal e uma vizinha me levou para fora do prédio. Jogaram ela (Thainara) dentro do carro de polícia e levaram ela para o hospital, mas ela já chegou morta", disse Juciléia.


O que diz a PM 

Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), os oficiais que aparecem nas imagens estavam em uma diligência para prender o suspeito de ter cometido um homicídio na tarde do mesmo dia e que, segundo informações, estava no Residencial Ibituruna II, no Bairro Vila dos Montes.

 

"Ao chegarem ao local, os militares tentaram realizar a condução do suspeito, mas foram atacados e agredidos por pessoas conhecidas dele, sendo necessário repelir as injustas agressões", explica a corporação.

 

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou, em nota, que instaurou inquérito para apurar o ocorrido e aguarda a conclusão do laudo pericial para atestar as circunstâncias e a causa da morte da mulher. "Com o avanço dos procedimentos, outras informações poderão ser divulgadas", finaliza o comunicado.


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O ocorrido também segue sob apuração interna da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). "As investigações estão sendo conduzidas de forma rigorosa para assegurar que todos os detalhes sejam esclarecidos, pois o compromisso da instituição é com a transparência e a verdade", informa a corporação.

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